Detecção de anticorpos para o vírus da língua azul em ovinos do estado do Paraná, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n3p879Palavras-chave:
Culicoides. Diagnóstico., Ocorrência, Orbivirus, Pequenos ruminantes.Resumo
A língua azul (LA) é uma enfermidade infecciosa e não contagiosa causada por um vírus (VLA) do gênero Orbivirus, transmitida por vetores hematófagos Culicoides sp., aos ruminantes sobretudo aos ovinos, espécie mais susceptível. Os principais testes sorológicos utilizados são a Imunodifusão em Gél de Ágar (IDGA), preconizada pela OIE, e o teste Imunoensaio Enzimático Competitivo (ELISAc), sendo que este tem como vantagem não ocorrer reação cruzada contra outros orbivírus. O objetivo do trabalho foi detectar a presença de anticorpos contra o VLA em ovinos no estado do Paraná através dos testes diagnósticos IDGA e ELISAc. Durante os meses de março a outubro de 2017, colheu-se sangue de 270 ovinos, em 10 propriedades localizadas em seis mesorregiões paranaenses. As amostras foram submetidas aos testes de IDGA e ELISAc para detecção de anticorpos contra o VLA. Baseado nos resultados classificaram-se os rebanhos como baixa, moderada ou elevada ocorrência. Os resultados demonstraram elevada ocorrência através do teste de ELISAc, que apresentou 64,81% (175/270) de ovinos positivos, e moderada ocorrência através do IDGA, com 41,11% (111/270) de ovinos soropositivos. A concordância obtida entre os testes foi moderada (0,51) através do coeficiente Kappa. O número de ovinos reagentes no exame de ELISAc foi maior que o teste de IDGA em todas as propriedades positivas, demonstrando ser superior. O clima propício foi um dos fatores favoráveis para as ocorrências observadas, pois favorece a presença e multiplicação do vetor Culicoide e a ocorrência da infecção. A baixa ocorrência nas propriedades com clima mais ameno sugere que a presença de anticorpos provavelmente ocorra também pela baixa patogenicidade dos sorotipos circulantes nas diferentes mesorregiões estudadas. Conclui-se que há infecção de VLA no rebanho ovino paranaense, e a detecção de anticorpos para o VLA foi moderada, através do teste de IDGA, e elevada, através do teste ELISAc.Downloads
Referências
Batista, A. F. B., Fº., Oliveira, J. M. B., Silva, G. M., Oliveira, P. R. F., Borges, J. M., Brandespim, D. F., & Pinheiro, J. W., Jr. (2018). Ocorrência e fatores de risco da infecção pelo vírus da língua azul em bovinos no Estado do Pernambuco. Pesquisa Veterinária Brasileira, 38(2), 250-255. doi: 10.1590/1678-5150-PVB-4379
Biihrer, D. A. (2017). Inquérito sorológico da língua azul em ovinos de Minas Gerais. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, Brasil. Recuperado de http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/12745.
Chandel, B. S., Chauhan, H. C., & Kher, H. N. (2003). Comparison of the standard AGID test and competitive ELISA for detecting bluetongue virus antibodies in camels in Gujarat, India. Tropical Animal Health and Production, 35(2), 99-104. doi: 10.1023/a:1022896117122
Chongsuvivatwong, V. (2018). EpiDisplay: epidemiological data display package (R package version 3.5.0.1.). Retrieved from https://CRAN.R-project.org/package=epiDisplay
Clavijo, A., Sepulveda, L., Riva, J., Pessoa-Silva, M., Tailor-Ruthes, A., & Lopez, J. W. (2002). Isolation of bluetongue virus serotype 12 from na outbreak of the disease in South America. Veterinary Record, 151(10), 301-302. doi: 10.1136/vr.151.10.301
Coetzee, P., Stokstad, M., Venter, E. H., Myrmel, M., & Van Vururen, M. (2012). Bluetongue: a historical and epidemiological perspective with the emphasis on South Africa. Virology Journal, 9(198), 1-9. doi: 10.1186/1743-422X-9-198
Costa, J. R. R., Lobato, Z. I. P., Herrmann, G. P., Leite, R. C., & Haddad, J. P. A. (2006). Prevalência de anticorpos contra o vírus da língua azul em bovinos e ovinos do sudoeste e sudeste do Rio Grande do Sul. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 58(2), 273-275. doi: 10.1590/S0102-09352006000200017
