Caracterização do comportamento materno-filial no período pós-parto de ovelhas Santa Inês

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1679-0359.2025v46n4p1277

Palavras-chave:

Comportamento animal, Etologia, Comportamento materno, Peripartum, Pequeno ruminante.

Resumo

Objetivou-se com esta pesquisa caracterizar a relação materno-filial de ovelhas de raça pura Santa Inês (SI), ½ Santa Inês x Dorper (DP) e ¾ Santa Inês x Dorper após o parto. Para observações comportamentais, foram monitoradas 65 fêmeas, incluindo 17 ovelhas de raça pura SI, 25 ovelhas ½ SI x DP e 23 ovelhas ¾ SI x DP, analisando o comportamento materno-filial das ovelhas e cordeiros em intervalos de 5 minutos durante um período de observação de 12 horas. O peso dos cordeiros não apresentou diferença significativa (P = 0,987), considerando os genótipos, mas houve diferença significativa (P = 0,024) considerando o sexo dos animais. O peso dos animais apresentou diferença significativa (P = 0,012) em função da interação genótipo x sexo. Considerando a atividade das ovelhas com seus filhotes, observa-se que nenhuma atividade apresentou diferença significativa em função do genótipo, ou seja, mesmo com o grau de sangue de uma raça paterna, a raça materna presente no cruzamento é importante e a característica da capacidade maternal é mantida. Em relação à postura das ovelhas com seus filhotes, observou-se que houve diferença significativa de acordo com o genótipo, as ovelhas Santa Inês puras passaram menos tempo se movimentando (P = 0,034). As atividades dos cordeiros procurando o úbere (P = 0,034) e tentando se levantar (P = 0,035) apresentaram diferenças significativas de acordo com o genótipo, com os valores sendo menores nas ovelhas Santa Inês puras. As ovelhas que acabaram de parir passavam a maior parte do tempo realizando comportamentos destinados a formar um vínculo emocional com seus filhotes e cuidando de aspectos importantes para a sobrevivência imediata dos cordeiros, como limpar o corpo dos recém-nascidos. Os cordeiros, por sua vez, assim que conseguiam ficar de pé e se movimentar, priorizavam a ingestão de colostro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Francisco Miguel de Melo Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Dermeval Araujo Furtado, Universidade Federal de Campina Grande

Prof., Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Wandrick Haus de Sousa, Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária

Pesquisador, Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária, EMPAER, João Pessoa, PB, Brasil.

José Pinheiro Lopes Neto, Universidade Federal de Campina Grande

Prof., Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Airton Gonçalves de Oliveira, Universidade Federal de Campina Grande

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Tacila Rodrigues Arruda, Universidade Federal de Campina Grande

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Ricardo de Sousa Silva, Universidade Federal de Campina Grande

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Luiza Lira Leite, Universidade Federal de Campina Grande

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande, UFCG, Campina Grande, PB, Brasil.

Matteo Barbari, Università degli Studi di Firenze

Prof., Universidade de Firenze, Firenze, Itália.

Neila Lidiany Ribeiro, Universidade Federal de Campina Grande

Pós-doutorado, Pós-Graduação em Engenharia Agronômica, Universidade Federal de Campina Grande e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba FAPESQ, Campina Grande, PB, Brasil.

Referências

Arnold, G. W., & Morgan, P. D. (1975). Behavior of ewe and lamb t lambing and its relationship to lamb mortality. Applied Animal Ethology, 2(1), 25-46. doi: 10.10160304-3762(75)90063-2

Atkin-Willoughby, J., Hollick, S., Pritchard, C. E., Williams, A. P., Davies, P. L., Jones, D., & Smith, A. (2022). Microclimate drives Shelter-seeking behaviour in lambing ewes. Forests, 13(12), 1-19. doi: 10.3390/f13122133

Barros, N. M., Vasconcelos, V. R., Araújo, M. R. A., & Martins, E. C. (2005). Influence of genetic group and feeding on the performance of lambs in confinement. Brazilian Agricultural Research, 38(6), 1111-1116. doi: 10.1590/S0100-204X2003000900013

Blackshaw, J. K. (2003). Notes some topics in applied animal behavior. University of Queensland.

