Como adiar o fim do mundo? Extrema direita, desindustrialização nociva e crise ambiental
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0383.2024v45n1p39Palavras-chave:
Extrema-direita, Desindustrialização nociva, Crise ambiental, MemóriaResumo
O artigo, em caráter de ensaio, se propõe a problematizar a tragédia contemporânea e a catástrofe a partir de uma reflexão sobre a história do tempo presente. A análise pensa o político, no caso a ascensão de governos de extrema direita ao redor do globo, com exemplo recente no Brasil republicano, em relação aos processos de transformação do mundo do trabalho. Discute a (des)industrialização nociva e, principalmente, o problema ambiental e a crise climática que atinge uma proporção até mais aterrorizante por ter sido impulsionada pelo discurso negacionista dos próprios governantes de extrema direita. Nossa hipótese é a de que há uma intrínseca relação entre crescimento de ideologias de extrema direita com as novas configurações do mercado e uma leitura do mundo trágica que parece já contar com a irreversibilidade do fim do mundo diante da emergência climática. Conseguiremos “adiar o fim do mundo”, para parafrasear o filósofo indígena Aílton Krenak (2019)?
Downloads
Referências
ARENDT, Hannah. Homens em tempos sombrios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
BHAMBRA, Gurminder K. Brexit, Trump, and ‘methodological whiteness’: on the misrecognition of race and class. The British Journal of Sociology, London, v. 68, n. 1, 2017. DOI: https://doi.org/10.1111/1468-4446.12317
BROWNING, Elizabeth G. Wastelanding and Racialized reproductive labor: “long dyings” in east chicago from urban renewal to superfund remediation. Environmental History, New York, v. 26, n. 4, p. 749-775, 2021. DOI: https://doi.org/10.1093/envhis/emab051
CARREZ, Maurice. Désindustrialisation désenchantement et vote d’extrême droite. Cahiers d’Histoire, Paris, n. 160, p. 129-136, 2024. DOI: https://doi.org/10.4000/122eh
COWIE, Jefferson. How Labor Scholars Missed the Trump Revolt. Chronicle of Higher Education, Washington, 1 Sept. 2017. Disponível em: https://www.chronicle.com/article/how-labor- scholars-missed-the-trump-revolt/. Acesso em: 17 set. 2024.
EVOLA, Julius. Revolta contra o mundo moderno. Lisboa: Dom Quixote, 1989.
FANGEN, Katrine; LICHTENBERG, Lisanne. Gender and family rhetoric on the German far right. Patterns of Prejudice, London, v. 55, n. 1, p. 71–93, 2021. DOI 10.1080/0031322X.2021.1898815. DOI: https://doi.org/10.1080/0031322X.2021.1898815
GRAD, Frank P. A legislative history of the comprehensive environmental response, compensation and liability (Superfund) Act of 1980. Columbia Journal of Environmental Law., New York, v. 8, p. 1, 1982.
GUÉNON, René. A crise do mundo moderno. Lisboa: Editorial Vega, 1977.
HARTOG, François. Regimes de historicidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
HARVEY, David. O novo imperialismo. São Paulo: Edições Loyola, 2005.
HIRSCHMAN, Albert O. A retórica da intransigência: perversidade, futilidade, ameaça. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
INPE – INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Terra Brasilis. Incrementos de desmatamento. Brasília, DF: INPE, [2024]. Disponível em: https://terrabrasilis.dpi.inpe.br/app/dashboard/deforestation/biomes/amazon/increments . Acesso em: 19 set. 2024.
KLEIN, Naomi. A doutrina do choque: a ascensão do capitalismo do desastre. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
KRENAK, Aílton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Cia das Letras, 2019.
MIROWSKI, Philip. Never let a serious crisis go to waste: how neoliberalism survived the financial meltdown. New York: Verso Books, 2013.
MUDDE, Cas. A extrema direita hoje. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2022.
NASCIMENTO, Elisa L. (org.). A matriz africana no mundo. Sankofa. São Paulo: Selo Negro, 2008.
NEWMAN, Richard S. Love canal: A toxic history from colonial times to the present. New York: Oxford University Press, 2016. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780195374834.001.0001
OMAR, Abdulfattah; HAMOUDA, Wafya Ibrahim; ALDAWSARI, Mohammed. A discourse-historical approach to populism in the right-wing discourse on immigration. International Journal of English Linguistics, Ontario, v. 10, n. 3, p. 151-158, 2020. DOI: https://doi.org/10.5539/ijel.v10n3p151
PÁDUA, José Augusto. Facing environmental denialism: lessons from the Bolsonaro nightmare. Global Environment, Cambridgeshire, v. 17, p. 415-424, 2024. DOI: https://doi.org/10.3828/whpge.63837646622498
POMPEIA, Caio. A reascensão da extrema direita entre representações políticas dos sistemas alimentares. Revista Antropolítica, Niterói, n. 53, p. 115-139, set./dez. 2021.
ROBIN, Corey. La mente reaccionaria: el conservadurismo desde Edmund Burke Hasta Trump. Madri: Capitán Swing, 2019.
SEDGWICK, Mark. Contra o mundo moderno: o tradicionalismo e a história intelectual secreta do século XX. Belo Horizonte: Âyiné, 2020.
TURIN, Rodrigo. Antropoceno e futuros presentes: entre regime climático e regimes de historicidade potenciais. Topoi, Rio de Janeiro, v. 24, n. 54, p. 703-724, set./dez. 2023. DOI: https://doi.org/10.1590/2237-101x02405404
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Andréa Casa Nova Maia, Guaracy Bolívar Araújo Mendes Junior

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Semina: Ciências Sociais e Humanas adota para suas publicações a licença CC-BY-NC, sendo os direitos autorais do autor, em casos de republicação recomendamos aos autores a indicação de primeira publicação nesta revista. Esta licença permite copiar e redistribuir o material em qualquer meio ou formato, remixar, transformar e desenvolver o material, desde que não seja para fins comerciais. E deve-se atribuir o devido crédito ao criador.
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.