Fica um grande vazio: relatos de mulheres que experienciaram morte fetal durante a gestação
DOI:
https://doi.org/10.5433/2236-6407.2014v5n2p113Palavras-chave:
morte fetal, luto, bem-estar materno, serviços de saúde materna, pesquisa qualitativaResumo
O objetivo deste artigo é discutir vivências emocionais de mulheres que tiveram perda fetal após vinte semanas de gravidez, coletadas em pesquisa de campo. Utilizou-se o método clínico-qualitativo. A amostra de sujeitos foi intencional e fechada pelo critério de saturação de informações. Utilizou-se a técnica de entrevista semidirigida de questões abertas com cinco mulheres. O tratamento de dados incluiu: transcrição das entrevistas, leituras flutuantes e categorização em tópicos através de análise de conteúdo. Da análise qualitativa dos dados emergiram quatro categorias: 1) “Recebi a notícia da perda...”; 2) “Meu filho nasceu morto...”; 3) “Por que comigo?”; 4) “Eu me sinto assim...”. Identificou-se a necessidade de assegurar que as mães e familiares ingressem no processo de elaboração do luto perinatal que refletirá na minimização de prejuízos psicológicos. Deve ser priorizado um suporte por parte da equipe de saúde envolvida, que considere a mulher desde o momento em que é dada a notícia do óbito.
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