A vulnerabilidade externa da economia brasileira diante o cenário da economia mundial pós-2008

um olhar à luz dos fatores estruturais da sua inserção comercial e financeira (2000-2017)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/2317-627X.2024.v12.n2.49135

Palavras-chave:

vulnerabilidade externa; balanço de pagamentos; especialização produtiva; hierarquia de moedas.

Resumo

O presente trabalho buscou avaliar a vulnerabilidade externa da economia brasileira diante o cenário da economia mundial pós-2008, lançando breves considerações acerca dos fatores estruturais da sua inserção comercial e financeira no período 2000-2017. Tendo em vista alcançar tal objetivo, buscou-se não só fazer uma breve apresentação acerca dos principais fatos e questões que marcam o cenário recente da economia mundial, mas também levar em consideração duas abordagens teóricas complementares: 1) as ideias de Raúl Prebisch (1949) acerca da divisão do sistema econômico mundial entre centro e periferia, e 2) a percepção de que o sistema monetário e financeiro internacional apresenta profundas assimetrias, as quais derivam da existência de uma hierarquia de moedas em âmbito internacional. Nesse sentido, ao destacar-se o aprofundamento de incertezas e assimetrias na caracterização da economia mundial, bem como o fato que o Brasil constitui uma economia especializada em produtos (básicos e semimanufaturados) com baixo valor agregado, e emissora de uma moeda com baixa liquidez internacional, observou-se que a discussão da vulnerabilidade externa da economia brasileira está longe de ser superada, em que pese qualquer melhora nos indicadores conjunturais de vulnerabilidade externa, tais como o expressivo volume de reservas internacionais acumuladas ao longo dos anos 2000.

Biografia do Autor

Cryslãine Flavia da Silva Rodrigues, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Bacharela em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e mestra em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Doutora em Economia do Desenvolvimento pelo Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Referências

AIZENMAN, J.; ITO, H. East Asian economies and financial globalization in the post-crisis world. National Bureau of Economic Research Working Paper, Cambridge, n. 22268, p. 1-34, maio 2016. DOI 10.3386/w22268

ATTÍLIO, L. A. Análise da regulação da conta de capital. Cadernos CEPEC, Belém, v. 5, n. 2, p. 4-22, fev. 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpa.br/index.php/cepec/article/view/6896/5422. Acesso em: 23 jun. 2023.

BCB – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Balanço de pagamentos: BPM6. Brasília, DF: Bacen, [2018]. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 23 jun. 2018.

BIS – BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. 83rd annual report. BIS, Basel, n. 83, jun. 2013. Disponível em: https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2013e.htm. Acesso em: 23 jun. 2023.

BIS – BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. 84th annual report. BIS, Basel, n. 84, jun. 2014. Disponível em: https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2014e.htm. Acesso em: 23 jun. 2018.

BIS – BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. 85th annual report. BIS, Basel, n. 85, jun. 2015. Disponível em: https://www.bis.org/publ/arpdf/ar2015e.htm. Acesso em: 23 jun. 2018.

BIS – BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. BIS quarterly review: international banking and financial market developments. Basel: BIS, 2018.

BORIO, C.; SHIN, H. S. Media briefing: BIS quarterly review. BIS, Basel, mar. 2018. Disponível em: https://www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt1803_ontherecord.htm. Acesso em: 22 jun. 2018.

BRASIL. Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Estatísticas de comércio exterior. Brasília, DF: MDIC, 2018. Disponível em: http://www.mdic.gov.br. Acesso em: 22 jun. 2018.

BRESSER-PEREIRA, L. C.; RUGITSKY, F. Industrial policy and exchange rate skepticism. Cambridge Journal of Economics, Oxford, v. 42, n. 3, p. 617-632, 2018. DOI: https://doi.org/10.1093/cje/bex004

COHEN, B. J. International currency. In: COHEN, B. J. Currency power: understanding monetary rivalry. Oxford: Oxford University Press, 2015. p. 8-27.

