Hepatotoxicidade associada à microcistina
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2008v29n2p417Palavras-chave:
Microcystis aeruginosa, Microcistina, Cianotoxinas, Hepatotoxina.Resumo
Efluentes industriais e urbanos e a intensa exploração agrícola e de pescado têm levado à eutrofização de muitos mananciais de água, destinados ao consumo e às atividades recreacionais. A eutrofização das águas, freqüentemente, tem como conseqüência o desenvolvimento expressivo de cianobactérias. Estas florações induzem a sérios problemas, visto que a ocorrência de Microcystis aeruginosa, uma das cianobactérias mais difundidas, pode produzir microcistinas (MCs). O efeito citotóxico da MC tem sido descrito no fígado, pulmões, estômago e intestino. Mortes de seres humanos, de animais silvestres e domésticos têm sido associadas à exposição a MC. Esta pode ocorrer diretamente por ingestão, inalação, contato, inoculação intravenosa (hemodiálise) ou indiretamente, pelo consumo de animais, dentre os quais os peixes e moluscos, que podem ingerir as cianobactérias e suas toxinas. A mais tóxica e também mais comum das MCs é a microcistina-LR (MC-LR), cujo órgão alvo é o fígado. A MC chega ao fígado especificamente por transporte dos ácidos biliares e, uma vez no citoplasma, inibe as proteínas fosfatases 1 e 2A, induzindo ao aumento da fosforilação protéica. Esta reação tem duas conseqüências: destruição do citoesqueleto, causando efeitos citotóxicos e descontrole da divisão celular, levando à promoção tumoral. A exposição aguda à MC induz severa hemorragia intra-hepática, necrose e apoptose, enquanto a exposição crônica pode causar neoplasia hepática ou intestinal. Também tem sido relatado que a hepatotoxicidade da MC está intimamente associada à formação intracelular de espécies reativas de oxigênio. A MC pode ser naturalmente degradada por bactérias ou pela radiação solar. Contudo, se não houver eficiente degradação, a MC poderá persistir na cadeia alimentar aquática. A contaminação de águas pela MC representa, portanto, perigo à saúde humana e de animais. Assim, esforços para evitar a eutrofização de fontes de águas são essenciais para minimizar riscos à saúde pública.
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