Desvelando arcanos tecnológicos: ética algorítmica no estado informacional
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n3p625Palavras-chave:
Ética da informação, Estado informacional, Privacidade e VigilânciaResumo
Introdução: as práticas difusas de vigilância informacional por instituições estatais e grandes corporações do século XXI esbarram em questões e dilemas relativos à informação em rede, como as várias formas de opacidade, a privacidade dos indivíduos e os sistemas de governança. Objetivo: propomos a ideia de “arcanos tecnológicos” para compreender os segredos enrascados na sociedade em rede, a fim de promover um debate que contemple temas contemporâneos relacionados à ética da informação. Metodologia: por meio de revisão bibliográfica, são explorados o contexto de vigilância do Estado informacional e o modelo “panspectron”; a noção de segredo pela perspectiva social e pelo viés do ciberativismo; e a dimensão ética que permeia a presença de algoritmos nas redes digitais. Resultados: verificamos que a sofisticação e complexidade tecnológicas envolvidas no processo de governança global do ciberespaço configuram uma nova e desconhecida esfera sociopolítica. Nesse sentido, irrompem-se formas de resistência efetivas como estratégias de contravigilância, vazamentos de documentos oficiais por ciberativistas, atuações da mídia em casos específicos e medidas para a prestação de contas pela sociedade. Conclusões: uma ética pragmática dos algoritmos deve enfatizar a prestação de contas à sociedade tanto por agentes estatais quanto pelos não-estatais. Reinos digitais formados por oligopólios da internet precisam aceitar a mesma carga de imputabilidade e responsabilização social que exigem de indivíduos, tornando-se imprescindível o aumento da conscientização de todos sobre as estruturas de poder que transpassam os “arcanos tecnológicos”.Downloads
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