CONTI, B. M.; PRATES, D. M.; PLIHON, D. A hierarquia monetária e suas implicações para as taxas de câmbio e de juros e a política econômica dos países periféricos. Economia e Sociedade, Campinas, v. 23, n. 2, p. 341-372, ago. 2014. DOI 10.1590/S0104-06182014000200003

CREDIT SUISSE GROUP. Getting over globalization: outlook for 2017. [Genebra]: Credit Suisse Group, 19 jan. 2017. Disponível em: https://www.credit-suisse.com/about-us-news/en/articles/media-releases/_getting-over-globalization---what-to-watch-for-in-2017--201701.html. Acesso em: 20 mar. 2018.

EICHENGREEN, B.; LOMBARDI, D. RMBI or RMBR: is the renminbi destined to become a global or regional currency?. National Bureau of Economic Research Working Paper, Cambridge, n. 21716, p. 1-34, nov. 2015. DOI 10.3386/w21716

FRITZ, B.; PRATES, D.; PAULA, L. F. Keynes at the periphery: currency hierarchy and challenges for economic policy in emerging economies. Journal of Post Keynesian Economics, Abingdon, v. 40, p. 183-202, maio 2017. DOI 10.1080/01603477.2016.1252267

FUKUYAMA, F. US against the world?: Trump’s America and the new global order. Financial Times, London, 11 nov. 2016. Disponível em: https://www.ft.com/content/6a43cf54-a75d-11e6-8b69-02899e8bd9d1. Acesso em: 22 jun. 2018.

GLOBALISATION'S retreat?. The Economist, London, 25 jun. 2015. Disponível em: https://www.economist.com/buttonwoods-notebook/2015/06/25/globalisations-retreat. Acesso em: 27 maio 2018.

GONÇALVES, R. Economia política internacional: fundamentos teóricos e as relações internacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

GROUP OF THIRTY. Fundamentals of central banking: lessons from the crisis. Washington, DC: G30, 2015. p. 12.

IKENBERRY, G. J. The end of liberal international order?. International Affairs, Oxford, v. 94, n. 1, p. 7-23, jan. 2018. DOI 10.1093/ia/iix241

IMF – INTERNACIONAL MONETARY FUND. World economic outlook. Washington, DC: IMF, 2016. Disponível em: http://www.imf.org/en/publications/weo. Acesso em: 27 maio 2018.

IMF – INTERNACIONAL MONETARY FUND. World economic outlook. Washington, DC: IMF, 2017. Disponível em: http://www.imf.org/en/publications/weo. Acesso em: 1 jun. 2018.

IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Ipeadata: macroeconômico. Brasília, DF: IPEA, 2018. Disponível em: http://www.ipea.gov.br. Acesso em: 20 jun. 2018.

KALDOR, N. Causes of the slow rate of economic growth of the United Kingdom. Cambridge: Cambridge University Press, 1966.

LÉLIS, M. T. C.; SILVEIRA, E. M. C.; CUNHA, A. M.; HAINES, A. E. F. Economic growth and balance-of-payments constraint in Brazil: an analysis of the 1995-2013 period. EconomiA, [Niterói], v. 19, n. 1, p. 38-56, Jan./Apr. 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.econ.2017.06.002

LUND, S.; WINDHAGEN, E.; MANYIKA, J.; HÄRLE, P.; WOETZEL, L.; GOLDSHTEIN, D. The new dynamics of financial globalization. Instituto Global Mckinsey, Washington, DC, 22 ago. 2017. Disponível em: https://www.mckinsey.com/industries/financial-services/our-insights/the-new-dynamics-of-financial-globalization. Acesso em: 13 mar. 2018.

MEDEIROS, C.; SERRANO, F. Inserção externa, exportações e crescimento no Brasil. In: FERRAZ, J. C.; CROCCO, M.; ELIAS, L. A. (org.). Liberalização econômica e desenvolvimento. São Paulo: Futura, 2003. p. 324-349.

OSTRY, J. D.; GHOSH, A. R.; HABERMEIER, K.; LAEVEN, L.; CHAMON, M.; QURESHI, M. S.; KOKENYNE, A. Managing capital flows: what tools to use?. Asian Development Review, Mandaluyong City, v. 29, n. 1, p. 83-89, 2012. Disponível em: https://www.imf.org/external/pubs/ft/sdn/2011/sdn1106.pdf. Acesso em: 27 maio 2018.

