O (não) lugar das mulheres na universidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-4842.2022v25n2p340

Palavras-chave:

Mulheres, Gênero, Universidade

Resumo

Historicamente, a universidade se configura como um espaço masculino. No Brasil, a primeira mulher a cursar o ensino superior data de 1880, todavia, somente a partir da década de 1970 as mulheres passam a ser maioria nas universidades. O presente artigo traz uma reflexão teórica sobre as contradições da inserção e permanência das mulheres nas universidades, conformando tais espaços como uma espécie de “não lugar”. Parte-se da teoria social crítica e feminista para apreender a história da instituição universidade no Brasil e os desafios encontrados pelas mulheres para ocupar tal espaço. Constata-se que, ainda que as mulheres tenham conseguido ocupar as universidades, a sua participação e busca por legitimidade não são livres de tensões devido à estrutura sexista, às discriminações e às violências provocadas pelas relações desiguais de gênero, étnico-raciais e de classes.

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Biografia do Autor

Ana Claudia Lopes Martins, Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Mestra em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

Milena Fernandes Barroso, Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Doutora em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Professora  do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade da Amazônia (PPGSS/UFAM).

Raissa Ribeiro Lima, Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Mestranda no Programa de Pós-graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS/UFAM).

Taysa Cavalcante Rodrigues, Universidade Federal do Amazonas

Mestra em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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Publicado

31-12-2022

Como Citar

MARTINS, A. C. L.; BARROSO, M. F.; LIMA, R. R.; RODRIGUES, T. C. O (não) lugar das mulheres na universidade. Serviço Social em Revista, [S. l.], v. 25, n. 2, p. 340–360, 2022. DOI: 10.5433/1679-4842.2022v25n2p340. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/ssrevista/article/view/46247. Acesso em: 19 abr. 2024.

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Artigos