Georgina de Albuquerque e Augusto Bracet
narrativas de gênero em disputa na construção artística do Centenário da Independência do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-9126.2024.v18.50632Palavras-chave:
Georgina de Albuquerque, Augusto Bracet, Independência do Brasil, Centenário da Independência, Mulheres artistasResumo
O presente artigo transita entre questionamentos aos cânones artísticos masculinos que constroem nossa memória histórica nacional e as possibilidades de expandir referências acerca das representações que embasam as relações em sociedade. Sendo assim, considera-se as narrativas visuais da independência do Brasil um ponto de partida para a possível elaboração de outros discursos, estes podendo englobar também registros da atuação de mulheres no processo de emancipação. Para isso, podemos refletir criticamente sobre a pintura histórica de Georgina de Albuquerque, Sessão do Conselho de Estado (1922), realizada em razão da comemoração do Centenário da Independência do Brasil e que, junto de mais três obras, elaboradas por artistas homens, foram compradas pelo governo federal com a intenção de vincular a data comemorativa à construção de símbolos nacionais associados ao novo regime político. Assim, intenciona-se discutir a respeito de como a narrativa construída na pintura de Georgina se relaciona com uma dessas três obras, especificamente. Busca-se uma análise comparativa entre as obras Sessão do Conselho de Estado (1922) e Primeiros sons do Hino da Independência (1922), de Augusto Bracet, que de certa forma se distanciam e, ao mesmo tempo, complementam-se. Há, aqui, um convite para pensarmos, também, as dimensões extra-artísticas que permeiam a história da arte, sobretudo considerando as relações de gênero.
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