A contribuição de Robert Merton e Thomas Kuhn para a visão auto-organizada da colaboração científica: um estudo metateórico
DOI:
https://doi.org/10.5433/1981-8920.2018v23n3p17Palavras-chave:
Colaboração Científica, Paradigmas, Bibliometria, Redes SociaisResumo
Introdução: A colaboração científica é uma atividade social de interação entre pesquisadores que atuam em grupos ou duplas para a elaboração de pesquisas mais completas e precisas. Objetivo: refletir a colaboração científica à luz dos estudos de Merton e Kuhn, a fim de propor uma abordagem conceitual-teórico-metodológico para a colaboração, tratada neste trabalho como uma atividade espontânea e auto-organizada. Metodologia: apresenta as análises metateóricas de Ritzer e descreve o comportamento científico colaborativo a partir da teoria dos autores de Merton e Kuhn. Resultados: Identifica que o comportamento dos pesquisadores pode ser determinado a partir de padrões e normas sociais da comunidade científica, associados às normas cognitivas individuais. Conclusões: As propostas de Merton e Kuhn podem ser completares, e quando associadas tendem a endossar a perspectiva autônoma e autorregente do processo de colaboração científica uma vez que o processo de construção do conhecimento pode ser considerado resultado de interações sociais, todavia, esta última condicionada às características estruturais de cada domínio conforme a proposta de Merton, somada as preferências e normas cognitivas individuais dos pesquisadores que participam do processo de construção do conhecimento, evidenciando a existência de normas cognitivas no fazer científico, destacada por Thomas Kuhn.Downloads
Referências
BEAVER, D. D.; ROSEN, R. Studies in scientific collaboration: part I: the professional origins of scientific co-authorship. Scientometrics, Budapest, v. 1, p. 65-84, 1978.
CASTANHA, R. C. G.; GRÁCIO, M. C. C. Bibliometrics contribution to the metatheoretical and Domain Analysis Studies. Knowledge Organization, v. 41, p. 171-174, 2014.
FEYERABEND, P. Science in a Free Society. London: New Left Books, 1978.
GLÄNZEL, W. Bibliometrics as a research field: a course on theory and application of bibliometric indicators. Bélgica, 2003.
HASELAGER, W. F. G.; GONZALEZ, M. E. Q. Auto-organização e autonomia. In: D‘OTTAVIANO, I. M. L.; GONZALEZ, M. E. Q. (org.). Auto-organização: Estudos interdisciplinares. Campinas: Coleção CLE, 2008.
HILÁRIO, C. M.; GRÁCIO, M. C. C. Scientific collaboration in Brazilian researches: a comparative study in the information science, mathematics and dentistry fields. Scientometrics, 2017. Disponível em: 10.1007/s11192-017-2498-4. Acesso em: 10 jul. 2018.
HILÁRIO, C. M.; GRÁCIO, M. C. C. Colaboração científica na temática “redes sociais”: uma análise bibliométrica do ENANCIB no período 2009-2010. Revista EDICIC, v. 1, n. 4, p. 363-375, 2011. Disponível em: http://edicic.org/revista. Acesso em: 02 jun. de 2013.
KATZ, J. S.; MARTIN, B. R. What is research collaboration? Research Policy, Amsterdan, n. 26, p. 1-18, 1997.
KROPF, S. P.; LIMA, N. T. Os valores e a prática institucional da ciência: as concepções de Robert Merton e Thomas Kuhn. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 5, n. 3, p. 565-581, 1999.
KUHN, T. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University of Chicago Press, 1962.
LIMA, N. T. Valores sociais e atividades científicas: um retorno à agenda de Robert Merton. In: PORTOCARRERO, V. (org.). Filosofia, história e sociologia das ciências I: abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1994.
MERTON, R. K. The Sociology of Science. Chicago: University of Chicago Press, 1973.
MERTON, R. K. Sociologia, Teoria e Estrutura. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
NEWMAN, M. E. J. From the Cover: the structure of scientific collaboration networks. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, Washington, v. 98, n. 2, jan. 2001. p. 404-409.
OLIVA, A. O normal e o revolucionário na reprodução da racionalidade científica. In: PORTOCARRERO, V. (org.). Filosofia, história e sociologia das ciências I: abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1994.
PEREIRA, M. N. F. A ciência da Informação e a nova sociologia da ciência. Informare: Cadernos do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 5-11, 2000.
PESSOA JR, O. Filosofia & Sociologia da Ciência: uma introdução. 1993. Disponível em: http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/sociociencia.htm. Acesso em: 10 nov. de 2013.
PESSOA JR, O. Modelos causais em história da ciência. Cadernos de Ciências Humanas - Especiaria, v. 9, n. 16, p. 383-395, 2006. Disponível em: http://www.uesc.br/revistas/especiarias/ed16/16_8_modelos_causais_em_historia.pdf. Acesso em: 10 jan. 2014.
RITZER, G. Metatheorizing in Sociology. NY: Lexington Books, 1991.
SALVI, R. F.; BATISTA, I. de L. A análise dos valores na Educação científica: contribuições para uma aproximação da filosofia da ciência com os pressupostos da TAS. In: ENCONTRO NACIONAL DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA (ENAS), 2, 2008. Anais... Canela: ENAS, 2008.
TOGNOLI, N. B. A construção teórica da Diplomática: em busca de uma sistematização de seus marcos teóricos como subsídio aos estudos arquivísticos. 2013. 161 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Marília, 2013.
TOLEDO-NICKELS, U. El Esquema Metateórico de Ritzer desde la Metodología de los Programas de Investigación. Cinta de Moebio, n. 33, p. 204-218, 2008.
VANZ, S. A. de S.; STUMPF, I. R. C. Colaboração científica: revisão teóricoconceitual. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 15, n. 2, p. 42-55, maio/ago. 2010.
WAGNER, C. S.; LEYDESDORFF, L. Network structure, self-organization, and the growth of international collaboration in science. Research Policy, Amsterdam, v. 34, p. 1608-1618, 2005.
WANG, J.; HICKS, D. The organization of science: teams and networks. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SCIENCE AND TECHNOLOGY INDICATORS (STI), 19, 2014. Anais... Leiden: European Network of Indicator Developers (ENID), 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua e a credibilidade do veículo. Respeitará, no entanto, o estilo de escrever dos autores. Alterações, correções ou sugestões de ordem conceitual serão encaminhadas aos autores, quando necessário.
O conteúdo dos textos e a citação e uso de imagens submetidas são de inteira responsabilidade dos autores.
Em todas as citações posteriores, deverá ser consignada a fonte original de publicação, no caso a Informação & Informação.