A história institucional recente da política de patrimônio cultural na cidade do Rio de Janeiro: versões protecionistas, versões empreendedoras
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2016v9n17p222Palabras clave:
Políticas culturais, Patrimônio cultural, Empreendedorismo urbano, Insulamento burocrático, Economia criativaResumen
O artigo procura-se interpelar as relações entre a nova gestão urbana e o patrimônio cultural. De forma mais vertical analisar-se-á a história recente das políticas patrimoniais em atividade na cidade do Rio de Janeiro, procurando ilustrar duas fases distintas: a primeira mostra correspondência com as escolhas produzidas pelos institutos de proteção da memória nacional, expressando preocupação com a dimensão do conjunto urbano e paisagístico, incluindo preliminar articulação com a dimensão ambiental. Numa segunda fase, mais recente, a política de patrimônio incorpora alguns dos elementos do marketing urbano e da economia criativa, em flagrante aproximação ao empreendedorismo urbano, tendo em seu esforço final ampliado o cenário de centralismo burocrático que já se desenhava. Pretende-se expor que as alterações em curso na forma representar e agir sobre o urbano, que corroboram para a radicalização do processo de mercantilização das cidades, encontram apoio evidente no campo cultural, em especial no que toca ao seu gestionamento.Descargas
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