Ventriculocordectomia trans-endoscópica em equinos, com uso de eletrocautério monopolar

Resumo

Hemiplegia de laringe representa uma das afecções mais frequentes em vias aéreas anteriores de cavalos. Em animais de alto desempenho esportivo a laringoplastia é indicada, e nos casos em que a única queixa é o ruído respiratório recomenda-se realizar a ventriculectomia e a cordectomia. O presente trabalho teve como objetivo estabelecer uma abordagem cirúrgica minimamente invasiva, através de videocirurgia, para realização da ventriculocordectomia em cavalos. A técnica cirúrgica foi desenvolvida em duas etapas, sendo a primeira cadavérica e a segunda in vivo, ambas utilizando videoendoscópios flexíveis. A primeira consistiu na realização de ventriculocordectomia bilateral em dois cadáveres, para padronização da técnica, totalizando quatro cordas vocais removidas. Na segunda, procedeu-se a ventriculocordectomia unilateral esquerda em três animais naturalmente afetados pela hemiplegia de laringe. As cordas vocais foram tracionadas utilizando uma pinça de preensão de 3,2mm, através do canal de trabalho de endoscópio flexível, e com o segundo equipamento similar, realizou-se a ressecção da corda vocal com eletrodo flexível monopolar adaptado para eletrocirurgia (eletrocautério), também através do canal de trabalho. O tempo médio dos procedimentos foi de 23±5 minutos. No período pós-operatório observou-se moderada inflamação ao redor da incisão, sendo o tempo de cicatrização total de 21 dias em um cavalo e 28 dias nos outros dois. Um dos animais apresentou tecido de granulação exuberante no local de excisão da corda vocal, que foi tratado com infiltração de corticosteróide. Não foram observadas outras intercorrências inerentes à técnica proposta, sendo esta uma opção pouco invasiva, que dispensa a realização da laringotomia. A técnica desenvolvida no presente trabalho mostrou-se promissora para realização da ventriculocordectomia em cavalos. As principais vantagens desta abordagem foram: tempo trans cirúrgico reduzido, tempo médio de cicatrização menor, eliminação da necessidade de curativos diários e retorno dos animais às atividades normais em um período inferior, quando comparado às outras abordagens cirúrgicas. A limitação da técnica consiste na necessidade de dois endoscópios para sua realização. Mais estudos, com um número maior de animais, são necessários para aprimorar a técnica.