Língua, sujeito e história: a construção de significados na Pandemia do Coronavírus

Resumo

O momento histórico denominado Pandemia do Coronavírus modificou não apenas os hábitos dos indivíduos, mas também os sentidos produzidos pela língua, afetando diretamente na formação de novos vocábulos, arranjos sintáticos, atribuindo significações inéditas a enunciados já cristalizados. Esse estabelecimento de novas relações de sentido na pandemia chamou a nossa atenção. A partir dessa inquietação, o presente estudo tem por objetivo analisar como a historicidade pandêmica vivenciada age diretamente na construção dos significados do português brasileiro em seus processos morfológicos, sintáticos e semânticos. O aparato teórico escolhido para embasar esta pesquisa consiste em alguns conceitos desenvolvidos por Michel Foucault, em sua fase arqueológica, como enunciado, função enunciativa e historicidade. Ponderamos que as referidas noções são capazes de auxiliar na compreensão das alterações linguísticas desencadeadas pela pandemia. O resultado encontrado foi que vislumbramos os falantes, de modo orgânico e espontâneo, apropriando-se das regras linguísticas e realizando mudanças vívidas, refletindo a relação entre língua e história.