O pitoresco mare tenebrarum de O cirurgião do mar, de Gabriele d’Annunzio
DOI:
https://doi.org/10.5433/1678-2054.2021v41p22Palavras-chave:
Gabriele D’Annunzio, Hipotipose, Écfrase, Horror.Resumo
Apesar das contribuições de Gabriele D’Annunzio (1863-1938) para o movimento decadentista, o autor atuou, durante toda a década de 1980, como um grande contista com fortes inspirações seja no verismo italiano, seja no naturalismo francês. Tais inspirações, principalmente aquelas ligadas à produção de Guy de Maupassant (1850-1893) fizeram com que D’Annunzio desenvolvesse o que chamaremos de pré-decadentismo: narrativas acerca de uma parcela da população vilipendiada e esquecida pela sociedade. Buscando dar veracidade às suas histórias, o escritor adota, além da técnica zoliana de observação direta, uma estética muito particular que esbarra na definição de horror, posto que temas como o grotesco, o mortuário e o doentio são abordados frequentemente para ilustrar o sofrimento de seus personagens. O resultado disso é que, mesmo antes de adotar uma estética decadentista baseada em écfrases – descrições de obras de arte – e hipotiposes – descrições picturais sem alusão a um quadro específico –, o autor utilizou tais recursos para enriquecer seus contos naturalistas; um horror de cores e texturas tão intensas que evolui para o pitoresco. O presente artigo objetiva analisar a estética do horror (Lovecraft 1987; Todorov 1975) sob um viés pictural (Louvel 2012) na obra O cirurgião do mar (1886).
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