Cuba e o direito de decidir
da legalização do aborto aos desafios atuais
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-4842.2024v27n1p175Palavras-chave:
Aborto, Direitos reprodutivos, Cuba, Federação de mulheres cubanas, Laicidade do EstadoResumo
O aborto vem sendo tratado como parte dos direitos reprodutivos das mulheres, principalmente após as deliberações das Conferências da ONU na década de 1990. Na América Latina, Cuba é o país com legislação mais ampla, uma vez que não trata do aborto como crime, excluindo determinadas situações em que a prática é permitida. A Ilha caribenha incorporou o aborto voluntário no sistema de saúde pública na década de 1960. A partir de uma pesquisa de doutorado, com período sanduíche realizado em Cuba, objetivou-se discutir o processo de legalização do aborto em Cuba e o panorama atual do direito de decidir. A pesquisa, ancorada no materialismo histórico-dialético com perspectiva feminista, contemplou revisão bibliográfica e documental, além da pesquisa de campo com entrevistas em profundidade. Foi observado que o movimento das mulheres organizadas na Federação de Mulheres Cubanas na construção das políticas sociais e na busca por seus direitos, a concepção de saúde baseada no direito universal e a laicidade do Estado foram essenciais para a conquista e manutenção do direito ao aborto voluntário. Dentre os desafios para o direito de decidir das cubanas estão o bloqueio imposto pelos EUA e as raízes patriarcais que ainda permeiam a Ilha.
Downloads
Referências
ALVAREZ LAJONCHERE, C. Educación sexual en cuba. Reseña histórica. Revista Sexología y Sociedad, Havana, v. 2, n. 7, 2013. Disponível em: https://revsexologiaysociedad.sld.cu/index.php/sexologiaysociedad/article/view/117. Acesso em: 14 fev. 2022.
ALVAREZ LAJONCHERE, C. El aborto en cuba: Aspectos juridicos y medico-sociales. In: Revista Sexología y Sociedad, Havana, oct. 1994. Disponível em: https://revsexologiaysociedad.sld .cu/index.php/sexologiaysociedad/article/view/ 17/65. Acesso em: 10 maio 2023
ÁLVAREZ RAMÍREZ, S. En el Día Mundial de la Población: dejemos al aborto en paz. Servicio de Noticias de la Mujer de Latinoamérica y el Caribe, [Havana], 19 jul. 2012. Disponível em: https://www.redsemlac-cuba.net/redsemlac/comunicacion/ck72-perspectivas/en-el-dia-mundial-de-la-poblacion-dejemos-al-aborto-en-paz/. Acesso em: 14 fev. 2022.
ÁLVAREZ SUÁREZ, M. (org.). ENIG-- ENCUESTA NACIONAL SOBRE IGUALDAD DE GÉNERO, 2016. La Habana, 2018, La Habana. Anales [...]. La Habana: Academia de Ciencias de Cuba, 2018.
ÁVILA, M. B. M. Reflexões sobre laicidade. In: BATISTA, C.; MAIA, M. Estado laico e liberdades democráticas. In: BATISTA, Carla; MAIA, Mônica (org.). Estado laico e liberdades democráticas. Recife: Articulação de Mulheres Brasileiras, abr. 2006. Disponível em: https://ambfeminista.org.br/wp-content/uploads/2021/02/2006-Estado-Laico-e-Liberdades-Democraticas.pdf. Acesso em: 14 fev. 2022.
BENÍTEZ PÉREZ, M. E. La trayectoria del aborto seguro en Cuba: evitar mejor que abortar. Revista Novedades en Población, La Habana, v. 10, n. 20, p. 87-104, 2014. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sciarttext&pid=S1817-40782014000200007. Acesso em: 14 fev. 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Magnitude do aborto no Brasil: aspectos epidemiológicos e socioculturais do abortamento previsto em lei em situações de violência sexual. Brasília, DF: MS, 2008. Disponível em: https://bvsms.saude. gov. br/bvs/publicacoes/magnitude_aborto_brasil.pdf. Acesso em: 14 fev. 2022.
CARLOTO, C. M.; DAMIÃO, N. A. Direitos reprodutivos, aborto e serviço social. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 132, p. 306-325, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0101-6628.143. DOI: https://doi.org/10.1590/0101-6628.143
CASTRO ESPÍN, M. La educación integral de la sexualidad en el contexto histórico-político de la Revolución Cubana: contradicciones y avances. In: CASTRO ESPÍN, Mariela; RIVERO PINO, Ramón. Responsabilidad gubernamental y educación integral de la sexualidad en Cuba. La Habana: Editorial CENESEX, 2015.
