A Língua no Discurso do Senso Comum: ideologia e imaginário
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2019v22n1p46Palavras-chave:
Enunciação, Reescrituração, Imaginário de língua.Resumo
Esta pesquisa é parte de nossa dissertação de mestrado, e se propõe a analisar os dizeres enunciados no senso comum sobre a língua, no intuito de compreender qual a ideologia e o imaginário linguístico que atravessam esses enunciados. Muitos estudos já foram empreendidos em relação aos discursos sobre a língua, destacando os de Mariani (2004), que analisou os discursos de literatos e políticos, gramáticos e eruditos - pessoas de influência na sociedade do Brasil colônia. Assim, nos propomos a realizar esta análise para conhecer o imaginário de língua que circula no senso comum, a partir de comentários de internautas na fanpage oficial do Palácio do Planalto no Facebook, no primeiro pronunciamento oficial do presidente Michel Temer no exterior. A perspectiva teórica adotada é a da Teoria da Enunciação (Benveniste, 1989), voltada aos pressupostos da Semântica do Acontecimento (Guimarães, 2002), e fazendo uso do movimento analítico do procedimento de reescrituração. Observamos um imaginário de língua perpetuado no senso comum fundamentado na ideia de uma língua homogênea, pura e idealizada; bem como, confunde-se língua falada e língua escrita, tendo como critério para um português falado de modo “correto” a aproximação e fidelidade à gramatica.
Downloads
Referências
ABRAÇADO, J. Entrevista com Maria Marta Pereira Scherre sobre preconceito lingüístico, variação linguística e ensino. Revista Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Preconceito lingüístico e cânone literário, Rio de Janeiro, n. 36, p. 11-26, 1. sem. 2008. Disponível em: http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/36/entrevista.pdf. Acesso em: 11 mar. 2017.
ACHARD, P. (1989). Um Ideal Monolíngüe. In: Vermes, G.; Boutet, J. (orgs.) Multilingüismo. Trad. Tânia Alkimin. Campinas: Editora da Unicamp, p. 31-55, 1987.
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
AUROUX, S. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Editora da Unicamp, 1992.
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3.ed. São Paulo: Publifolha, 2010.
________. O que é uma língua? Imaginário, ciência & hipóstase. In: LAGARES, Xoán; BAGNO, Marcos (orgs.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. P.355 – 387.
BENVENISTE, Émile. Problemas de Linguística geral I. Campinas: Pontes, 1989.
BERTUCCI, Roberlei Alves; NUNES, Paula Ávila. Interação em rede social: das reações às características do gênero comentário. Domínios de Lingu@gem| Uberlândia | vol. 11, n. 2 | abr./jun. 2017.
BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. Campinas, SP: Unicamp, 2004.
BAUMAN, R.; BRIGGS, C.. Language Ideologies and the Politics of Inequality. Voices of Modernity. Cambridge: Cambbridge University Press, 2003.
CAMACHO, R. G. Sociolinguística. In: Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.
CAMARA Jr. Joaquim M. História da Linguística. Tradução de Maria do Amparo Barbosa de Azevedo. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979.
DUCROT, Oswald. El decir y lo dicho. Buenos Aires: Edicial S.A., 2001.
FARACO, C. A., TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários. 16. Ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2007.
FARACO, Carlos Alberto. Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2008.
_________. Norma culta brasileira: construção e ensino. In: ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. 1.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
_______. História sociopolítica da língua portuguesa. 1.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
FIORIN, José, L. Enunciação e Semiótica. In: Revista Letras- nº. 33 – Émile Benveniste: Interfaces, Enunciação e Discursos. Santa Maria: PPGL – Editora UFSM, 2006.
FLORES, Valdir; TEIXEIRA, Marlene. Introdução à Linguística da enunciação. São Paulo: Contexto, 2005.
GADET, F.; Pêcheux, M. A língua inatingível. Trad. B. Mariani et al. Campinas: Pontes, 2004.
GUIMARÃES, Eduardo; ORLANDI, Eni P. Formação de um espaço de produção linguística: a gramática no Brasil. In: ORLANDI, Eni P. (Orgs.). História das Ideias Linguísticas. Campinas, SP: Pontes; Cáceres, MT: Unemat Editora, 2001.
