Memórias subterrâneas da ditadura civil-militar

uma proposta para o ensino de história de Criciúma/SC

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30nespecialp154-180

Palavras-chave:

Ensino de História, Ditadura Civil-Militar, Memórias subterrâneas, Temas Sensíveis

Resumo

Esse artigo tem como objetivo refletir sobre as memórias subterrâneas da ditadura civil-militar em Criciúma, associadas às experiências de personagens históricos locais. A proposta de Ensino de História articula a análise de fontes históricas e a problematização de diferentes marcos urbanos da cidade, com a finalidade de sensibilizar e aproximar professores e estudantes da Educação Básica sobre a temática. A memória é mobilizada como categoria central de  análise, articulada à perspectiva dos temas sensíveis e da Educação Patrimonial. Adotou-se como metodologia a análise bibliográfica e documental, produzindo uma   reflexão teórico metodológica que resultou na construção de uma proposta didática na qual se destaca um roteiro de percurso urbano. O percurso articula memórias e espaços de repressão e resistência à ditadura civil-militar em Criciúma a partir de cinco pontos: I) Estádio Heriberto Hülse: II) Centro Cultural Jorge Zanatta; III) E. E.F. Professor Lapagesse/C. E. I. Professor Lapagesse; IV) Sindicato dos Mineiros de Criciúma: V) Rádio Difusora. A interpelação dos lugares selecionados, a partir das memórias de sujeitos diversos que sofreram as violências da ditadura, contribui para a construção de outras narrativas dos acontecimentos que se desencadearam em Criciúma. Especialmente nesses lugares, que ora foram palco de resistências, ora espaços de repressão e violação de direitos humanos, existe a possibilidade de pensar outras formas de se ensinar a temática em sala de aula.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Morgana Modolon, Universidade Federal de Santa Catarina

Possui Mestrado em Ensino de História pela Universidade Federal de Santa Catarina (2022), Especialização em Gênero e Diversidade da Escola pela Universidade Federal de Santa Catarina (2017) e Graduação em Licenciatura e Bacharelado em História pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (2013). Atualmente é professora de História na Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de História, atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de História, Memória e Tempo Presente.

Mônica Martins da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

Possui graduação em História pela Universidade Federal de Goiás (1996), mestrado em história pela mesma instituição (2000) e doutorado em História pela Universidade de Brasília (2008). Em 2020, realizou estágio pós-doutoral na Universidad Autónoma de Barcelona, na área de Didactica de las Ciencias Sociales. É Professora Associada da Universidade Federal de Santa Catarina, atuando no Departamento de Metodologia de Ensino e no Programa de Pós Graduação em Ensino de História- PROFHISTÓRIA. É membro do Grupo de Pesquisa Patrimônio, Memória e Educação (PAMEDUC) do CNPq. Entre os anos de 2010 e 2023 atuou no PNLD/MEC, exercendo funções de avaliadora, coordenadora adjunta e assessora. Foi editora da Revista História Hoje - ANPUH-Brasil (Biênio 2021-2023). Coordenou o Programa de Pós-Graduação em Ensino de História- PROFHISTÓRIA da UFSC (2014-2019). Desde 2020 é membro da Comissão Acadêmica Nacional do Profhistória e atualmente exerce a função de Coordenadora Adjunta Nacional do Profhistória (2023-2026).

Referências

ALBERTI, Verena. Dois temas sensíveis no ensino de História e as possibilidades da história oral: a questão racial e a ditadura no Brasil. In: RODEGHERO, Carla Simone; GRINBERG, Lúcia; FROTSCHER, Meri (org.). História oral e práticas educacionais. Porto Alegre: Ed. da UFRGRS, 2016. p. 35-59.

BAUER, Caroline Silveira. Um estudo comparativo das práticas de desaparecimento nas ditaduras civil-militares argentina e brasileira e a elaboração de políticas de memórias em ambos os países. 2011. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/29576. Acesso em: 21 ago. 2022.

BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1989. v. 3. (Obras escolhidas).

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Plano nacional de educação em direitos humanos. Brasília, DF: MDH, 2018.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Cidadania. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília, DF: Secretaria Nacional de Cidadania, 2007. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DIAGRMAOPNEDH.pdf. Acesso em: 29 abr. 2025.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade: Editora UNESP, 2017.

DUARTE, Geni Rosa; CERRI, Luís Fernando. Politização e consciência histórica em jovens brasileiros, argentinos e uruguaios. Revista Diálogos, Maringá, v. 16, p. 229-256, dez. 2012. Suplemento especial. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/36063. Acesso em: 21 ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.4025/dialogos.v16isupl.659

FELICIANO, Jorge João. [Entrevista]. [Entrevista cedida à] à Janete Tichês. CEDOC-UNESC, Criciúma, 20 out. 1992. Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1E5bf5H0DuHmgdG1BjLD6ZIfnLO36QJHv?usp=sharing. Acesso em: 6 abr. 2025.