CESAR, M. A. A mulher e a política social em Cuba: o contraponto socialista ao bem-estar capitalista. Brasília: Edições Alva, 2004.
CUBA. Ministerio de La Justicia. Código de las famílias. Gaceta Oficial de la Republica de Cuba, La Habana, año CXX, n. 87, 17 agosto 2022. Disponível em: https://www.parlamentocubano.gob.cu/sites/default/files/ documento/2022-08/goc-2022-o87.pdf. Acesso em: 26 set. 2022.
CUBA. Ministerio de Salud Pública (MINSAP). Guía de actuación para los servicios de planificación familiar. La Habana: Editorial Ciencias Médicas, 2018.
ESPÍN, V. Ellas hicieron realidad su protagonismo. In: GONZÁLEZ, M. C. (org.). Vilma Espín. La Habana: Ocean Sur., 2018. p. 52-55.
ESQUENAZI BORREGO, A. Aborto voluntário em Cuba: avanços e desafios. Argumentum, Vitória, v. 15, n. 1, p. 82–97, 2023. DOI 10.47456/argumentum.v 15i1.39119. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/argumentum/article/view/39119. Acesso em: 10 ago. 2023. DOI: https://doi.org/10.47456/argumentum.v15i1.39119
GRAN ALVAREZ, M. A.; TORRES VIDAL; R. M; LÓPEZ NISTAL, L. M.; PÉREZ LEYVA, M. E. Fecundidad, anticoncepción, aborto y mortalidad materna en Cuba. Revista Cubana de Salud Pública, La Habana, v. 39, p. 822-835, 2013. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php ?script=sciarttext&pid=S0864-34662013000500003. Acesso em: 14 fev. 2022.
LEITE, M. C. L. C. A educação como pedra angular da nacionalidade cubana: escola e Cubanía do colonialismo à insurgência pedagógica. 2021. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Católica de Santos, Santos, 2021. Disponível em: https://tede.unisantos.br/bitstream/tede/7303/1/Maria%20do%20Carmo%20Luiz%20Caldas%20Leite.pdf. Acesso em: 14 fev. 2022.
ROSTAGNOL, S. As vicissitudes da lei da interrupção voluntária da gravidez no Uruguai: estratégias conservadoras para evitar o exercício do direito de decidir das mulheres. In: BIROLI, F.; MIGUEL, L. F. (org.). Aborto e democracia. São Paulo: Alameda, 2016.
SAFFIOTI, H. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.
SERRANO LORENZO, Y. C. La federación de mujeres cubanas y su labor con las familias. Trabajo social, Bogotá, v. 20, n. 2, p. 55-75, 2018. DOI: https://doi.org/10.15446/ts.v20n2.74414
SOUZA, J. M. Anunciação de. Edmund Burke e a gênese conservadorismo. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 126, p. 360-377, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0101-6628.073. Acesso em: 10 maio 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/0101-6628.073
VAGGIONE, J. M. A restauração legal: o neoconservadorismo e o direito na América Latina. In: BIROLI, F.; MACHADO, M.D.C; VAGGIONE, J. M. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. São Paulo: Boitempo, 2020.
VAGGIONE, J. M; MACHADO, M; BIROLI, F. Introdução: matrizes do neoconservadorismo religioso na América Latina. In: BIROLI, F.; MACHADO, M.D.C; VAGGIONE, J. M. Gênero, neoconservadorismo e democracia: disputas e retrocessos na América Latina. São Paulo: Boitempo, 2020.
VEGA HERNÁNDEZ, M.; VEGA HERNÁNDEZ, M. Tendencia de la fecundidad en Cuba, sus principales causas y consecuencias. Revista Cubana de Salud Pública, La Habana, v. 40, p. 190-200, 2014. Disponível em: http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sciarttext& pid=S0864-34662014000200004. Acesso em: 14 fev. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Serviço Social em Revista
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário. Nesses casos, os artigos, depois de adequados, deverão ser submetidos a nova apreciação. As provas finais não serão encaminhadas aos autores. Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Serviço Social em Revista, ficando sua reimpressão total ou parcial sujeita a autorização expressa da revista. Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Serviço Social em Revista. As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.