A higienização de agulhas diminui a ocorrência de abscessos pós-vacinais em bovinos
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2019v40n6Supl2p3069Palavras-chave:
Boas práticas pecuárias, Bovinos, Impactos econômicos na pecuária, Ultrassonografia, Vacinação.Resumo
Embora a vacinação seja indispensável para a exploração animal, a utilização de agulhas não higienizadas pode ocasionar abscessos pós-vacinais e, consequentemente, provocar perdas de produtos cárneos e elevação do custo de produção. O objetivo do presente estudo foi avaliar a eficiência da higienização de agulhas na prevenção de abscessos pós-vacinais em bovinos, estimar as perdas econômicas ocasionadas pelos abscessos pós-vacinais e verificar se os produtores rurais higienizam as agulhas utilizadas na vacinação. Quatro grupos contendo 120 bovinos foram vacinados contra febre aftosa. Os grupos GI, GII e GIII foram vacinados utilizando-se agulhas que foram higienizadas por diferentes métodos, enquanto o grupo GIV serviu como controle. Seis meses após a vacinação, foram realizados exames ultrassonográficos e quantificados os abscessos. Posteriormente, os bovinos foram abatidos, quantificaram-se as perdas de carcaças devido à presença dos abscessos e as perdas econômicas foram calculadas. Nos frigoríficos, 100 proprietários rurais foram entrevistados sobre a adoção de higienização de agulhas para vacinas e a quantidade de bovinos que estavam abatendo. As quantidades de abscessos diagnosticados por grupo foram: GI (n = 3; 2,5%); GII (n = 5; 4,2%); GIII (n = 4; 3,3%); e GIV (n = 11; 9,2%). As ocorrências de abscessos em GI, GII e GIII não se diferiram estatisticamente, porém estas ocorrências foram estatisticamente menores que a ocorrência em GIV. As perdas econômicas decorrentes da presença de abscessos nas carcaças variaram entre R$ 0,12 e R$ 0,31 por animal do rebanho cujas agulhas foram higienizadas ou não higienizadas, respectivamente. Apenas 13% dos produtores entrevistados realizavam algum método de higienização de agulhas para vacinação. 78,8% dos bovinos abatidos por estes produtores foram vacinados com agulhas sem nenhum método de higienização. Conclui-se que a higienização de agulhas para a vacinação de bovinos diminui a ocorrência de abscessos pós-vacinais. Essa prática minimiza em R$ 0,19 por animal os prejuízos causados pela retirada do abscesso durante o abate dos animais. A maioria dos proprietários rurais não adota a higienização de agulhas para a vacinação de bovinos.Downloads
Referências
BANCO CENTRAL DO BRASIL - BCB. Câmbio. [Sl. s,n.], 2018. Disponível em: https://www.bcb. gov.br/. Acesso em: 1 jun. 2018.
BERGEY, D. H.; HOLT, J. G. Bergey`s manual of determinative bacteriology. 9th ed. Philadelphia: Lippincott Willians & Wilkins, 2000. 787 p.
CARDOSO, J. C. Perdas econômicas devido a lesões por aplicação medicamentosas e/ou vacinais em carcaças de bovinos abatidos na região nordeste do Rio Grande do Sul. 2015. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Produção, Tecnologia e Higiene de Produtos de Origem Animal) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
FRANÇA FILHO, A. T.; ALVES, G. G.; MESQUITA, A. J.; CHIQUETTO, C. E.; BUENO, C. P.; OLIVEIRA, A. S. C. Perdas econômicas por abcessos vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos abatidos no estado de Goiás. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 7, n. 1, p. 93-96, 2006.
FRANÇA, R. P. Avaliação das boas práticas de vacinação como forma de minimizar a formação de abscessos vacinais em bovinos vacinados contra febre aftosa. 2012. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária) - Universidade de Brasília, Brasília.
GASPAR, E. B.; MINHO, A. P.; SANTOS, L. R. Manual de boas práticas de vacinação e imunização de bovinos. Bagé: EMBRAPA, 2015. 10 p. (Circular técnica, 47). Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa. br/digital/bitstream/item/128128/1/CiT-47-15-online.pdf. Acesso em: 29 set. 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Em 2017, cresce abate de bovinos e suínos, mas cai o de frangos. Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge. gov.br/ agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/20523-em-2017-cresce-abate-de-bovinos-e-suinos-mas-cai-o-de-frangos. Acesso em: 29 set. 2018.
KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; ASTER, J. C. Patologia: bases patológicas das doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 1422 p.
