A Esparta antiga entre ingleses, franceses e alemães: lugar social, discursos e representações na historiografia contemporânea

Autores

  • Luis Filipe Bantim Assumpção Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-CEDERJ, pólo Cantagalo Universidade Federal do Rio de Janeiro (Pós-Doutorado) https://orcid.org/0000-0003-2031-9441

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n26p446

Palavras-chave:

Esparta, Representação, Discurso, Apropriação, Contemporaneidade

Resumo

A História, enquanto ciência e disciplina, é um produto do lugar social de seus artífices — os historiadores. Nesse sentido, o conhecimento historiográfico deve ser concebido como um produto do trabalho acadêmico e profissional, o qual promove representações específicas dos mais variados objetos que servem de referencial para pensarmos o tempo pretérito, por meio de seu discurso. Dito isso, o presente artigo aborda a representação de Esparta no discurso de uma parcela de intelectuais franceses, ingleses e germânicos na contemporaneidade. Para tanto, discutimos a maneira como as práticas político-culturais espartanas foram apropriadas, em função do lugar social dos referidos intelectuais, com o intuito de legitimar a conduta política e o ideal de nação europeu, entre os séculos XIX e XX, sobretudo, pela apropriação das representações provenientes da Vida de Licurgo, do grego Plutarco.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Luis Filipe Bantim Assumpção, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-CEDERJ, pólo Cantagalo Universidade Federal do Rio de Janeiro (Pós-Doutorado)

Doutor pelo o Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestre pelo o Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Assumpção é especialista em Grécia Antiga com ênfase à sociedade de Esparta no período Clássico, mas, também desenvolve pesquisa em Ensino de História, sobretudo, no que concerne ao uso de Histórias em Quadrinhos em sala de aula. Atualmente, realiza o pós-doutorado no Departamento de Letras Clássicas da UFRJ, sob a orientação do Prof. Rainer Guggenberger. Assumpção é Professor-tutor presencial do curso de graduação em História da UNIRIO, por meio do consórcio CEDERJ, atuando no polo de Cantagalo nas disciplinas de História Antiga, História Medieval e História e Sociologia.

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado: ensaios de teoria da história. Bauru: UDUSC, 2007.

ASSUMPÇÃO, Luis Filipe Bantim de. Discurso e representação sobre as práticas rituais dos esparciatas e dos seus basileus na Lacedemônia do século V a.C. 2014. Dissertação (Mestrado em História) — Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

ASSUMPÇÃO, Luis Filipe Bantim de. Em busca de Licurgo: debates documentais e historiográficos sobre a tradição política espartana. In: ESTEVES, Anderson de Araújo Martins; ASSUMPÇÃO, Luis Filipe Bantim de; NOGUEIRA, Ricardo de Souza (org.). Líderes políticos da antiguidade. Rio de Janeiro: Desalinho, 2016. p. 56-87.

ASSUMPÇÃO, Luis Filipe Bantim de. A relação de Esparta e Héracles: discursos, representações e legitimidade política. In: MOTA, Arlete José; CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa (org.). Sistemas de crenças, mitos e rituais na antiguidade. São João de Meriti: Desalinho, 2019. p.145-166.

AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

BURCKHARDT, Jacob. History of Greek culture. Translation Palmer Hilty. New York: Dover Publications, 1963. Originais de 1898 e 1902.

BUSOLT, Georg. Die lakedaimonier und ihre bundesgenossen. Leipzig: Teubner, 1878. Disponível em: https://archive.org/details/bub_gb_FHoNAAAAQAAJ/page/n3/mode/2up. Acesso em: 29 ago. 2020.

CABET, Etienne. Voyage em Icarie. Paris: Félix Malteste, 1948.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

CHAPOUTOT, Johann. Il nazismo e l’Antichità. Torino: Einaudi, 2017.

CHARAUDEAU, Patrick. Representação social. In: CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2004. p. 431-433.

CHRISTESEN, Paul. Treatment of spartan land tenure in eighteenth and nineteenth-century France: from François Fénelon to Fustel de Coulanges. In: HODKINSON, Stephen; MORRIS, Ian Macgregor. Sparta in modern thought. Swansea: The Classical Press of Wales, 2012. p. 165-229.

CHRISTIEN, Jacqueline; LE TALLEC, Yohann. Léonidas: histoire et mémoire d’un sacrifice. Paris: Ellipses, 2013.

COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Original de 1864.

DOMMANGET, Maurice. Pages choisies de Babeuf. Paris: Colin, 1935.
GENOUD, François. Il testamento di Hitler. Milano: Mondadori Edizioni, 1961.

GRÜN, Alphonse. Le vrai et le faux socialisme: le communisme et son histoire. Paris: Guillaumin, 1849.