GUIMARÃES, Eduardo. Semântica do Acontecimento. Campinas: Pontes, 2002.
¬¬¬¬¬_________. Os limites do sentido. Campinas: Pontes, 2002.
__________. A língua portuguesa no Brasil. Cienc. Cult. vol.57 no. 2 São Paulo Apr./Jun e 2005.
_________. Semântica: enunciação e sentido. Pontes Editores: Campinas, SP, 2018.
HOBSBAWM. Eric J. (2002). Nações e nacionalismo. desde 1780. 3. ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra.
JOSEPH, J.E; TAYLOR, T.T. (orgs.) (1990). Ideologies of Language. Londres: Routledge.
LAGORIO, Consuelo Alfaro. Norma e bilinguismo no espanhol americano: o caso andino. In: LAGARES, Xoán; BAGNO, Marcos (orgs.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. Pp. 193-214.
LEITE, Marli Quadros. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: Contexto, 2008.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Ângela P; MACHADO, Anna R; BEZERRA, M. Auxiliadora. (Orgs.) Gêneros Textuais & Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007, p.19-36.
MARIANI, B. Colonização Linguística. Campinas: Pontes, 2004.
_______. A redação do Código Civil: polêmica linguística, jurídica ou política? In: LAGARES, Xoán; BAGNO, Marcos (orgs.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011. P.237-256.
MARIANI, B; MEDEIROS, V.G. Notícias de duas pesquisas: idéias linguísticas e governo JK. Veredas online – atemática- 1/2007, p. 128-144. Disponível em: http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/artigo093.pdf. Acesso em: 10 de outubro de 2017.
MICHELETTI, Guaraciciaba. Enunciação e gêneros discursivos. São Paulo: Cortez, 2008.
MILROY, James. Ideologias linguísticas e as consequências da padronização. In: LAGARES, Xoán; BAGNO, Marcos (orgs.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, 2011 [2001]. Pp. 49-87.
MOITA LOPES, Luiz Paulo da. (org.). Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
ORLANDI, Eni. P. Política Linguística na América Latina. Campinas, SP: Pontes, 1988.
________. Língua Brasileira e Outras Histórias. Discurso sobre a língua e ensino no Brasil. Campinas: Editora RG, 2009.
________. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 11. ed. Campinas: Pontes Editores, 2013.
¬¬¬¬¬¬¬________. A Linguagem e seu Funcionamento. Pontes: Campinas, 2001.
PESAVENTO, Sandra. Em busca de uma outra história: imaginando o imaginário. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 15, no 29, 1995.
POCHE, Bernard. A construção social da língua. In: VERMES, Geneviève; BOUTET, Josiane (Orgs.). Multilinguismo. Trad. Tânia Alkmin. Campinas (SP): Editora da Unicamp, 1989. p. 57-88.
RECUERO, Raquel. Redes sociais e sites de relacionamento. In: ComCiência. Revista Eletrônica de Conhecimento Científico – SBPC, 10.09.2012. Disponível em: Acesso em: 28 jul. 2017.
RÈVUZ, C. A língua estrangeira, entre o desejo de um outro lugar e o risco do exílio. In: SIGNORINI, I. (Org.). Linguagem e identidade. Campinas: Mercado de Letras, 1988.
SCHERRE, M.M.P. Doa-se lindos filhotes de poodle: variação linguística, mídia e preconceito. São Paulo: Parábola, 2005.
STURZA, Eliana Rosa. Línguas de Fronteiras e Política de Línguas: uma História das Ideias Linguísticas. Tese de Doutorado. Campinas, SP, 2006.
ZILLES, A. M. S.; FARACO, C. A. Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. 1.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
ZOPPI FONTANA, Mônica. Língua oficial e políticas públicas de equidade de gênero. Revista: Língua e Instrumentos Linguísticos – Nº36 – jul-dez 2015.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Signum: Estudos da Linguagem

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Signum: Estudos da linguagem, publica seus artigos licenciados sob a Licença Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros façam download e compartilhem os trabalhos em qualquer meio ou formato, desde que atribuam o devido crédito de autoria, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Se você remixar, transformar ou desenvolver o material, não poderá distribuir o material modificado.