A pintura Menino Azul (1770)
citacionismo artístico e a construção visual das masculinidades
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-9126.2024.v18.50179Palavras-chave:
Gênero, Imagem, Cultura visual, EducaçãoResumo
O objetivo deste artigo é evidenciar o aspecto pedagógico da cultura visual no que diz respeito à construção dos gêneros, em especial das masculinidades. Para desenvolvê-lo, elaborou-se uma reflexão sobre as disputas entre gênero, educação, arte e cultura visual, sublinhando quão temporários e movediços são os significados decorrentes desse processo. Epistemologicamente, o texto foi fundamentado nos Estudos da Cultura Visual e, estruturalmente, foi organizado em dois momentos. No primeiro deles, apresentam-se processos a partir dos quais se opera a construção de gênero dos sujeitos, com ênfase nas masculinidades, chamando a atenção para os artefatos da cultura visual que são acionados para esse fim. Em seguida, debruça-se, com mais profundidade sobre um artefato específico: a pintura Menino Azul (1770), feita pelo artista inglês Thomas Gainsborough (1727-1788). Reflete-se, ainda, sobre os citacionismos artísticos que foram feitos à pintura. As análises indicam que as associações visuais que se estabelecem para cada gênero (como cores, poses, roupas e acessórios específicos para masculinidades e feminilidades) não são espontâneas, nem tampouco fixas. Logo, conclui-se que os usos da cultura visual em associação a masculinidades e feminilidades são atravessados por relações de poder entre grupos que disputam por significados e que prestam manutenção ou resistência aos modos hegemônicos como vêm sendo construídos os gêneros.
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