A medalha Arquitetura Brasileira de Honório Peçanha (1978)
relações entre escultura e arquitetura no crepúsculo do modernismo
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2024v17n33p463-493Palavras-chave:
Medalhística, Escultura Brasileira, Arquitetura Brasileira, Século XXResumo
O artigo propõe uma “análise atenta” da medalha Arquitetura Brasileira (1978), concebida por Honório Peçanha. Do ponto de vista metodológico, trata-se de entendê-la como objeto privilegiado, um “lugar de memória”, tal como sugerido por Pierre Nora, para o entendimento das relações entre escultura e arquitetura em meio aos debates sociais e formais no crepúsculo do modernismo: a partir de um “monumento” comemorativo, discute-se um mais amplo conjunto de nuances, na confluência de métodos entre história da arte (atenção ao objeto e sua fatura), história da cultura e mentalidades (atenção ao contexto e condições da produção artística), e em uma aproximação aos recursos da micro-história, como sua apropriação da descrição densa de Clifford Geertz (relacionando a atenção ao objeto com a atenção ao contexto). A relevância do trabalho, ao esmiuçar o “lugar” da medalhística na historiografia e na arte, está em alcançar, assim, resultados como perceber de que modo temas como a “mania das estátuas” ou Realismo Socialista reverberam na tensão entre o figurativismo do nosso primeiro modernismo e as correntes construtivas e abstratas que se firmam no pós-guerra, e o papel de “certa arquitetura” (Niemeyer) nesta espécie de transição.
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