LUSA, A. C. G.; REZENDE, M. P. G.; SOUZA, J. C.; MALHADO, C. M. Reflexos econômicos de perdas quantitativas por abcessos vacinais em carcaças de bovinos abatidos no estado da Bahia, Brasil. Boletim de Indústria Animal, Nova Odessa, v. 73, n. 2, p. 165-170, 2016. DOI: 10.17523/bia.v73n2p165
MARQUES, K. A.; PEDREIRA, M. S.; OLIVEIRA, K. P.; PITTA, B. S. L.; ARAUJO, A. C.; CARDOSO, P. H. S.; SANTOS, I. D.; SOUSA, G. S. Peso e tipo de abscesso em bovinos de corte submetidos à vacina da febre aftosa no sudoeste da Bahia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA E CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 55., 28., 2018, Goiânia. Anais... Goiânia: Sociedade Brasileira de Zootecnia e Associação Brasileira de Zootecnistas, 2018. p. 1-4.
MORO, E.; JUNQUEIRA, J. O. B. Levantamento da incidência de reações vacinais e/ou medicamentosas em carcaças de bovinos ao abate em frigoríficos no Brasil. A Hora Veterinária, Porto Alegre, v. 112, p. 74-77, 1999.
MORO, E.; JUNQUEIRA, J. O.; UMEHARA, O. Levantamento da incidência de reações vacinais e/ou medicamentosas em carcaças de bovinos na desossa em frigoríficos no Brasil. A Hora Veterinária, Porto Alegre, v. 123, p. 55-57, 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SANIDADE ANIMAL - OIE. List of FMD free member countries according to Resolution No. 22 (86th General Session of World Assembly, May 2018). Paris: OIE, 2018. Available at: http://www.oie.int/fileadmin/Home/eng/Animal_Health_in_the_World/docs/pdf/ Resolutions/2018/A22_RESO_2018_FMD.pdf. Accessed at: 29 sept. 2018.
R CORE TEAM - R: A language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2018. Available at: https://www.R-project.org/. Accessed at: 23 sept. 2018.
RIZZO, H.; ROSSI, R. S.; SOUZA, M. J. E. B. de; RAMALHO, N. P.; LEONARDO, B.; RIBEIRO, B. L. M.; GREGORY, L. Uso do ultrassom em bovinos com enfermidades intestinais e dos anexos do tubo digestivo. Ciência Animal, Fortaleza, v. 24, n. 1, p. 46-61, 2014.
RONDELLI, L. A. S.; SILVA, G. S.; BEZERRA, K. S.; RONDELLI, A. L. H; LIMA, S. R.; FURLAN, F. H.; PESCADOR, C. A.; COLODEL, E. M. Doenças de bovinos em Mato Grosso diagnosticadas no Laboratório de Patologia Veterinária da UFMT (2005-2014). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 37, n. 5, p. 432-440, 2017. DOI: 10.1590/s0100-736x2017000500002
SANTOS, A. L.; SANTOS, D. O.; FREITAS, C. C.; FERREIRA, B. L. A.; AFONSO, I. F.; RODRIGUES, C. R.; CASTRO, H. C. Staphylococcus aureus: visiting a strain of clinical importance. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, Rio de Janeiro, v. 43, n. 6, p. 413-423, 2007. DOI: 10.1590/S1676-24442007000600005
SCOT CONSULTORIA - SCOT. Mercado Físico - 01/06/2018. Bebedouro: SCOT, 2018. Disponível em: https://www. scotconsultoria.com.br/. Acesso em: 1 jun. 2018.
SMITH, G. C.; SAVEL, J. W.; CLAYTON, R. P.; FIELD, T. G.; GRIFFIN, D. E.; HALE, D. S.; MILLER, H. F.; MONTGOMERY, T. H.; MORGAN, J. B.; TATUM, J. D.; WISE, J. W.; WILKES, D. L.; LAMBERT, C. D. Improve the consistency and competitiveness of beef. The Final Report of the National Beef Quality Audit 1991. Englewood: National Cattlemen’s Association, 1992. 85 p.
SOUZA, V. F.; SOARES, C. O.; FERREIRA, S. F. Vacinação, a importância das boas práticas e a prevenção de doenças de interesse em bovinocultura. Campo Grande: EMBRAPA, 2009. 15 p. (Comunicado técnico, 122). Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/175356/1/Vacinacao-a-importancia -das-boas-praticas-e-a-prevencao.pdf. Acesso em: 29 set. 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 894 p.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Semina: Ciências Agrárias
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Semina: Ciências Agrárias adota para suas publicações a licença CC-BY-NC, sendo os direitos autorais do autor, em casos de republicação recomendamos aos autores a indicação de primeira publicação nesta revista.
Esta licença permite copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato, remixar, transformar e desenvolver o material, desde que não seja para fins comerciais. E deve-se atribuir o devido crédito ao criador.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.