Ato de leitura: quando o povo Kotiria nos conta

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1678-2054.2017v33p41

Palavras-chave:

Ato de leitura, Indígenas, Narrativas, Kotiria

Resumo

A partir do conceito de linguagem como ato performativo, proposto por John L. Austin em 1962, este trabalho busca expandir tal concepção também para a leitura, entendendo-a não como atividade passiva, mas que age sobre os indivíduos e em toda a cadeia discursiva. Desconstruindo a dicotomia fala/escrita à luz de Derrida em seu A farmácia de Platão, refletir-se-á sobre a importância de se recuperar as narrativas indígenas e promover leituras a partir delas como formas de reparação, isto é, como forma de levar adiante uma prática social que povo Canela chama de to mpey. O presente trabalho se apresenta como um ato de leitura dos processos de reencontro do povo Kotiria, indígenas situados na fronteira entre Brasil e Colômbia, com suas histórias, e também como forma de agir a partir da leitura de tais narrativas, convidando os leitores a conhecerem mais sobre esse povo e buscar modos apaziguar os séculos de silenciamento de toda uma cultura.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Patrick Rezende, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Espírito Santo. Doutorando em Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Lillian DePaula, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestre Doutora em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo. Professora Associada da Universidade Federal do Espírito Santo.

Referências

ANDRADE, C. D. A Falta que Ama. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

AUSTIN, J. L. Quando Dizer é Fazer. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

BORGES, J. L. Obras Completas. Barcelona: Emecé, 1989.

CHERNELA, J. Tucanoan Languages Collection. The Archive of the Indigenous Languages of Latin America — Media: audio, text, image. University of Texas, Austin, Texas. Disponível (acesso restrito) em .

CHERNELA, J. (org.). Wa’i Duhi Ta’ri Hire/ De pássaro para Peixe: como os pássaros descem do ceú e se transformam em peixes. Manaus: Reggo Edições, 2014a.

CHERNELA, J. (org.). Ña’pichoã/ As Estrelas de Chuva: o ciclo anual de chuvas e enchentes. Manaus: Reggo Edições, 2014b.

CHERNELA, J. (org.). Numia Parena Numia/ Mulheres do Início. Manaus: Reggo Edições, 2015a.

CHERNELA, J. (org.). Kotiria Bhahuariro/A História da Origem dos Kotiria. Manaus: Reggo Edições, 2015b.

DEPAULA, Lillian & Márcio Filgueiras. “The Canela m’ypé: ‘mending ways’ or modos de reparação, the splendour and misery (need there be?) of presenting new social categories through translation”. The Journal of Specialised Translation (London), n. 24, p. 150-161, 2015. Disponível em http://www.jostrans.org/issue24/art_depaula.pdf. Acesso em 10 ago. 2017.

DERRIDA, J. A farmácia de Platão. Tradução Rogério da Costa. São Paulo: Iluminuras, 2005.

DERRIDA, J. Essa estranha instituição chamada literatura: uma entrevista com Jacques Derrida. Tradução de Marileide Dias Esqueda. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

DERRIDA, J. Gramatologia. Tradução Miriam Chnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2011.

FOUCAULT, M. “A Linguagem ao Infinito”. Ditos e Escritos III. Estética: Literatura e Pintura, Música e Cinema. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 47-59.

GRIGOLETTO, M. “A desconstrução do signo e a ilusão da trama”. R. Arrojo, (org.). O signo desconstruído: implicações para a tradução, a leitura e o ensino. Campinas, SP: Pontes, 2003, p. 31-34.

MIGNOLO, W. D. “Misunderstanding and Colonization: The reconfiguration of Memory and Space”. The South Atlantic Quarterly (Durham), n. 92, p. 209-260, 1993.

ORLANDI, E. Terra à vista. Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

REZENDE, P. & Lilian DePaula. “A tradução como um ato performativo: as narrativas indígenas, do descritivo ao tornar-se”. Elena Godoy. E-book dos Anais do II Workshop Internacional de Pragmática. Curitiba: Setor de Ciência Humanas, 2015. p.324-336. Disponível em: . Acesso em: 11 de dez. de 2015.

SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral.Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes & Isadoro Blikstein. São Paulo: Cultrix, 2011.

Downloads

Publicado

26-05-2017

Como Citar

Rezende, Patrick, e Lillian DePaula. “Ato De Leitura: Quando O Povo Kotiria Nos Conta”. Terra Roxa E Outras Terras: Revista De Estudos Literários, vol. 33, maio de 2017, p. 53-63, doi:10.5433/1678-2054.2017v33p41.