A identidade indígena brasileira por meio das imagens do livro didático de história

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2238-3018.2019v25n2p449

Palavras-chave:

Livro didático, Imagens, Índio(a), Identidade Indígena,

Resumo

Este artigo analisa a identidade atribuída e veiculada acerca do índio e da índia brasileiros por meio das imagens – ilustrações, fotografias e pinturas – na coleção de livros didáticos de História do autor Alfredo Boulos Júnior (2016), adotada no Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) de 2018 para o Ensino Médio. Buscamos responder aos seguintes questionamentos: Como é representado o indígena brasileiro no livro didático por meio das imagens? Que/Quais identidade/s indígena/s é/são possível/eis vislumbrar por meio destas imagens? A escolha da referida coletânea se justifica por ser a mais adotada pelo PNLD de 2018, de acordo com os dados estatísticos disponibilizados pelo Fundo Nacional de Educação (FNDE), bem como é durante o ensino escolar que se constrói os conceitos sobre a índia e o índio, que são apresentados na escola, primordialmente, por meio do livro didático (CHOPPIN, 2004). O presente estudo utilizou o conceito de identidade de Stuart Hall (2006), a concepção de livro didático de Egil Borre Johnsen (1996) e Alain Choppin (2004), e a problematização de imagem de Peter Burke (2004). Percebemos que em todas as imagens desta coletânea, exceto uma, a índia e o índio são apresentados de cocar, sem vestimentas nos membros superiores e corpo pintado. Nesse contexto, as iconografias são genéricas, apresentando as etnias indígenas como se partilhassem da mesma identificação e cultura. Portanto, na coleção História, Sociedade & Cidadania, as imagens da índia e do índio não os reconhecem em sua complexidade, sobressaltando-se elementos identitários que consideram “o índio genuíno”, sem interferências de outras culturas, como o formador da nação brasileira, construindo e preservando uma identidade, nacionalidade, cultura e ideologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nádia Narcisa de Brito Santos, Universidade Estadual do Ceará - Campus de Quixadá

Mestre em História e Letras pela Universidade Estadual do Ceará na Faculdade de Educação.

Referências

ANDERSON, Benedict. As origens da consciência nacional. In: ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989. p. 46-56. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/75948005/Nacao-e-ConscienciaNacional-Atica-ANDERSON-B. Acesso em: 13 abr. 2018.

BELO, André. História & leitura. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

BITTENCOURT, Circe. Livro didático e saber escolar (1810-1910). Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, sociedade & cidadania: 1° ano do ensino médio. 2. ed. São Paulo: FTD, 2016a.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, sociedade & cidadania: 2° ano do ensino médio. 2. ed. São Paulo: FTD, 2016b.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História, sociedade & cidadania: 3° ano do ensino médio. 2. ed. São Paulo: FTD, 2016c.

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei n°. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade a temática “História e Cultura AfroBrasileira, Africana e Indígena”. Brasília, Presidência da República, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Edital de convocação para o processo de inscrição e avaliação de obras didáticas para o programa nacional do livro didático PNLD 2018. Brasília: MEC, 2015.

BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru, SP: EDUSC, 2004. CAMINHA, Pero Vaz. A carta de Pero Vaz de Caminha. Biblioteca Nacional: RJ, Disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf, acesso em 28/01/2020.

CASSIANO, Célia Cristina de Figueiredo. O mercado do livro didático no Brasil: da criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) à entrada do capital internacional espanhol (1985-2007). 2007. 252 f. Tese (Doutorado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2007.

CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 549-566, set./dez. 2004.

CUNHA, Manuela Carneiro. Política indigenista no século XIX. In: CUNHA, Manuela Carneiro (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: FAPESP, 1992. P. 131-154.

GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. Livros didáticos e fontes de informações sobre as sociedades indígenas no Brasil. In: SILVA, Aracy Lopes da; GRUPIONI, Luís Donizete Benzi (org.). A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1° e 2º graus. Brasília: MEC: UNESCO, 1995. p. 481-526.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. IBGE. Indígenas: gráficos e tabelas. 2018. Disponível em: https://indigenas.ibge.gov.br/graficos-e-tabelas-2.html. Acesso em: 13 abr. 2018.

JOHNSEN, Egil Borre. Libros de texto en el calidoscópio: estúdio crítico de la literatura y la investigación sobre los textos escolares. Barcelona: Ediciones Pomares, 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Campinas: Ed. Papirus, 2006.

MARTINS, Daniel Valério Martins. Comunidade indígena Jenipapó-Kanidé: o processo de aculturação através da educação multicultural e diferenciada utilizada como ferramenta para o desenvolvimento. 2012. 106 f. Dissertação (Mestrado Interuniversitário em Antropologia Ibero-americana) - Universidade de Salamanca, Salamanca, España, 2012.

SACRISTÁN, Gimeno; GÓMEZ, Péres. Compreender e transformar o ensino. 4º ed. São Paulo: Artmed, 1998.

SILVA, Phábio Rocha da. (In)visibilidade indígena no livro didático de história do ensino médio. In: ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ANPUH-RIO: SABERES E PRÁTICAS CIENTÍFICAS. 2014, RIO DE JANEIRO. Anais [...]. Rio de Janeiro: Anpuh-Rio, 2014. p. 1-15.

Downloads

Publicado

2019-12-01

Como Citar

Santos, N. N. de B. (2019). A identidade indígena brasileira por meio das imagens do livro didático de história. História & Ensino, 25(2), 449–473. https://doi.org/10.5433/2238-3018.2019v25n2p449

Edição

Seção

Laboratório (artigo)