Correlação de adolescentes nascidos prematuros com os fatores socioeconômicos e seus perfis antropométrico, lipídico, glicêmico e pressórico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0367.2020v41n2Suplp351

Palavras-chave:

Nascimento prematuro, Saúde do adolescente, Doenças cardiovasculares, Fatores socioeconômicos.

Resumo

Introdução: adolescentes nascidos prematuros apresentam maior risco para diversos agravos à saúde; associado ao seu contexto socioeconômico, podem apresentar uma vulnerabilidade maior para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Objetivo: analisar os perfis lipídico, glicêmico, pressórico e antropométrico em relação aos fatores socioeconômicos de adolescentes nascidos prematuros. Métodos: estudo epidemiológico, transversal. Coletou-se os dados em Unidade Básica de Saúde (UBS) mediante instrumento com variáveis sociodemográficas, clínicas, medidas antropométricas, pressão arterial e coleta por punção capilar de glicose, colesterol total e triglicerídeos. A amostra foi do tipo conveniência, constituída por 50 adolescentes nascidos prematuros no recorte temporal de 1998 a 2006. Dados analisados por estatística descritiva e análise de associação, os adolescentes foram agrupados em clusters quanto à renda familiar, escolaridade materna, atividade física e de lazer e correlacionados aos perfis pressórico, lipídico, glicêmico e antropométrico. Resultados: a prevalência de síndrome metabólica nos adolescentes nascidos prematuros foi de 8%, sendo que adolescentes cujos pais ou responsáveis tinham renda de até um salário mínimo apresentaram maior taxa de risco cardiovascular quando comparados àqueles com renda maior ou igual a quatro salários mínimos. A escolaridade materna esteve associada ao perfil lipídico, com maior ocorrência de alteração quanto menor a escolaridade da mãe. Mesmo entre os que praticavam atividade física, 33% apresentaram pressão arterial elevada e 22% apresentaram colesterol total e triglicerídeos elevados. Conclusão/Consideração final: a prematuridade associada a fatores socioeconômicos como a escolaridade materna e renda familiar incorre em maior risco cardiovascular, detectado pela alteração no perfil lipídico e pressórico.

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Biografia do Autor

Mírian Nara Lopes, Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel

Mestra em Biociências e Saúde pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Enfermeira na Unidade de Saúde da Família do Santo Onofre e preceptora do Programa de Residência Multidisciplinar em Saúde da Família, Cascavel.

Sabrina Grassiolli, Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Doutora em Ciências Biológicas (Área de Concentração em Biologia Celular) pela Universidade Estadual de Maringá. Professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Maria de Lá Ó Ramallo Verissimo, Universidade de São Paulo

Doutora em Enfermagem pela Universidade de São Paulo. Professora Associada do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Psiquiátrica da Universidade de São Paulo.

Marcos Antonio da Silva Cristovam, Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Mestre em Ciência Animal pela Universidade Paranaense. Professor assistente do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde na Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

Claudia Silveira Viera, Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Doutora em Enfermagem (Saúde Pública) pela Universidade de São Paulo. Professora Associada do curso de Enfermagem da Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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Publicado

2020-11-21

Como Citar

1.
Lopes MN, Grassiolli S, Verissimo M de L Ó R, Cristovam MA da S, Viera CS. Correlação de adolescentes nascidos prematuros com os fatores socioeconômicos e seus perfis antropométrico, lipídico, glicêmico e pressórico. Semin. Cienc. Biol. Saude [Internet]. 21º de novembro de 2020 [citado 21º de novembro de 2024];41(2Supl):351-66. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/39205

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Artigos