OSTRY, J. D.; LOUNGANI, P.; FURCERI, D. Neoliberalism: oversold?. Finance & Development, Washington, DC, v. 53, n. 2, p. 38-41, jun. 2016. Disponível em: https://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2016/06/pdf/ostry.pdf. Acesso em: 27 maio 2018.

PALLUDETO, A. W. A.; ABOUCHEDID, S. C. A hierarquia de moedas e a relação centro-periferia revisitada. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS CENTROS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA, 42., 2014, Natal. Anais [...]. Natal: ANPEC, 2014. Disponível em: https://www.anpec.org.br/encontro/2014/submissao/files_I/i7-e923374cc89126567270d9f340d65214.pdf. Acesso em: 27 maio 2018.

PRASAD, E. A middle ground: the renminbi is rising but will not rule. Finance & Development, Washington, DC, v. 54, n. 1, p. 30-31, mar. 2017. DOI 10.5089/9781475577150.022

PRATES, D. M. As assimetrias do sistema monetário e financeiro internacional. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 9. n. 2. p. 263-288, maio/ago. 2005. DOI 10.1590/S1415-98482005000200002

PREBISCH, R. El desarrollo económico de la América Latina y algunos de sus principales problemas. In: GURRIERI, A. (org.). La obra de Prebisch en la Cepal: lecturas. Ciudad de Mexico: Fondo de Cultura Económica, 1982. p. 5-63.

RIBEIRO, F. J. S. Reavaliando a vulnerabilidade externa da economia brasileira. Brasília, DF: IPEA, 2016.

RODRIGUES, C. F. S.; LOURENÇO, A. L. C. A case for industrial policy?: forecast results from a disaggregated BOP-constrained growth model for brazilian economy (2016-2025). Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 1-24, 2021. DOI 10.1590/198055272512

STIGLITZ, J. E. Capital market liberalization, economic growth, and instability. World Development, Amsterdam, v. 28, n. 6, p. 1075-1086, 2000. DOI 10.1016/S0305-750X(00)00006-1

STREECK, W. How will capitalism end?. New Left Review, London, n. 87, p. 35-64, maio/jun. 2014. Disponível em: https://newleftreview.org/issues/ii87/articles/wolfgang-streeck-how-will-capitalism-end.pdf. Acesso em: 20 abr. 2018.

SUMMERS, L. U. S. Economic prospects: secular stagnation, hysteresis, and the zero lower bound. Business Economics, Berlim, v. 49, n. 2, p. 65-73, Feb. 2014. DOI: https://doi.org/10.1057/be.2014.13

THE FUTURE of liberalism: how to make sense of 2016. The Economist, London, 24 Dec. 2016. Disponível em: https://www.economist.com/leaders/2016/12/24/how-to-make-sense-of-2016. Acesso em: 27 maio 2018.

THIRLWALL, A. Economic growth in an open developing economy: the role of structure and demand. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2013.

THIRLWALL, A. The balance of payments constraint as an explanation of international growth rate differences. Banca Nazionale del Lavoro Quarterly Review, Roma, v. 32, n. 128, p. 45-53, 1979. Disponível em: https://econpapers.repec.org/article/pslbnlqrr/1979_3a01.htm. Acesso em: 20 abr. 2018.

UNIDO – UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION. Competitive industrial performance index (CIP): edition 2018. Viena: UNIDO, 2018. Disponível em: http://stat.unido.org/database/CIP%202018. Acesso em: 24 June 2018.

Downloads

Publicado

11-06-2024

Como Citar

Rodrigues, C. F. da S. (2024). A vulnerabilidade externa da economia brasileira diante o cenário da economia mundial pós-2008: um olhar à luz dos fatores estruturais da sua inserção comercial e financeira (2000-2017). Economia & Região, 12(2), 329–355. https://doi.org/10.5433/2317-627X.2024.v12.n2.49135