Representações sociais: interseções entre o geográfico e o sagrado a partir da Guerra do Contestado
Palavras-chave:
Representações sociais, Guerra do Contestado, Sagrado, Territorialidade, identidade coletivaResumo
As representações sociais são construções coletivas que refletem como diferentes grupos interpretam a realidade e dão significado a ela. No contexto da Guerra do Contestado (1912-1916), um conflito camponês ocorrido na região sul do Brasil, essas representações emergiram de uma interseção complexa entre o sagrado e o geográfico. O movimento, envolvendo caboclos, pequenos agricultores e madeireiros, em oposição a grandes companhias ferroviárias e ao governo, foi profundamente marcado por um forte misticismo religioso. O monge José Maria, figura central do movimento, transmitia mensagens de justiça divina e redenção, que fortaleceram a fé e a coesão entre os caboclos, impulsionando sua resistência. Práticas rituais, como rezas, batizados e procissões, desempenharam papel essencial na consolidação da identidade coletiva, vinculando a espiritualidade ao território. Para esses grupos, a terra era mais do que um simples meio de subsistência; ela era parte intrínseca de sua identidade. Este estudo propõe investigar como esses elementos sagrados moldaram as representações sociais e a territorialidade durante o conflito, destacando as interações entre crenças religiosas e o espaço geográfico no Contestado. Ao explorar essa interseção, busca-se entender a influência do sagrado na formação das identidades territoriais e sociais durante o conflito.
Downloads
Referências
BAILLY, Antoine. Les représentations de la distance et de l’espace: mythes et constructions mentales. Revue d’économie régional et urbaine, 1990.
CLAVAL, Paul. Le theme de la religion dans les etudes geographiques. Université de Paris-IV. Géographie et cultures, n. 2, 1992.
DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. Perspectiva: São Paulo, 2020.
DURKHEIM, Emile. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Edições Paulinas, 1989.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FRAGA, Nilson Cesar. As carneiras da civilização caboclo-sertaneja no contestado: morrer e enterras antes e durante a guerra - uma primeira leitura sobre a cultura fúnebre, crematórios e valas comuns. Revista M. Rio de Janeiro, v8, n. 16, jul/dez 2023.
FRAGA, Nilson Cesar. Geografias de tempos de dominação e barbárie: os movimentos socioterritoriais e as escolhas geográficas que negligenciam a formação territorial do Brasil. In: A Dimensão política no espaço: conflitos e desigualdades territoriais na sociedade contemporânea. Organizadores: Flamarion Dutra Alves [et al.]. Alfenas, MG: Editora Universidade Federal de Alfenas, 2019, p. 84-114.
FRAGA, N. C. (org.). Contestado, redes no geográfico. Florianópolis, Ed. Insular, 2017.
FRAGA, N. C.; SILVEIRA, H. M. Paisagens desveladas e (re)criadas pelas artes: o território identitário do Contestado. Geographia Opportuno Tempore. UEL, v. 1, p. 554-571, 2014.
FRAGA, N. C. (org.). Contestado, o território silenciado. Florianópolis, Ed. Insular, 2009.
FRAGA, N. C. (org.). Guerra do Contestado, 100 anos do Contestado em Guerra. Florianópolis, Ed. Insular, 2012.
FRAGA, N. C. Contestado: A Grande Guerra Civil Brasileira. In: REZENDE, C. J.; TRICHES, I. Paraná, Espaço e Memória – diversos olhares histórico-geográficos. Curitiba: Ed. Bagozzi, 2005. p. 228-255.
FRAGA, N. C. Mudanças e Permanências na Rede Viária do Contestado: uma abordagem acerca da Formação Territorial no Sul do Brasil. Curitiba, PR: Universidade Federal do Paraná (Tese de Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento), 2006.
FRAGA, N. C. Território e silêncio. Contributos reflexivos entre o empírico e o teórico. In: FRAGA, N. C. (org.). Territórios e Fronteiras: (Re) Arranjos e Perspectivas. Florianópolis: Insular, 2011.
FRAGA, N. C. Vale da Morte: o Contestado visto e sentido. Entre a cruz de Santa Catarina e a espada do Paraná. Blumenau: Ed. Hemisfério Sul, 2010.
FRAGA, N. C. O território do Contestado (SC-PR) e as redes geográficas temporais (the contested territory and the temporal geographical networks). Mercator (Fortaleza. Online), v. 9, p. 37-45, 2010.
GIL FILHO, Sylvio Fausto. Espaço de representação e territorialidade do sagrado: notas para uma teoria do fato religioso. RA’EGA: o espaço geográfico em análise. Curitiba, Departamento de Geografia / UFPR v. 3, n. 3, 1999.
GIL FILHO, Sylvio Fausto. Por uma Geografia do Sagrado. In: MENDONÇA, F.; KOZEL, S. (Org.). Elementos de epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora UFPR, 2002.
GIL FILHO, Sylvio Fausto. Por uma Geografia do Sagrado. RA’ EGA: o espaço geográfico em análise. Curitiba, Departamento de Geografia / UFPR, v. 5, n. 5, 2001.
GUARESCHI, P.; JOVCHELOVITCH, S. (Orgs.) Textos em representações sociais. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
JODELET, Denise. As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001.
KOZEL, Salete. As representações no geográfico. In: MENDONÇA, Francisco; KOZEL, Salete. (Org.). Elementos de epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora UFPR, 2002.
MARCHI, Euclides. O sagrado e a religiosidade: vivências e mutualidades. História: questões e debates. v. 43, p. 33-53. Curitiba: UFPR, 2005.
MOSCOVICI, Serge. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2003.
OTTO, Rudolf. O sagrado. Lisboa: Edições 70, 1992.
SÁ, Celso Pereira de. Núcleo central das representações sociais. Petrópolis: Vozes, 1996.
SPINK, Mary Jane (org). O conhecimento no cotidiano. São Paulo: Brasiliense, 1993.
TUAN, Yi-Fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores de meio ambiente. São Paulo: Difel/Difusão Editorial S/A, 1980.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Fabiano Feldhaus
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre)
- Os autores cedem à Geographia Opprrtuno Tempore, direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Atribuição-NãoComercial-
CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros façam download e compartilhem os trabalhos em qualquer meio ou formato, desde que atribuam o devido crédito de autoria, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Se você remixar, transformar ou desenvolver o material, não poderá distribuir o material modificado