Tromboembolismo arterial de origem não cardiogênica em um felino doméstico com síndrome de isquemia e reperfusão – Relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n2p717Palavras-chave:
Adenocarcinoma pulmonar, Doença tromboembólica, Gato, Paralisia aguda.Resumo
O tromboembolismo arterial (TEA) é uma condição clínica aguda e grave decorrente da formação de um trombo e seu alojamento em uma artéria, prejudicando a perfusão dos tecidos irrigados por ela. Em felinos, está frequentemente relacionado com a cardiomiopatia hipertrófica, porém existem relatos da sua associação com neoplasias. A síndrome de isquemia e reperfusão pode ocorrer secundária ao TEA e resultar em desequilíbrios eletrolíticos e ácido-base de difícil correção. O objetivo do presente trabalho é descrever um caso de TEA, incluindo seus achados clínico-laboratoriais e as alterações eletrolíticas e acidobásicas compatíveis com a síndrome de isquemia e reperfusão. Foi atendido no Serviço de Medicina de Felinos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul um felino, sem raça definida (S.R.D.), fêmea, de 14 anos de idade, com paralisia súbita dos membros pélvicos. As alterações clínicas e laboratoriais incluíram hipotermia, hipotensão, bradicardia, azotemia, acidose metabólica e hipercalemia. O eletrocardiograma indicou ritmo sinoventricular e a avaliação do ecocardiograma não mostrou alterações. A avaliação radiográfica do tórax revelou áreas de maior radiopacidade nos campos pulmonares. Optou-se pela arteriotomia da aorta abdominal como tratamento emergencial para a retirada do trombo. O felino veio a óbito no pós-operatório e foi realizado exame histopatológico dos pulmões, linfonodos mediastinais e do coração, que foi compatível com adenocarcinoma pulmonar com metástase para o linfonodo. O presente trabalho trata de um caso de TEA de possível origem neoplásica, o que é pouco comum em gatos. Neste caso, o paciente apresentou comprometimento hemodinâmico de difícil manejo, além de desordens eletrolíticas e do equilíbrio ácido-base graves e refratárias a terapia, culminando em óbito. O tempo do início do tratamento a partir da apresentação dos sinais clínicos pode ser determinante no sucesso terapêutico, reduzindo os possíveis efeitos da síndrome de reperfusão.Downloads
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