Dorneles, E. M. S., Morcatti, F. C., Guimarães, A. S., Lobato, Z. I. P.; Lage, A. P., Gonçalves, V. S. P.,... Heinemann, M. B. (2012). Prevalence of bluetongue virus antibodies in sheep from Distrito Federal, Brazil. Semina: Ciências Agrárias, 33(4), 1521-1524. doi: 10.5433/1679-0359.2012v33n4p1521
Gang-Ma, J., Xuan Zhang, X., Bin Zheng, W., Tian Xu, Y., Quan Zhu, X., Xue Hu, G., & Hui Zhou, D. (2017). Seroprevalence and Risk Factors of Bluetongue Virus Infection in Tibetan Sheep and Yaks in Tibetan Plateau, China. BioMed Research International, 2017(1), 1-5. doi: 10.1155/2017/5139703
Instituto Agronômico do Paraná (2017). Cartas climáticas do Paraná. Recuperado de http://www.iapar.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=863
Jenckel, M., Bréad, E., Schulz, C., Sailleau, C., Viarouge, C., Hoffman, B.,... Zientara, S. (2015). Complete coding genome sequence of putative novel bluetongue virus serotype 27. Genome Announcements, 3(2), 1-2. doi: 10.1128/genomeA.00016-15
Kawanami, A. E. (2017). Vírus da língua azul em cevídeos neotropicais e bovídeos domésticos. Tese de doutorado, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, SP, Brasil. Recuperado de http://hdl.handle.net/11449/147992
Lager, I. A. (2004). Bluetongue virus in South America: overview of viruses, vectors, surveillance and unique features. Veterinaria Italiana, 40(3), 89-93. Retrieved from http://www.izs.it/vet_italiana/2004/40_ 3/19.pdf
Lobato, Z. I. P., Guedes, M. I. M. C., & Matos, A. C. D. (2015). Bluetongue and others orbiviruses in South America: gaps and challenges. Veterinaria Italiana, 51(4), 253-262. doi: 10.12834/VetIt.600.2892.1
Maclachlan, N. J. (2004). Bluetongue: pathogenesis and duration of viraemia. Veterinaria Italiana, 40(4), 462-467. Retrieved from http://www.izs.it/vet_italiana/2004/40_4/462.pdf
Medlock, J. M., & Leack, S. A. (2015). Effect of climate change on vector-borne disease in the UK. The Lancet Infectious Disease, 15(6), 721-730. doi: 10.1016/S1473-3099(15)70091-5
Mellor, P. S. (2000). Replication of arboviruses in insect vectors. Journal of Comparative Pathology, 123(4), 231-247. doi: 10.1053/jcpa.2000.0434
Morikawa, V. M., Pellizzaro, M., Paploski, I. A. D., Kikuti, M., Lara, M. C. C. S. H., Okuda, L. H.,… Barros, I. R., Fº. (2018). Serosurvey of bluetongue, caprine arthritis-encephalitis (CAE) and Maedna-Visna in Barbary Sheep (Ammotragus lervia) of a Southern Brazilian zoo. Pesquisa Veterinária Brasileira, 38(6), 1203-1206. doi: 10.1590/1678-5150-PVB-4590
Mota, I. O., Castro, R. S., Alencar, S. P., Lobato, Z. I. P., Lima, C. D. F., Fº., Araújo Silva, T. L.,... Nascimento, S. A. (2011). Anticorpos contra o vírus do grupo da língua azul em caprinos e ovinos do sertão do Pernambuco e inferência sobre sua epidemiologia em regiões semiáridas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnica, 63(6), 1595-1598. doi: 10.1590/S0102-09352011000600045
Negri, L. C., Fº., Nogueira, A. H. C., Stefano, E., Katto, S., Okuda, L. H., Silva, L. C.,... Okano, W. (2016). Detecção de anticorpos contra o sorotipo 4 da língua azul (btv-4) em bovinos leiteiros da mesorregião norte central do Paraná, Brasil. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP, 14(2), 88. Recuperado de https://www.revistamvez-crmvsp.com.br/index.php/recmvz/ article/view/32136
Nogueira, A. H. C., Pituco, E. M., Stefano, E., Curci, V. C. L. M., & Cardoso, T. C. (2009). Detecção de anticorpos contra o vírus da língua azul em ovinos na região de Araçatuba, São Paulo, Brasil. Ciência Animal Brasileira, 10(4), 1271-1276. Recuperado de https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/3782
Pinheiro, R. R., Souza, T. S., Feitosa, A. L. V. L., Aragão, M. A. C., Lima, C. C. V., Costa, J. N.,... Brito, R. L. L. (2013). Frequência de anticorpos contra o vírus da língua azul em ovinos do estado do Ceará, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, 80(1), 35-42. doi: 10.1590/S1808-16572013000100006