Cansian, K., Longo, M. L., Silva, A. L. A., Souza, M. R., Costa, C. M., Silva, E. V. C., Santos, A. R. D., & Vargas, F. M., Jr. (2024). Exploratory study of the maternal-filial relationship among sheep: factors that impact the performance of lambs in a locally adapted Pantaneiro flock. Acta Agriculturae Scandinavica, Section A- Animal Science, 73(3-4), 165-171.

Dada, J. M. V., Ribeiro, L. N., Oliveira, A. N., Silva, J. R., & Gottardi, F. P. (2021). Comportamento materno e produtivo de cordeiro Santa Ines. Enciclopédia Biosfera, 18(38), 123-131.

Dwyer, C. M. (2003). Behavioural development in the neonatal lamb: effect of maternal and birth-related factors. Theriogenology, 59(3-4), 1027-1050. doi: 10.1016/S0093-691X(02)01137-8

Dwyer, C. M. (2014). Maternal behavior and lamb survival: from neuroendocrinology to practical application. Animal, 8(1), 102-112. doi: 10.1017/S1751731113001614

Dwyer, C. M., & Lawrence, A. B. (1998). Variability in the expression of maternal behaviour in primiparous sheep: effects of genotype and litter size. Applied Animal Behaviour Science, 59(3-4), 311-330. doi: 10.1016/S0168-1591(97)00148-2

Dwyer, C. M., & Lawrence, A. B. (2005). A review of the behavioral and physiological adaptations of extensively managed breeds of sheep that favor lamb survival. Applied Animal Behaviour Science, 92(3), 235-260. doi: 10.1016/j.applanim.2005.05.010

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Caprinos e Ovinos (2021). Recomendações de dietas para ovinos que conferem resiliência à verminose. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 18). Embrapa Caprinos e Ovinos.

Flinn, T., Kleeman, D. O., Swinbourne, A. M., Kelly, J. M., & Weaver, A. C. (2020). Neonatal lamb mortality: major risk factors and the potential ameliorative role of melatonin. Journal of Animal Science and Biotechnology, 11(1), 1-11. doi: 10.1186/s40104-020-00510-w

Fonseca, V. F. C., Saraiva, E. P., Arruda, M. F., Pereira, W. E., Pimenta, E. C., Fº., Santos, S. G. C. G., Amorim, M. L. C. M., & Silva, J. A. (2016). Mother-offspring relationship in Morada Nova sheep bred in a tropical semiarid environment: a perspective on maternal investment and parental conflict. Applied Animal Behaviour Science, 183, 51-58. doi: 10.1016/j.applanim.2016.07.002

Freitas-de-Melo, A., Pérez-Clariget, R., Terrazas, A., & Ungerfeld, R. (2021). Ewe lamb bond of experienced and inexperienced mothers undernourished during gestation. Scientific Reports, 11, Article 84334. doi: https://doi.org/10.1038/s41598-021-84334-2

Gois, G., Silva, F. M. da, & Santos, J. M. dos. (2017). Dinâmica temporal dos parâmetros climatológicos e balanço hídrico no manejo de culturas agrícolas. Engenharia Agrícola, 38(5), 705-717. doi: 10.1590/1809-4430-Eng.Agric.v38n5p705-717/2018

Karaka, S., Aydogdu, N., & Ser, G. (2023). Effect of maternal experience and body condition on patterns of ewe-lamb bonding behaviors and pre-weaning growth performance of lambs. Journal of Veterinary Behavior, 67, 1-7. doi: 10.1016/j.jveb.2023.07.003

Leite, J. H. G. M., Façanha, D. A. E., Bermejo, J. V. D., Guilhermino, M. M., & Bermejo, L. A. (2021). Adaptive assessment of small ruminants in arid and semi-arid regions. Small Ruminants Research, 20, 106497. doi: 10.1016/j.smallrumres.2021.106497

Lévy, F., Keller, M., & Poidron, P. (2009). Olfactory regulation of maternal behavior in mammals. Hormones and Behaviour, 46(3), 284-302. doi: 10.1016/j.yhbeh.2004.02.005

Lynch, J., Hinch, G., & Adams, D. B. (1992). The behavior of sheep: biological principles and implications for production. CAB International.

