Nacionalismo cultural e indigenismo em murais e telas mexicanos

reflexões sobre as representações dos indígenas no filme Rio Escondido (1947), de Emílio Fernández

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2023v16n31p460-496

Palavras-chave:

Nacionalismo, Indigenismo, México, Cinema, Rio Escondido

Resumo

Propomos, no presente artigo, analisar as representações dos indígenas e os espaços a eles atribuídos no filme mexicano Rio Escondido (1947). Dirigido por Emílio Fernández e fotografado por Gabriel Figueroa, Rio Escondido narra a trajetória de Rosaura, professora rural que atende ao chamado presidencial para levar a educação ao longínquo povoado indígena. Visando ao desenvolvimento da análise, debruçaremo-nos sobre a obra fílmica, considerando, também, o contexto político-cultural no qual se insere a fonte e o rico diálogo que marca as artes visuais e as representações nacionais mexicanas.  Especificamente sobre esse diálogo, a pintura mural de Diego Rivera, Epopeya del pueblo mexicano, presente na narrativa fílmica, também será alvo de nossas reflexões. Pautaremo-nos em discussões teórico-metodológicas voltadas para a identidade nacional do caso mexicano e acerca da análise de imagens cinematográficas. Partimos da compreensão de que, apesar da relevância atribuída aos indígenas na formação sociocultural mexicana e nas artes das décadas de 1920 a 1940, as representações visuais lhes atribuem papéis que os inserem às margens, como coadjuvantes e passivos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Referências

ANDERSON, Benedict R. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Tradução de Denise Bottman. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio. História Visual: um balanço introdutório. In: BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio; GARCIA, Tânia da Costa (orgs.). Cadernos de Seminários de Pesquisa Cultura e Política nas Américas – Volume I. Assis: FCL-Assis-Unesp Publicações, 2009, p. 72-85.

BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio. 20 de novembro de 1910: a revolução mexicana. São Paulo: Companhia Editora Nacional: Lazuli Editora, 2007.

BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio. LOPES, Maria Aparecida de Souza. A historiografia da Revolução Mexicana no limiar do século XXI: Tendências gerais e novas perspectivas. São Paulo: Revista História, n.20, 2001, p. 163-198.

BARTRA, Roger. The Mexican office: the splendors and miseries of culture. In: FERMAN, Claudia (ed.). The postmodern in Latin and Latino American Cultural Narratives: collected essays and interviews. New York: Garland Publishing, 1996. p. 29-40.

BAZIN, André. O cinema: ensaios. Tradução de Eloísa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 1991.

BERNARDETE, Lavariega Sarachaga Karla. El equipo Emilio “Indio” Fernandez, Gabriel Figueroa, Mauricio Magdaleno, Pedro Armendariz y Dolores Del Rio, consolidador de “star system” mexicano con Flor Silvestre, Maria Candelaria, Las Abandonadas y Bugambilia (1943-1944). 2001. Tesis (Doctorado) - Facultad de Ciencias Politicas y Sociales, Universidad Nacional Autonoma de México, México, 2001.

BRAGANÇA, Maurício de. Metáforas à mesa: Bustillo Oro, Buñuel, Ripstein e o melodrama familiar mexicano. In: AMANCIO, Tunico; TEDESCO, Marina Cavalcanti (org.). Brasil - México: aproximações cinematográficas. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2011. p. 169-189.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Modernismo latino-americano e construção de identidades através da pintura. Revista de História, São Paulo, n. 153, p. 251-282, 2005. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i153p251-282

CARRIÈRE, Jean-Claude. A linguagem secreta do cinema. Tradução de Fernando Albagli e Benjamin Albagli. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2015.

ESPINOSA CABRERA, Rubén. Presencia de Arquetipos "Mexicanos" en la Pintura Mural de Diego Rivera: el mural del Palacio Nacional (1922-1935). 2017. Tesis (Doctoral) - Universitat Autònoma de Barcelona, Barcelona, 2017.

GIL, Antônio Carlos Amador. Política indigenista e identidade nacional no México: as políticas de mudança cultural e a preocupação com a integração nacional em meados do século XX. Dimensões, Vitória, v. 35, p. 347-365, jul./dez. 2015.

GIL, Antônio Carlos Amador. Raça, etnicidade, mestiçagem e indigenismo: o mestiço como símbolo nacional no México. In: NADER, Maria Beatriz (org.). Gênero e racismo: múltiplos olhares. Vitória: EDUFES, 2014. p. 200-218.

GONZALEZ, Jose Carlos Rosillo. Iconografia e iconologia del grabado Amenaza sobre México, del artista mexicano Leopoldo Méndez durante lá década de 1940-1950. 2012. Disertación (Maestria en Historia del Arte) - Universidad Autónoma de San Luis Potosi, San Luis Potosi, 2012.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015.

HILL, Matthew J. K. The indigenismo of Emilio "El Indio" Fernández: Myth, Mestizaje, and the modern México: masters of arts. Provo: Brigham Young University, 2009. Departament of Spanish and Portuguese.

HOBSBAWM, Eric J. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

JACOB, Jorcy Foerste. Murais de identidades: as representações sobre os indígenas na ótica do muralismo mexicano (1920-1940). In: ENCONTRO INTERNACIONAL DA ANPHLAC, 10., 2012, São Paulo. Anais Eletrônicos [...]. São Paulo: ANPHLAC, 2012. p. 1-12.

