Um humanista “além-fronteiras”: um estudo sobre Damião de Góis
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n20p997Palavras-chave:
Damião Erasmo, Humanismo, Tolerância, RespublicaResumo
Desejamos, neste artigo, realizar um exercício de interpretação de um pequeno conjunto de textos do humanista português – Damião de Góis (1504-1572) – tendo em vista a trajetória política do Reino de Portugal no século XVI. Processado pelo Tribunal da Inquisição, Góis pareceu ter deixado registrado, em seus textos e no processo, algumas perspectivas e visões de mundo que dialogam com Erasmo de Roterdã e com um Humanismo do Norte. Por sua vez, sua trajetória de vida e algumas anotações feitas pelos inquisidores no processo podem permitir lançar algumas hipóteses sobre como a ortodoxia católica rompeu com o Humanismo ao longo do XVI. Um cristianismo interno e tolerante – mais ligado à Devotio Moderna – foi transformado em luteranismo e, depois, perseguido.Downloads
Referências
BACON, Francis. O progresso do conhecimento (1605). São Paulo: Unesp, 2007.
BARROS, João. Ropica pnefma. Lisboa: Centro de Estudos de Psicologia e de História da Filosofia, 1532.
BARROS, João de. Panegíricos. Lisboa: Spa da Costa Editora, 1943.
BATAILLON, Marcel. Iluminismo y erasmismo el enchiridion. In: BATAILLON, Marcel. Erasmo y España. México: Fondo de Cultura Económica, 2013. p. 166-225.
BUESCU, Ana Isabel. Imagens do príncipe: discurso normativo e representação (1525-49). Lisboa: Cosmos, 1996a.
BUESCU, Ana Isabel. João de Barros: humanismo, mercancia e celebração imperial. Oceano, Lisboa, n. 27, p. 11-24, jul./set. 1996b.
CANTIMORI, Delio. Humanismo y religiones en el renacimiento. Barcelona: Península, 1984.
CATROGA, Fernando. Ensaio respublicano. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011. (Ensaios da Fundação).
COSTA, Ramalho A. A introdução do humanismo em Portugal. Humanitas, Lisboa, v. 23, p. 23- 46, 1972.
DELUMEAU, Jean. Nascimento e Afirmação da Reforma. São Paulo: Editora Pioneira, 1989.
ERASMO DE ROTERDÃ. A educação de um príncipe cristão (1516) In: CONSELHOS aos governantes. Brasília: Senado Federal, 1998. (Coleção Clássicos da Política).
ERASMO DE ROTERDÃ. Educación del príncipe Cristiano. Madrid: Tecnos, 2012.
ERASMO DE ROTERDÃ. Livre-arbítrio e salvação. São Paulo: Reflexão, 2014.
ERASMO DE ROTERDÃ. O papa expulso do céu. Rio de Janeiro: Livraria H Antunes, 1938.
FUETER, Eduard. Histoire de historiographie moderne. Paris: Felix Alcan, 1914.
GARIN, Eugénio. Idade média e renascimento. Lisboa: Estampa, 1994.
GAY, Peter. O estilo na história: Gibbon, Ranke, Macaulay, Burckhardt (1974). São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
GINZBURG, Carlo. A micro-história e outros ensaios. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
GÓIS, Damião. A fé, a religião e os costumes da Etiópia (1540) e Lapônia. In: GÓIS, Damião. Opúsculos históricos. Porto: Livraria Civilização, 1945.
GÓIS, Damião. Chronica do sereníssimo senhor rei Dom Emanuel: partes I e II. Lisboa: Casa de Francisco Correa, 1566. Disponível em: http://purl.pt/14704/3/#/10. Acesso em: 16 jun. 2015.
GÓIS, Damião. Chronica do sereníssimo senhor rei Dom Emanuel: partes III e IV. Coimbra: Real Officina da Universidade, 1790. Disponível em: https://play.google.com/books/reader?printsec=frontcover&output=reader&id=qGtMAAAAcAAJ&pg=GBS.PP11. Acesso em: 16 jun. 2015.
GÓIS, Damião. Correspondência latina. São Paulo: Annablume; Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011.
GÓIS, Damião. Crônica do príncipe D. João. Lisboa: Offinica da Musica, 1724. Disponível em: http://purl.pt/286. Acesso em: 31 maio 2015.