May, R., Vandyke, J., Forland, J. M., Andersen, R., & Landa, A. (2007). Behavioral patterns in ewe-lamb pairs and vulnerability to predation by wolverines. Applied Animal Behaviour Science, 112(1-2), 58-67. doi: 10.1016/j.applanim.2007.07.009

Mobini, S., Heath, A.M., & Pugh, D. (2002). Theriogenology of sheep and goats. In D. G. Pugh (Ed.), Sheep and goat medicine (pp. 129-186). São Paulo. https://doi.org/10.1016/B0-72-169052-1/50008-9

Mohammadi, K., Beygi Nassiri, M. T., Fayazi, J., & Roshanfekr, H. (2010). Investigation of environmental factors influence on pre-weaning growth traits in Zandi lambs. Journal of Animal and Veterinary Advances, 9, 1011-1014. doi: 10.3923/javaa.2010.1011.1014

Morgan, P. D., & Arnold, G. W. (1974). Behavioural relationships between Merino ewes and lambs during the four weeks after birth. Animal Production Science, 19(2), 169-176. doi: 10.1017/S000335610002273X

Nowak, R., Lévy, F., Chaillou, E., Cornilleau, F., Cognié, J., Marnet, P. G., Williams, P. D., & Keller, M. (2021). Neonatal suckling, oxytocin, and early infant attachment to the mother. Frontiers in Endocrinology, 8(11), 1-16. doi: 10.3389/fendo.2020.612651

Nowak, R., Porter, R. H., Lévy, F., Orgeur, P., & Shal, B. (2000). Role, mother-young interactions in the survival of offspring in domestic mammals. Reviews of Reproduction, 5(3), 153-163. doi: 10.1530/ror.0.0050153

Pettigreew, E. J., Hickson, R. E., Morris, S. T., Lopez-Villalobos, N., Pain, S. J., & Kenyon, P. R. (2019). The effects of birth rank (single or twin) and dam age on the lifetime productive performance of female dual purpose sheep (Ovis aries) offspring in New Zealand. PLoS One, 14, 30-43. doi: 10.1371/journal.pone.0214021

Porciuncula, G. C., Costa, J. A. A., Catto, J. B., Reis, F. A., & Fischer, V. (2021). Behavior of Pantaneiro ewes and their offspring. Journal of Veterinary Behaviour, 44, 40-49. doi: 10.1016/j.jveb.2021.05.006

Pritchard, C. E., Williams, A. P., Davies, P., Jones, D., & Smith, A. R. (2021). Spatial behaviour of sheep during the neonatal period: preliminary study on the influence of shelter. Animal, 15(7), 1-8. doi: 10.1016/j.animal.2021.10025

Putu, I. G., Poindron, P., & Lindsay, D. R. (1988). A high level of nutrition during late pregnancy improves subsequent maternal behaviour of merino ewes. Proceedings Australian Society Animal Production, 17, 294-297.

Nowak, R., Porter, R. H., & Lévy, F. (2000). Maternal behavior in sheep and its importance for neonatal survival. Acta Paediatrica, 89(s429), 22-25. doi: 10.1111/j.1651-2227.2000.tb01206.x

SAS Institute Inc. (2024). SAS/STAT® 15.2 User’s Guide: The GLM Procedure. Cary, NC: SAS Institute Inc. Retrieved from SAS Help Center

Sèbe, F., Duboscq, J., Aubin, T., Ligout, S., & Poindron, P. (2010). Early vocal recognition of mother by lambs: contribution of low and high-frequency vocalizations. Animal Behaviour, 79(5), 1055-1066. doi: 10.1016/j.anbehav.2010.01.021

Szadàvi, I., Ostatníková, D., & Durdiaková, J. B. (2023). Sex differences matter: males and females are equal but not the same. Physiology & Behavior, 259(1), 114038. doi: 10.1016/j.physbeh.2022.114038

Trivers, R. L. (1974). Parent-offspring conflict. Animal Zoology, 14(1), 249-264. DOI: 10.1093/icb/14.1.249

Downloads

Publicado

2025-09-04

Como Citar

Oliveira, F. M. de M., Furtado, D. A., Sousa, W. H. de, Lopes Neto, J. P., Oliveira, A. G. de, Arruda, T. R., … Ribeiro, N. L. (2025). Caracterização do comportamento materno-filial no período pós-parto de ovelhas Santa Inês. Semina: Ciências Agrárias, 46(4), 1277–1288. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2025v46n4p1277

Edição

Seção

Artigos