Grau de tecnificação do rebanho ovino pode estar associado a soropositividade para o maedi-visna vírus no Sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2023v44n2p767Palavras-chave:
Lentiviroses, Pequenos ruminantes, Pneumonia, Retrovírus, Maedi-Visna.Resumo
A Maedi-Visna (MV) é uma doença multissistêmica de caráter crônico-progressivo, os animais infectados podem passar meses e anos sem demonstrarem sinais clínicos e, após desenvolverem sinais, evoluem rapidamente para a morte. A eliminação viral ocorre principalmente por meio do contato direto com secreções de animais positivos. Não existe vacina ou tratamento, sendo necessária a profilaxia para a sanidade do rebanho. O objetivo do presente estudo foi verificar a soropositividade para o MV e avaliar os fatores associados ao risco em rebanhos ovinos do Paraná. Foram colhidas 1549 amostras de soro, oriundas de 90 propriedades. A cada propriedade foi aplicado um questionário epidemiológico, cujas variáveis foram analisadas pelo programa Epi-info e ambiente R. Das 1549 amostras analisadas, 22 foram positivas (1,4%) ao teste de micro-IDGA, em 13,3% das propriedades. Nosso estudo demonstrou variáveis associadas à proteção e ao risco para a ocorrência de anticorpos anti-MVV nas propriedades podem estar relacionadas à tecnificação da mesma. Realização de estação de monta, fornecimento de ração concentrada e separação das matrizes antes do parto foram fatores associados à proteção, enquanto que a ocorrência prévia de problemas com piolhos, criação a pasto e manter gatos junto ao rebanho foram fatores associados ao risco. A soropositividade observada no presente estudo sugere a circulação do MVV nos rebanhos ovinos do Paraná, o que reforça a necessidade de implementação de medidas de prevenção e controle, uma vez que a tecnificação pode interferir na ocorrência de anticorpos anti-MVV nos rebanhos.
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