Chamada de trabalhos para dossiê temático - 2025/4
Comunicamos que a Revista Entretextos (Qualis 2017-2020- A4) está com chamada aberta para a submissão de artigos, entrevistas, resenhas e traduções para o dossiê temático: Literatura para jovens e crianças na escola: escolha, uso e mediação.
Submissão: até 01 de setembro de 2025.
Previsão para publicação: 30 de dezembro 2025.
Comissão organizadora:
Prof. Drª Carolina Valada Becker (CAP-UFRGS)
Prof. Dr. Clecio dos Santos Bunzen Júnior (UFPE)
Prof. Dr. Fernando Azevedo (CIEC, Instituto de Educação da Universidade do Minho, Portugal)
Prof. Dr. Marcos Scheffel (UFRJ)
Resumo:
Uma série de discursos sobre a crise no ensino circulam em textos publicados na imprensa, em falas de autoridades, em análises de especialistas ou em comentários de pessoas comuns. Dentre eles, o discurso sobre a falta de interesse das crianças e dos jovens pela literatura vem figurando há décadas como algo certo. Vários vilões já foram eleitos para justificar esse suposto afastamento das crianças e dos jovens da literatura: o cinema, o rádio, a TV, as mídias sociais. Também já se apontou o como a escola e os professores afastariam os jovens da literatura ao tornar a leitura uma atividade obrigatória que imporia autores antigos e enfadonhos ou que a própria didatização do trabalho com textos literários impediria a fruição das obras. Há por trás destas avaliações a ideia de que em algum momento as crianças e jovens liam mais – uma espécie de idade de ouro que foi perdida e que precisa ser recuperada. Como afirma María Teresa Andruetto (2017), a formulação “antes se lia mais” desconsidera uma série de dados materiais como a universalização do ensino que trouxe para os bancos escolares alunos de outros extratos sociais.
O presente dossiê pretende promover um debate sobre as diferentes possibilidades de práticas de leitura literária na educação básica em nossas escolas. Um dos principais objetivos é discutir o processo de escolha, de usos e os processos complexos de mediação de obras literárias no contexto escolar, considerando políticas públicas contemporâneas (como o caso do PNLD-Literário) e outras ações desenvolvidas nas escolas. Também esperamos pesquisas que discutam o papel de programas de formação inicial (PIBID, Residência Pedagógica) no desenvolvimento de práticas de leitura literária, bem como em programas de formação continuada como o ProfLetras. Há, ainda, poucos estudos sobre os critérios de escolha das obras literárias utilizadas por professores(as) em diferentes contextos de atuação, assim como sobre a recepção de tais obras em comunidades de leitura específicas, tópicos aos quais a presente proposta tenta dar protagonismo.
Este dossiê temático procura, assim, dialogar com o campo da Educação Literária (Andruetto, 2017; Bajour, 2012), do Letramento e do Letramento Literário (Rojo 2009; Cosson, 2021), da Linguística Aplicada (Lopes, 2006), da Teoria e da Crítica Literária - com destaque para as pesquisas sobre livros para jovens e crianças (Zilberman 1984; Zilberman; Rösing 2009; Machado 2002), assim como diferentes áreas afins.
Referências
ANDRUETTO, M. T. Ler, direito de todos. In: ANDRUETTO, M. T. A leitura, outra revolução. Tradução de Newton Cunha. São Paulo: Editora do Sesc, 2017. p. 124-125.
BAJOUR, C. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. Tradução de Alexandre Morales. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. 2 ed. 12ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2021.
LOPES, L. P. M. (org.). Por uma linguística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola, 2006.
MACHADO, A. M. Como e por que ler os clássicos desde sempre. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
ZILBERMAN, R. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1984.
ZILBERMAN, R; RÖSING, T. M. K. Escola e leitura: velha crise, novas alternativas. Rio de Janeiro: Global, 2009.
ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.