Como adiar o fim do mundo? Extrema direita, desindustrialização nociva e crise ambiental

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0383.2024v45n1p39

Palavras-chave:

Extrema-direita, Desindustrialização nociva, Crise ambiental, Memória

Resumo

 O artigo, em caráter de ensaio, se propõe a problematizar a tragédia contemporânea e a catástrofe a partir de uma reflexão sobre a história do tempo presente. A análise pensa o político, no caso a ascensão de governos de extrema direita ao redor do globo, com exemplo recente no Brasil republicano, em relação aos processos de transformação do mundo do trabalho. Discute a (des)industrialização nociva e, principalmente, o problema ambiental e a crise climática que atinge uma proporção até mais aterrorizante por ter sido impulsionada pelo discurso negacionista dos próprios governantes de extrema direita. Nossa hipótese é a de que há uma intrínseca relação entre crescimento de ideologias de extrema direita com as novas configurações do mercado e uma leitura do mundo trágica que parece já contar com a irreversibilidade do fim do mundo diante da emergência climática. Conseguiremos “adiar o fim do mundo”, para parafrasear o filósofo indígena Aílton Krenak (2019)?

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Biografia do Autor

Andréa Casa Nova Maia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora Associada do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Bolsista de produtividade do CNPq.

Guaracy Bolívar Araújo Mendes Junior, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor da  Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

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Publicado

30.07.2024

Como Citar

MAIA, Andréa Casa Nova; MENDES JUNIOR, Guaracy Bolívar Araújo. Como adiar o fim do mundo? Extrema direita, desindustrialização nociva e crise ambiental. Semina: Ciências Sociais e Humanas, [S. l.], v. 45, n. 1, p. 39–52, 2024. DOI: 10.5433/1679-0383.2024v45n1p39. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/51486. Acesso em: 13 abr. 2025.
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