Produção Escrita: olhares sobre práticas de mediação dialógica para reelaboração textual
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2020v23n3p79Palavras-chave:
Produção textual, Mediação dialógica, Reelaboração TextualResumo
Neste artigo, tivemos por objetivo analisar intervenções de um professor em formação no PIBID/Letras/Português na prática de escrita de um aluno, que foram pautadas numa perspectiva textual discursiva e aplicadas através do processo de mediação dialógica, no desenvolvimento de um trabalho direcionado à participação nas Olimpíadas de Língua Portuguesa (2016). Para isso, fundamentamo-nos em estudos discursivos de base bakhtiniana, apresentando o conceito de interlocução interessada e partindo de pressupostos da pesquisa-ação de abordagem qualitativa. Concretizamos a construção dos dados com a coleta das produções textuais desse discente, em mais de uma fase de elaboração, e das intervenções do docente nas marginálias do texto. Os resultados indicam que a mediação dialógica, feita através de bilhetes nas marginálias e do trabalho com a contrapalavra, possibilitou um processo de escrita mais implicada. Tal processo proporcionou, ao sujeito autor, a reelaboração textual mais ativa, resultando em ações de reformulação de ideias, de inserção de posicionamentos e de organização textual e discursiva. A investigação mostrou principalmente que a mediação, feita pelo outro, conduziu o aluno autor à percepção da necessidade de reformular seu dito de modo que pudesse dar novos encadeamentos discursivos e sentidos ao texto produzido.
Downloads
Referências
AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, B. (org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2010.
BAGNO, M. Objeto língua. São Paulo: Parábola, 2019.
BAKHTIN, M. Problemas da poética de Dostoiévski. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
BAKHTIN, M. O freudismo: Um esboço crítico. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2017.
BAKHTIN, M. O homem ao espelho. Apontamentos dos anos 1940. São Carlos: Pedro & João, 2019.
BAUER, M. W.; GASKEL, G. Pesquisa qualitativa com texto imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
BAZARIM, M. A construção da interação entre professora e alunos em contexto escolar. In: SIGNORINI, I. (org.). Gêneros catalisadores: letramento e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006. p. 19-39.
CERTEAU, M. de. A cultura no plural. 7. ed. Campinas: São Paulo, 2011.
FERRAÇO, C. E. Práticas-políticas curriculares cotidianas como possibilidades de resistência aos clichês e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Linhas Críticas, Brasília, v. 23, n. 52, p. 524-537, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2SmEc6R. Acesso em: 23 abr. 2019.
FIGUEIREDO, F. J. Q. de. Vygotsky: a interação no ensino/aprendizagem de línguas. São Paulo: Parábola, 2019.
GIOVANI, F. O cotejo como marca de um estilo. In: GRUPO DE ESTUDOS DOS GÊNEROS DO DISCURSO. Palavras e contrapalavras: entendendo o cotejo como proposta metodológica. São Carlos: Pedro & João, 2017. p. 17-24. (Caderno de Estudos IX para iniciantes).
GERALDI, J. W. Leitura: uma oferta de contrapalavras. Educar, Curitiba, n. 20, p. 77-85, 2002.
GERALDI, J. W. A aula como acontecimento. São Paulo: Pedro & João, 2015.
HOFFMAN, J. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Mediação, 2014.
KOCH, I.; ELIAS, V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.
KOCH, I.; ELIAS, V. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016.
MACHADO, I. A. Os gêneros e o corpo do acabamento estético. In: BRAIT, B. (org). Bakhtin: dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora da Unicamp, 2005. p. 131-148.
MAGALHÃES JR, C. P. O conceito de exotopia em Bakhtin: uma análise de O filho eterno, de Cristovão Tezza. 2010. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.
MENEGASSI, R. J. Da revisão à reescrita: operações e níveis lingüísticos na construção do texto. 1998. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 1998.
MIOTELLO, V. O cotejo se dá na unidade da resposta. In: GRUPO DE ESTUDOS DOS GÊNEROS DO DISCURSO. Palavras e contrapalavras: entendendo o cotejo como proposta metodológica. São Carlos: Pedro & João, 2017. p. 95-97. (Caderno de Estudos IX para iniciantes).
MOTERANI, N. G.; MENEGASSI, R. J. Aspectos linguístico-discursivos na revisão textual-interativa. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, n. 52, v. 2, p. 217-237, 2013.
PETRILLI, S. Em outro lugar e de outro modo: filosofia da linguagem, crítica literária e teoria da tradução em, em torno e a partir de Bakhtin. São Carlos: Pedro & João, 2013.
RUIZ, E. D. Como corrigir redações na escola. São Paulo: Contexto, 2010.
SARAMAGO, J. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
SOUTO MAIOR, R. de C. Os saberes docentes e as constituições de Ethos de licenciandas/os no Programa de Iniciação à Docência/Letras-Português: análise das implicações dos discursos envolventes e a necessária inscrição de uma ética do discurso. In: FIGUEIREDO, F. J. Q. de; SIMÕES, D. (org.). Contribuições da linguística aplicada para a educação básica. Campinas: Pontes, 2018. p. 133-185.
SOUTO MAIOR, R.; LIMA, L. R. S. M. S. A leitura literária em sala de aula e a construção do Self dos alunos: a ação leitora da ação na vida. Antares: Letras e Humanidades, v. 1, p. 127-146, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Signum: Estudos da linguagem, publica seus artigos licenciados sob a Licença Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros façam download e compartilhem os trabalhos em qualquer meio ou formato, desde que atribuam o devido crédito de autoria, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Se você remixar, transformar ou desenvolver o material, não poderá distribuir o material modificado.