Tráfico, “Revolução”, Independência e política em Pernambuco

A trajetória de uma empresa familiar no tráfico, 1817-1846

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2022v15nEspecialp118-145

Palabras clave:

Independência, Tráfico, Traficantes

Resumen

Este trabalho investiga o lugar do tráfico na história política de Pernambuco entre 1817 e os anos 1840, através da trajetória de dois grandes traficantes, pai e filho, que operavam a partir do Recife e de seu engenho na zona da mata – um dos maiores da província. Ambos estiveram sempre do lado monarquista e conservador na política provincial. O pai, português, chegou a ser preso pelo governo republicano de 1817. O filho não era branco, mas ocupou posição destacada no corpo do comércio do Recife e casou com a filha de outro grande negociante de cativos, constituindo talvez a família mais abastada da província. Na escala atlântica, Pernambuco está em quarto lugar entre os locais que mais receberam cativos da África entre os séculos XVI e XIX. O estudo dessas trajetórias, portanto, ajuda a entender o papel político dos traficantes e suas redes no contexto da Independência e da transição para negócios legais depois de 1831.

Métricas

Cargando métricas ...

Biografía del autor/a

Marcus Joaquim Maciel de Carvalho, Universidade Federal de Pernambuco

Professor Titular de História do Brasil da UFPE

Citas

AGUALUSA, José Eduardo. Nação crioula. Rio de Janeiro: Grypho, 2001.

AHU (Arquivo Histórico Ultramarino), Lisboa. Fundo Angola, caixa 133. Luiz da Motta Feo ao Visconde da Barra 04/07/1817.

ALBUQUERQUE, Aline Emanuelle de Biase. De “Angelo dos retalhos” a Visconde de Loures: a trajetória de um traficante de escravos (1818-1858). 2016. 134 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.

ALMEIDA, Suely Creusa Cordeiro de; BEZERRA, Janaína dos Santos. Cor, qualidade e condição: uma reflexão sobre conceitos no Brasil Colonial no século XVIII. Luso-Brazilian Review, Madison, v. 56, n. 1, p. 130-160, 2019. DOI: https://doi.org/10.3368/lbr.56.1.130

APEJE (Arquivo Público Jordão Emerenciano. Recife). Fundo Porto do Recife Vigilância Sanitária. Provedoria-mor da Saúde. Livro d’Entradas das Embarcacoens Vezitadas da Provedoria Mor da Saude (1813-1829).

APEJE (Arquivo Público Jordão Emerenciano. Recife). Fundo Câmara Municipal vol. 7, s/p. Lista dos candidatos. 26/05/1829.

BARMAN, Roderick J. Brazil: the forging of a nation 1798-1852. Stanford: Stanford University Press, 1988.

BERNARDES, Denis Antônio de Mendonça. O patriotismo constitucional: Pernambuco 1820-1822. São Paulo: UFPE Hucitec, 2006.

BETHELL, Leslie. The abolition of the Brazilian slave trade: Britain, Brazil and the slave trade question. Cambridge: Cambridge University Press, 1970. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511759734

BEZERRA, Janaína Santos. A fraude da tez branca: a integração de indivíduos e famílias pardas na elite colonial Pernambucana (XVIII). 2016. 323 f. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.

CABRAL, Flavio José Gomes. A linguagem política oitocentista: cartas, panfletos, versos e boatos no norte da América Portuguesa. História Unisinos, São Leopoldo, v. 21, n. 2, p. 259-269, 2017. DOI: https://doi.org/10.4013/htu.2017.212.10

CADENA, Paulo Henrique Fontes. Ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser cavalgado: trajetórias políticas dos Cavalcanti de Albuquerque (Pernambuco, 1801-1844). Recife: Ed. Universitária UFPE, 2013.

CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. A rápida viagem dos “berçários infernais” e os desembarques nos engenhos do litoral de Pernambuco depois de 1831. In: OSÓRIO, Helen; XAVIER, Regina Célia Lima (org.). Do tráfico ao pós-abolição: trabalho compulsório e livre e a luta por direitos sociais no Brasil. São Leopoldo: Oikos, 2018. p. 126-164.

CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. O desembarque nas praias: o funcionamento do tráfico de escravos depois de 1831. Revista de História, São Paulo, n. 167, p. 223-260, 2012. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i167p223-260

CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão: ilegalidade e costume no Brasil oitocentista. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais Pernambucanos: 1983-1985. Recife: Fundarpe, 1985. Vol. 10.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Dicionário biográfico de pernambucanos célebres. Recife: FCCR, 1982.

COSTA, Iraci Del Nero; MARCONDES, Renato Leite. A moeda no Brasil. Boletim de História Demográfica, São Paulo, ano 3, n. 10, 1996.

COSTA, Valéria Gomes. O Recife nas rotas do atlântico negro: tráfico, escravidão e identidades no oitocentos. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 186-217, 2013.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Recife: Typografia Fidedigna, 16/03/1830.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Recife: Typografia Fidedigna, 17/02/1834.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Recife: Typografia M. F. de Faria, 02/06/1846.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, Divisão de Obras Raras1955. v. 7.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 101.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 102.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 104.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 105.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 107.

DOCUMENTOS históricos: revolução de 1817. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 1955. v. 108.

EISENBERG, Peter. Modernização sem mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

GOMES, Amanda Barlavento. A trajetória de vida do barão de Beberibe, um traficante de escravo no império do Brasil (1820 – 1855). 2016. 149 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade federal de Pernambuco, Recife, 2016.

GONÇALVES, Andréa L. As “várias independências”: a contrarrevolução em Portugal e em Pernambuco e os conflitos antilusitanos no período do constitucionalismo (1821-1824). CLIO: Revista de Pesquisa Histórica, Recife, v. 36, n. 1, p. 4-27, 2018. DOI: https://doi.org/10.22264/clio.issn2525-5649.2018.36.1.02

IAHGP (Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife). Estante A, gaveta 12, "Devassa Instaurada pelo Crime de Distribuição de Pasquins Sediciosos, 1829".

IAHGP (Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife). Documentos das gavetas. Correspondência de José Joaquim Pereira para José de Oliveira Ramos, 20/04/1823.

HCPP (HOUSE OF COMMONS PARLIAMENTARY PAPERS). Slave trade. Correspondence with British Commissioners and with foreign powers relative to the Slave trade [class A and Class B], 1840, vol. 18, 2nd and 3rd enclosure to 257, 18/07/1839, p. 393.

HCPP (HOUSE OF COMMONS PARLIAMENTARY PAPERS). Correspondence with Foreign Powers [Class B and C]. 1844, Vol. 26 1st Enclosure in n. 307, 04/08/1843, p. 372.

IVO, Isnara Pereira; PAIVA, Eduardo França (org.). Dinâmicas de mestiçagens no mundo moderno: sociedades, culturas e trabalho. Vitória da Conquista: UESB, 2016.

LEITE, Glacyra Lazzari. Pernambuco 1817: estrutura e comportamentos Sociais. Recife: Massangana, 1988.

MELLO, Evaldo Cabral de (ed.). A outra independência: o federalismo pernambucano, 1817 a 1824. São Paulo: Editora 34, 2004.

MELLO, Evaldo Cabral de (ed.). Cartas pernambucanas de Luís do Rego Barreto. Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Recife, v. 52, p. 94, 191, 194, 1979.

MELO, Antonio Joaquim de (ed.). Biografia de Gervásio Pires Ferreira. Recife: Editora Universitária, 1895.

MELO, Antonio Joaquim de (ed.). Obras políticas e literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. Recife: Assembléia Legislativa, 1875.

MOTA, Carlos Guilherme. Nordeste 1817: estruturas e argumentos. São Paulo: Perspectiva, 1972.