GÓIS, Damião. Ecclesiastes de salaman (1538). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. GRANADA, Miguel Angel. Estudio preliminar. In: ERASMO DE ROTTERDAM. Escritos de crítica religiosa y política. Madrid: Tecnos, 2008. p. xvii.
GUIJARO, Pedro Jiménez. Estudio preliminar. In: ERASMO DE ROTTERDAM. Educación del príncipe Cristiano. Madrid: Tecnos, 2012.
HENRIQUES, Guilherme J. C. Inéditos Goesianos: O Processo na Inquisição, documentos avulsos, notas. Lisboa: Typ. Da Viúva de Vicente da Silva, 1898. v.2.
HIRSCH, Elizabeth F. Damião de Góis. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987.
KOSELLECK, Reinhart. Historia magistra vitae: sobre a dissolução do topos da história moderna em movimento. In: KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado (1979): contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contratempo, 2006. p. 41-60.
MARCOCCI, Giuseppe; PAIVA, José Pedro. História da inquisição portuguesa (1536-1821). Lisboa: A Esfera dos Livros, 2013.
MENDES, Antônio Rosa. A vida cultural. In: MATTOSO, José (Dir.). História de Portugal: no alvorecer da modernidade. Lisboa: Estampa, 1997. p. 333-371.
MILTON, John. A tenência dos reis e magistrados (1649) e defesa do povo inglês (1651). In: MILTON, John. Escritos políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
NASCIMENTO, Sidnei Francisco de. Erasmo e Lutero: o livre-arbítrio da vontade humana: Revista Filos, [S. l.], v. 18, n. 23, p. 89-103, jul./dec. 2006.
OSÓRIO, Jorge Alves. O convivium religiosum de Erasmo, numa edição coimbrã dos colóquios. Humanitas, [S. l.], v. 25-26, 1974.
PAIVA, José Pedro. Católico sou e não luterano: o processo de Damião de Góis na inquisição (1571-1572). In: SERRÃO, José Vicente (Coord.). Damião de Góis: um humanista na Torre do Tombo. Lisboa: IAN/TT, 2002. p. 21-22.
PEREIRA, Belmiro Fernandes. Antigos e modernos: o humanismo norte-europeu nas retóricas peninsulares do séc. XVI. Península: Revista de Estudos Ibéricos, [S. l.], v. 5, p. 93-101, 2008.
POCOCK, J. G. A. The machivellian moment: florentine political thought and the atlantic republican tradition. Princeton: Princeton University Press, 1975.
POPKIN, Richard. La historia del escepticismo desde erasmo hasta spinoza. México: Fondo de Cultura Económica, 1983.
PROCESSO DE DAMIÃO DE GÓIS. Inquisição de Lisboa, processo nº17170, com o código de referência PT/TT/TSO-IL/028/17170. Conservado no Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do
Tombo (IAN/TT). Disponível em: http://digitarq.dgarq.gov.pt/ viewer?id=2317173. Acesso em: 15 jan. 2016.
SÁ JUNIOR, Luiz Cesar de. O humanismo português entre o latim e o astrolábio: notas sobre a Translatio Imperii e os Itinerários de Damião de Góis (1523-1567). Disponível em: www.ilb.ufop.br/IIIsimposio/06.pdf. Acesso em: 26 jan. 2016.
SKINNER, Quentin. As fundações do pensamento político moderno (1978). São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
SKINNER, Quentin. Maquiavel. São Paulo: Brasiliense, 1988.
SOARES, Nair de Nazaré C. Humanismo e pedagogia. Humanitas, [S. l.], v. 2, n. 47, p. 799-844, 1995.
TOIPA,Helena Costa. O ofício à Rainha Santa Isabel, de André de Resende. Máthesis. Viseu, n. 20, p. 55-75, 2011.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1994.
WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX (1973). São Paulo: Edusp, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A Revista Antíteses adota a Licença Creative Commons Attribution 4.0 International, portanto, os direitos autorais relativos aos artigos publicados são do(s) autor (es), que cedem à Revista Antíteses o direito de exclusividade de primeira publicação.
Sob essa licença é possível: Compartilhar - copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato. Adaptar - remixar, transformar, e criar a partir do material, atribuindo o devido crédito.
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/