Purse, B. V., Carpenter, S., Venter, G. J., Bellis, G., & Mullens, B. A. (2015). Binomics of temperate ant tropical Culicoides midges: knowledge gaps and consequences for transmission of Culicoides-borne viruses. Annual Review of Entomology, 60(20), 373-392. doi: 10.1146/annurev-ento-010814-020614
Roy, P. (2008). Functional mapping of bluetongue virus proteins and their interactions with host proteins during virus replication. Cell Biochemistry Biophysics, 50(1), 143-1578. doi: 10.1007/s12013-008-9009-4
Sbizera, M. C. R., Cunha, L. F. C., Fº., Barreto, J. V. P., Locoman, D., Sudak, M. M., Finco, M. V., & Souza, D. F. M. (2017). Ocorrência de anticorpos para o vírus da língua azul em ovinos da região Centro Sul do Paraná. Revista Acadêmica: Ciência Animal, 15(2), 41-42. doi: 10.7213/academica.15.S02.2017.20
Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (2017). Dispõe sobre dados da pecuária paranaense. Governo do estado do Paraná. Departamento de Economia Rural. Recuperado de www.agricultura.gov.br
Shringi, S., & Shringi, B. N. (2005). Comparative efficacy of standart AGID, CCIE, and competitive ELISA, for detecting bluetongue virus antibodies in indigenous breeds of sheep and goats in Rajasthan, India. Journal of Veterinary Science, 6(1), 77-79. doi: 10.4142/jvs.2005.6.1.77
Silva, T. G., Lima, M. S., Spedicato, M., Carmine, I., Teodori, L., Leone, A.,... Pituco, E. D. (2018). Prevalence and risk factors for bluetongue in the State of São Paulo, Brazil. Veterinary Medicine and Science, 4(1), 280-287. doi: 10.1002/vms3.113
Souza, T. S., Costa, J. N., Martinez, P. M., Costa, A. O., Neto, & Pinheiro, R. R. (2010). Anticorpos contra o vírus da língua azul em rebanhos ovinos da microrregião de Juazeiro, Bahia. Arquivos do Instituto Biológico, 77(3), 419-427. Recuperado de http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/arq/v77_3/ souza.pdf
Thrusfield, M. (2004). Epidemiologia veterinária (2a ed.). São Paulo: Roca.
Tomich, R. G. P., Nogueira, M. F., Lacerda, A. C. R., Campos, F. S., Tomas, W. M., Herrera, H. M.,... Barbosa-Stancioli, E. F. (2009). Sorologia para o vírus da língua azul em bovinos de corte, ovinos e veados campeiros no Pantanal sul-matogrossense. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 61(5), 1222-1226. doi: 10.1590/S0102-09352009000500028
Velic, L., Velic, R., Bajrovic, T., Dukic, B., & Camo, D. (2004). Bluetongue in Bosnia: comparisons of competitive enzyme-linked immunosorbent assay and standard agar gel immunodiffusion tests. Veterinaria Italiana, 40(4), 562-563. Retrieved from http://www.izs.it/vet_italiana/2004/40_4/562.pdf
Venditti, L. L. R. (2009). Infecção pelo vírus da língua azul em ovinos e bovinos na região Sudeste do Brasil Dissertação de mestrado, Instituto Biológico, São Paulo, SP, Brasil. Recuperado de http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=160378
Ward, M. P., & Thurmond, M. C. (1995). Climatic factors associated with risks of seroconversion of cattle to bluetongue viruses in Queensland. Preventive Veterinary Medicine, 24(2), 129-136. doi: 10.1016/0167-5877(94)00458-U
World Organization for Animal Health (2016). Report archive. Retrieved from http://www.oie.int/wahis_2/ public/wahid.php/Diseaseinformation/reportarchive
World Organization for Animal Health (2018). Bluetongue (Infection with bluetongue virus). In Manual of diagnostic tests and vaccines for terrestrial animals. Retrieved from https://www.oie.int/fileadmin/Home/ eng/Health_standards/tahm/3.01.03_BLUETONGUE.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Semina: Ciências Agrárias
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Semina: Ciências Agrárias adota para suas publicações a licença CC-BY-NC, sendo os direitos autorais do autor, em casos de republicação recomendamos aos autores a indicação de primeira publicação nesta revista.
Esta licença permite copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato, remixar, transformar e desenvolver o material, desde que não seja para fins comerciais. E deve-se atribuir o devido crédito ao criador.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.