GUARINELLO, Norberto Luiz. Uma morfologia da história: as formas da história antiga. Politeia: história e sociedade, Vitória da Conquista, v. 3, n. 1, p. 41-61, 2003.

HARTOG, François. O século XIX e a história: o caso Fustel de Coulanges. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003.

HODKINSON, Stephen. Five words that shook the world: Plutarch, Lykourgos 16 and appropriations of Spartan communal property ownership in Eighteen-century France. In: BIRGALIAS, Nikos; BURASELIS, Kostas; CARTLEDGE, Paul (ed.). The contribution of ancient Sparta to political thought and practice. Pyrgos: International Institute of Ancient Hellenic History, 2002. p.417-432.

HODKINSON, Stephen. Was classical Sparta a military society?. In: HODKINSON, Stephen; POWELL, Anton. Sparta and war. Swansea: The Classical Press of Wales, 2006. p. 111-162.

LEROUX, Pierre. De l’egalité. Boussac: Leroux, 1848.

LEROUX, Pierre. De l’humanité. Paris: Fayard, 1985.

LOSEMANN, Volker. The Spartan tradition in Germany, 1870-1945. In: MORRIS, Ian Macgregor; HODKINSON, Stephen (ed.). Sparta in modern thought: politics, history and culture. Swansea: The Classical Press of Wales, 2012. p. 253-314.

LYTTON, Edward Bulwer. Athens: its rise and fall. [S. l.: s. n., 1837]. Disponível em: http://www.gutenberg.org/files/6156/6156-h/6156-h.htm#linkCH0008. Acessado em: 28 ago. 2020.

MACGREGOR, Ian Morris. The paradigm of democracy: Sparta in Enlightenment thought. In: FIGUEIRA, Thomas (ed.). Spartan society. Swansea: The Classical Press of Wales, 2004. p.337-360.

MAINGUENEAU, Dominique. Novas tendências em análise do discurso. Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1997.

MASON, Haydn. Sparta and the French Enlightenment. In: HODKINSON, Stephen; MACGREGOR, Ian Morris (ed.). Sparta in modern thought. Swansea: The Classical Press of Wales, 2012. p. 71-104.

MÜLLER, Karl Otfried. The history and antiquities of the dorian race. Translation Henry Tufnell. 2nd. ed. London: John Murray, 1939. v.1.
MURRAY, Oswyn. British Sparta in the age of philhellenism. In: BIRGALIAS, Nikos; BURASELIS, Kostas; CARTLEDGE, Paul. The contribution of ancient Sparta to political thought and practice. Athens: Alexandria Publications, 2002. p. 345-390.

NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. São Paulo: Rideel, 2005. Original de 1872.

PLUTARCH. Lives: Theseus and Romulus; Lycurgus and Numa; Solon and Publicola. Translation B. Perrin. Cambridge: Harvard University Press, 1967. v. 1.

PROUDHON, Pierre-Joseph. What is property?: na inquiry into the principle of right ando f government. Translation B. R. Tucker. New York: Dover Publications, 1970. Original de 1840.

REBENICH, Stefan. Reception of Sparta in Germany and German-Speaking Europe. In: POWELL, Anton (ed.). A companion to Sparta. West Sussex: John Wiley & Sons Ltd., 2018. v. 2, p. 685-703.

ROCHE, Helen. Spartanische Pimpfe: the importance of Sparta in the educational ideology of Adolf Hitler Schools. In: MORRIS, Ian Macgregor; HODKINSON, Stephen (ed.). Sparta in modern thought: politics, history and culture. Swansea: The Classical Press of Wales, 2012. p. 315-342.

ROCHE, Helen. Sparta’s German children: the ideal of ancient Sparta in the Royal Prussian Cadet Corps, 1818-1920, and in National Socialist elite schools (the Napolas), 1933-1945. Swansea: The Classical Press of Wales, 2013.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. The social contract and the first and second discourses. New Haven: Yale University Press, 2002.
SUDRE, Alfred. Histoire du communisme ou réfutation historique des utopies socialistes. Paris: Victor Lecou, 1848.

WHITE, Hayden. Meta-história: a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: EDUSP, 2008.

WINSTON, Michael. Spartans and Savages: mirage and myth in eighteenth-
century France. In: HODKINSON, Stephen; MORRIS, Ian Macgregor (ed.). Sparta in modern thought. Swansea: The Classical Press of Wales, 2012. p. 105-164.

Downloads

Publicado

09-12-2020

Como Citar

ASSUMPÇÃO, L. F. B. A Esparta antiga entre ingleses, franceses e alemães: lugar social, discursos e representações na historiografia contemporânea. Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 26, p. 446–469, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n26p446. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/39955. Acesso em: 25 abr. 2024.