JACOB, Jorcy Foerste. Os filhos de Malinche: as representações sobre os indígenas na ótica de Diego Rivera (1920-1940). 2014. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014.

KORNIS, Mônica Almeida. História e cinema: um debate metodológico. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n.10, p. 237-250, 1992.

LOAEZA, Soledad, Modernización autoritaria a la sombra de la superpotencia, 1944-1968. In: GARCÍA, Erik Velásquez et al. Nueva Historia General de México. México: El Colegio de México, 2010. p. 932-999. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv47wf77.8

MENDEZ, Leopoldo. El Dueno de Todo (Master of Everything) plate 2 from "Rio Escondido," a portfolio of ten linoleum engravings. 1948. 1 gravura em linóleo. Disponível em: https://www.annexgalleries.com/inventory/detail/PAKA101b/Leopoldo-Mendez. Acesso em: 14 ago. 2018.

MONSIVÁIS, Carlos. Notas sobre la cultura mexicana en el sigro XX. In: CENTRO DE ESTUDIOS HISTÓRICOS. Historia General de Mexico, Mexico: El Colegio de Mexico: Editorial Harla, 1988. t. 2.

MORA, Carl J. Mexican cinema: reflections of a society (1896-2004). Jefferson:

McFarland & Company, Inc., Publishers, 2012.

MRAZ, John. Looking for Mexico: modern visual culture and national identity. London: Duke University Press, 2009. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822392200

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2006.

NAPOLITANO, Marcos. Fontes audiovisuais: a história depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo, Contexto, 2005. p. 235-289.

PÉREZ MONTFORT, Ricardo. El pueblo y la cultura: del porfiriato a la Revolución. In: BÉJAR, Raúl; ROSALES, Héctor (coord.). La identidad nacional mexicana como problema político y cultural: nuevas miradas. Cuernavaca: UNAM: Centro Regional de Investigaciones Multidisciplinarias, 2005. p. 57-80.

PÉREZ MONTFORT, Ricardo. Indigenismo, hispanismo y panamericanismo en la cultura popular mexicana de 1920 a 1940. In: BLANCARTE, Roberto (coord.). Cultura e identidad nacional. México: FCE, CONACULTA, 2007. p. 516-577.

PRADO, Maria Lígia Coelho. Uma introdução ao conceito de identidade In: BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio; GARCIA, Tânia da Costa (orgs.). Cadernos de Seminários de Pesquisa Cultura e Política nas Américas – Volume I. Assis: FCL-Assis-Unesp Publicações, 2009, p. 66-71.

RAMÍREZ BERG, Charles. Figueroa’s Skies and oblique perspective: notes on the development of the classical mexicano style. Spectator, [s. l.], v. 13, n. 2, p. 24-41, 1992.

REIMAN, Karen Cordero. La invención del arte popular y la construcción de la cultura visual moderna en México. In: ACEVEDO, Esther (coord.). Hacia otra historia del arte en México: la fabricación del arte nacional a debate (1920-1950). México: CONACULTA, 2002.

RIO ESCONDIDO. Direção: Emilio Fernández. Produção: Raúl de Anda. Fotografia de Gabriel Figueroa. Roteiro original: Mauricio Magdaleno. México: Producciones Raúl de Anda, 1947. 1 filme (110 min.), preto e branco.

ROCHFORT, Desmond. Mexican Muralists: Orozco, Rivera, Siqueiros. San Francisco: Chronicle Books, 1998.

RODRÍGUEZ, Ana Daniela Nahmad. Las representaciones indígenas y la pugna por las imágenes: México y Bolivia através del cine y el vídeo. Latinoamérica, Ciudad de México, n. 45, p. 105-130, 2007. DOI: https://doi.org/10.22201/cialc.24486914e.2007.45.57392

ROTEIRO original: Emilio Fernández; Mauricio Magdaleno (adaptación cinematográfica), Producciones Raul de Anda (propriedade). Rio Escondido, México, D.F., 28 de julio de 1947.

SHOHAT, Ella; STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica: multiculturalismo e representação. Tradução de Marcos Soares. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.

VASCONCELLOS, Camilo de Mello. As representações das lutas de independência no México na ótica do muralismo: Diego Rivera e Juan O'Gorman. L'Ordinaire Latino-Américain, Toulouse, v. 212, p. 183-203, 2010. DOI: https://doi.org/10.4000/orda.2516

XAVIER, Ismail. Cinema: Revelação e engano. In: NOVAES, Adauto (org.). O olhar. São Paulo: Cia. Das Letras, 2006. p. 367-383.

Downloads

Publicado

18-09-2023

Como Citar

PUYDINGER DE FAZIO, A. H. Nacionalismo cultural e indigenismo em murais e telas mexicanos: reflexões sobre as representações dos indígenas no filme Rio Escondido (1947), de Emílio Fernández. Antíteses, [S. l.], v. 16, n. 31, p. 460–496, 2023. DOI: 10.5433/1984-3356.2023v16n31p460-496. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/47650. Acesso em: 13 maio. 2024.