Uma “grande família hispano-lusitana”
Silvestre Pinheiro Ferreira e o projeto de Confederação das Nações Independentes (1821 – 1822)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2022v15nEspecialp182-210Palabras clave:
Brasil, Independências, América Latina, Confederação das Nações, História.Resumen
Neste artigo pretendemos tratar do projeto de uma Confederação ou Sociedade das Nações Independentes envolvendo as recém-criadas repúblicas hispano-americanas, do Haiti, dos Estados Unidos e da Grécia, bem como a monarquia de Portugal, às vésperas da independência do Brasil (1821-1822). De autoria do ministro de Negócios Estrangeiros e da Guerra de d. João VI, Silvestre Pinheiro Ferreira (1769 – 1846), a institucionalização de uma Confederação de Nações pode ser vista como uma estratégia para manter as relações entre a coroa lusitana e o Brasil após o retorno do rei para Portugal, em 1821. Pretendemos explorar as nuances deste projeto a partir de manuscritos coletados pelo diplomata venezuelano D. Simón Planas-Suárez quando esteve em Lisboa nas primeiras décadas do século XX. Também analisaremos a leitura de Manuel de Oliveira Lima (1867-1928) acerca do projeto. Ainda que não tenha ido adiante, o projeto de Confederação nos permite matizar os esforços de relacionamento entre o Império luso-brasileiro e os países vizinhos, oferecendo uma alternativa para além dos projetos de cooperação internacional pensados por Simón Bolívar (1783-1830). Ademais, pretendemos sinalizar que discursos de unidade no contexto das independências foram retomados à luz do pós-Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e do estabelecimento da Liga das Nações.
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