NA (National Archives. Londres). “Vice-Consul Chritophers to Lord Palmerston, 30/05/1850”. Foreign Office vol. 84/809, Slave Trade, Brazil, January to December 1850, p. 97-98.

NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império. Paris: Garnier, 1897.

NEEDELL, Jeffrey. The party of order: the conservatives, the State and slavery in the Brazilian Monarchy, 1831-1871. Stanford: Stanford University Press, 2006. DOI: https://doi.org/10.11126/stanford/9780804753692.001.0001

O Nazareno (Recife: Tipografia Nazarena), 23/06/1846. Hemeroteca do Arquivo Público Jordão Emerenciano (Recife).

PARRON, Tâmis. A política da escravidão no Império do Brasil, 1826-1865. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

PENA, Eduardo Spiller. Pajens da casa imperial: jurisconsultos, escravidão e a lei de 1871. Campinas: UNICAMP, 2001.

PINTO, Estevão. A associação comercial de Pernambuco: livro Comemorativo do seu primeiro centenário, 1839-1939. Recife: Oficinas Gráficas do Jornal do Commercio, 1940.

QUINTAS, Amaro. O sentido social da Revolução Praieira. Recife: UFPE, 1977.

RAMINELLI, Ronald. Impedimentos da cor: mulatos no Brasil e em Portugal c. 1640-1750. Varia História, Belo Horizonte, v. 28, p. 699-723, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-87752012000200011

REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos; CARVALHO, Marcus Joaquim M. de. O Alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no atlântico negro (c.1822 - c. 1853). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

SILVA, Alberto da Costa e. Francisco Felix de Souza, mercador de escravos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2526-303X.v0i22-23p9-23

SILVA, Daniel Barros Domingues da; ELTIS, David. The slave trade to Pernambuco, 1561-1851. In: ELTIS, David; RICHARDSON, David (ed.). Extending the frontiers: essays on the new transatlantic slave trade database. New Haven: Yale University Press, 2008. p. 95-129. DOI: https://doi.org/10.12987/yale/9780300134360.003.0003

SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A primeira gazeta da Bahia: idade d´ouro do Brasil. Salvador: Editora da UFBA, 2005.

TOLLENARE, Louis-François. Notas dominicais tomadas durante uma viagem em Portugal e no Brasil, em 1816, 1817 e 1818. Salvador: Progresso, 1956.

TSTD (Transatlantic Slave Trade Database, slavevoyages.org.) Registros números 483, 40.580, 40.584, 40.785 47.022, 48.773, 48.878, 48.906. https://www.slavevoyages.org/voyage/database

TYPHIS PERNAMBUCANO. Recife: Typografia de Miranda e Comp. 01/04/1824. In: MELLO, Antônio Joaquim de (Ed.). Obras Políticas e Literárias de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. (Recife, 1875); reedição: Recife, Assembléia Legislativa, 1972, tomo II, p. 515.

VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo de Benin e a Bahia de Todos os Santos dos séculos XVII a XIX. São Paulo: Corrupio, 1987.

VILLA, Carlos Valencia; FLORENTINO, Manolo. Abolicionismo inglês e tráfico de crianças escravizadas para o Brasil, 1810-1850. Revista História, São Paulo, v. 35, p.1-20, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/1980-436920160000000078

VILLALTA, Luiz Carlos. Pernambuco, 1817, “encruzilhada de desencontros” do Império luso-brasileiro: notas sobre as ideias de pátria, país e nação. Revista USP, São Paulo, v. 58, p. 58-91, 2003. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i58p58-91

Publicado

2022-12-07

Cómo citar

CARVALHO, M. J. M. de. Tráfico, “Revolução”, Independência e política em Pernambuco: A trajetória de uma empresa familiar no tráfico, 1817-1846. Antíteses, [S. l.], v. 15, n. Especial, p. 118–145, 2022. DOI: 10.5433/1984-3356.2022v15nEspecialp118-145. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/44100. Acesso em: 17 may. 2024.