FICO, Carlos. História do tempo presente, eventos traumáticos e documentos sensíveis: o caso brasileiro. Varia Historia, Belo Horizonte, v. 28, n. 47, p. 43-59, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-87752012000100003

FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2009.

GIL, Carmem Zeli Vargas; EUGENIO, Jonas Camargo. Ensino de história e temas sensíveis: abordagens teórico-metodológicas. Revista História Hoje, São Paulo, v. 7, n. 13, p. 139-159, 2018. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/188773. Acesso em: 27 abr. 2025. DOI: https://doi.org/10.20949/rhhj.v7i13.430

JELIN, Elizabeth. Los trabajos de la memoria. Madrid: Siglo XXI, 2002.

MARTINS, Celso. Os quatro cantos do sol: operação Barriga Verde. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006.

MODOLON, Morgana Vieira. A ditadura civil-militar em Criciúma: aspectos da repressão e resistência. 2013. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em História) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2013. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/handle/1/2186. Acesso em: 21 ago. 2022.

MODOLON, Morgana Vieira. Memórias e ensino de história: a ditadura civil-militar em Criciúma como um tema sensível em sala de aula. 2022. 244 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de História) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2022.

PACHECO, Ciro Manoel. [Entrevista]. [Entrevista cedida à] Janete Tichês. CEDOC-UNESC, Criciúma, 20 out. 1992. Disponível em: https://drive.google.com/drive/folders/1E5bf5H0DuHmgdG1BjLD6ZIfnLO36QJHv?usp=sharing. Acesso em: 6 abr. 2025.

PACHECO, Ciro Manoel. [Entrevista]. [Entrevista cedida à] à Marli de Oliveira Costa. CEDOC-UNESC, Balneário Rincão, 22 set. 2012. Disponível em: https://docs.google.com/document/d/1JuX3U0uCk33dn3DJEfBhVTverqPnMAId/edit?usp=sharing&ouid=110937412972842397881&rtpof=true&sd=true. Acesso em: 6 abr. 2025.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Com os olhos no passado: a cidade como palimpsesto. Esboços: Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, Florianópolis, v. 11, n. 11, p. 25-30, jan. 2004. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/163491/000519969.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 6 abr. 2025.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-13, 1989. Disponível em: https://www.uel.br/cch/cdph/arqtxt/Memoria_esquecimento_silencio.pdf. Acesso em: 6 out. 2021.

REIS, Daniel Aarão. Ditadura e sociedade: as reconstruções da memória. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (org.). O golpe e a ditadura militar: 40 anos depois, (1964-2004). São Paulo: Edusc, 2004. p. 29-52.

ROSA, Rodrigo Garcia da. A mais popular: história da Rádio Difusora de Criciúma 1962- 1977. 2006. 50 f. Monografia (Pós-Graduação em História) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2006.

SCHAARSCHIMITH, Marlene Machado. [Entrevista]. [Entrevista cedida à] Janete Susane da Costa Waschinewski. CEDOC-UNESC, Florianópolís, 13 mar. 2019. https://docs.google.com/document/d/1ZWfahQsh4ngCmBNA9CVqtfRg-n1N184-/edit?usp=sharing&ouid=110937412972842397881&rtpof=true&sd=true

SILVA, Marjorry Calumby Gomes da. Rede de Comunicação Eldorado: conexões entre política e poder no sul de Santa Catarina. 2018. 126 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Socioeconômico) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2018.

TEIXEIRA, José Paulo. Os donos da cidade. Florianópolis Ed. Insular, 1996.

TORRES, Mateus Gamba. A justiça nem ao diabo se há de negar: A repressão aos membros do partido comunista brasileiro na operação barriga verde (1975-1978). 2009. 188 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.

TRICHÊS, Janete; ZANELATTO, João Henrique. História política de Criciúma no século XX. Criciúma: Ed. Da UNESC, 2015.

VITALI, Marli Paulina. União dos estudantes secundários de Criciúma (UESC): entre o conservadorismo e a resistência. 2013. 154 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2013.

VOLPATO, Terezinha Gascho. A pirita humana: os mineiros de Criciúma. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1984.

VOLPATO, Terezinha Gascho. Vidas marcadas: trabalhadores do carvão. Tubarão: Ed. UNISUL, 2001.

ZANELATTO, João Henrique; CAMPOS, Krislaine da Cruz de. Comunismo e Anticomunismo no jornal Tribuna Criciumense ‒ 1955-1965. Revista Diálogos, Maringá, v. 22, n. 2, p. 98-119, ago. 2018. DOI: https://doi.org/10.4025/dialogos.v22i2.39739

Downloads

Publicado

2024-12-31

Como Citar

Modolon, M., & Silva, M. M. da. (2024). Memórias subterrâneas da ditadura civil-militar: uma proposta para o ensino de história de Criciúma/SC. História & Ensino, 30(especial), 154–180. https://doi.org/10.5433/2238-3018.2024v30nespecialp154-180

Edição

Seção

Dossiê "60 anos do Golpe de 1964 e seus impactos no Ensino de História".