v. 9 n. 17 (2015)

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A imagem da capa apresenta uma pintura de Miguel Cabrera (1695-1768), criollo nascido em Antequera, na Nova Espanha, e um dos mais influentes artistas de seu tempo. Dentre suas obras mais conhecidas está o retrato da religiosa e poetisa Sor Juana Inés de la Cruz. A obra aqui reproduzida é intitulada De español y mulata, morisca (1763) e pertence a um colecionador particular. Ela deveria compor, com mais 15 pinturas, uma série que funcionava como uma espécie de catálogo das razas e tipos sociais da sociedade colonial nova-hispana. Cada uma delas apresentava – através da representação de casais com seus filhos - uma das chamadas “castas” coloniais, como a do coyote (mestiço com índia) ou do castizo (espanhol com mestiça). Este tipo de trabalho ficou conhecido como “pintura de castas” e foi bastante comum no século XVIII, tanto na Nova Espanha quanto no Peru. As séries de “castas” também podem ser interpretadas como uma reação ao processo desencadeado pelo chamado reformismo bourbônico, que tentava alijar, gradualmente, as elites criollas dos principais postos de comando da administração colonial. Nesse sentido, elas visavam reforçar a identidade criolla, ressaltando a chamada “limpeza de sangue” das elites coloniais e tentando demarcar claramente as diferenças de “castas” e classes sociais. Elas revelavam, por outro lado, toda a ambiguidade do contexto já que, ao mesmo tempo que ordenavam simbolicamente a sociedade, explicitavam o alto grau de diversidade e mestiçagem do mundo colonial. Para o pesquisador, além das hierarquias sociais, a “pintura de castas” permite perscrutar os espaços sociais, as vestimentas, os hábitos e os costumes retratados. 

José Carlos Vilardaga

Publicado: 2015-07-31

Apresentação

  • Dossiê: América Colonial em imagens

    José Carlos Vilardaga
    1-6
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p1

Artigos do dossiê

Artigos gerais

  • A natureza em misiones e a construção da identidade nacional na Argentina: representações imagéticas nos relatos de expedições portenhas da segunda metade do século XIX

    Bruno Pereira de Lima Aranha
    166-195
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p166
  • Artvismo urbano: as novas figurações políticas dos feminismos latino-americanos

    Júlia Glaciela da Silva Oliveira
    196-217
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p196
  • Pitoresco, um pensamento de arte

    Thiago Costa
    218-236
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p218
  • O corpo como imagem: as celebridades como modelos

    Marta Cordeiro
    237-256
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p237
  • Cultura da mídia e medievalidade: uma análise do videojogo Assassin’s Creed

    César Henrique de Queiroz Porto, Luiz Gustavo Soares Silva
    257-276
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p257

Resenhas

  • Las máquinas del império y el reino de Dios [resenha]

    Amanda Cieslak Kapp, Tiago Bonato
    277-282
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p277

Edição completa

  • Domínios da Imagem (17): América Colonial em Imagens

    José Carlos Vilardaga (Org.).
    1-282
    DOI: https://doi.org/10.5433/2237-9126.2015v9n17p1