Entre cinema e política: repensando a autoria de Viva Zapata!, de Elia Kazan
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-9126.2011v5n9p33Palavras-chave:
Viva Zapata, Elia Kazan, MacartismoResumo
Marcada pelas tensões da Guerra Fria e pela presença da House Un-American Activities Committe, a Hollywood dos anos cinqüenta conta, por meio de suas produções, histórias de resistência e submissão ao clima de caça às bruxas. O filme Viva Zapata! (1952), que narra a trajetória do revolucionário Emiliano Zapata durante a Revolução Mexicana, dialoga com questões políticas e culturais da época. Foi o primeiro filme de Elia Kazan lançado após sua delação perante a HUAC, tornando-se, assim, marcado por esse fato – que direciona suas interpretações a posicionamentos políticos ou justificativas do diretor. Este artigo propõe outra leitura de Viva Zapata!, por acreditarmos tratar-se de uma obra de arte coletiva, na qual tanto Kazan, quanto o roteirista John Steinbeck, assim como os atores principais Marlon Brando e Anthony Quinn, tem participação direta. Pretendemos discutir, portanto, a questão da autoria na produção da obra cinematográfica em questão, em contraponto ao debate político que marcou sua leitura.
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