Deslocamento compulsório: relatos de um luto não elaborado

Autores

  • Maria Lívia Pinheiro de Freitas Universidade de Fortaleza
  • Renata Bezerra de Holanda Bessa UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
  • Karla Patrícia Martins Ferreira Universidade de Fortaleza
  • Hélida Arrais Costa Vieira UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
  • Ada Raquel Teixeira Mourão UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI

DOI:

https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n2p38

Palavras-chave:

luto, estresse, ajustamento social, psicologia ambiental, migração humana.

Resumo

As construções de barragens podem ocasionar à desapropriação de cidades inteiras e realocação de populações. Transformações desta amplitude geram perturbações às comunidades afetadas. Devido a construção da Barragem do Castanhão, a cidade de Jaguaribara foi destruída, e seus moradores transferidos para a primeira cidade projetada do Ceará, a Nova Jaguaribara. Apropriando-se dos conceitos da psicologia ambiental, a pesquisa teve como objetivo compreender aspectos da relação pessoa-ambiente frente ao deslocamento compulsório. Verificou-se na população de Jaguaribara sinais de luto não elaborado, traços de sofrimento psíquico, bem como a fragilização dos vínculos sociais e a redução da autonomia. Compreender as relações humano-ambientais, e impactos decorrentes de processos de deslocamentos programados torna-se primordial para a elaboração de estratégias que visem a redução de danos, potencializem adaptação e a promoção de saúde. Portanto, o impacto da perda do lugar torna-se viabilizador da manifestação e da manutenção de intenso sofrimento favorecendo o surgimento de adoecimentos.

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Biografia do Autor

Maria Lívia Pinheiro de Freitas, Universidade de Fortaleza

Graduada em Psicologia- Universidade de Fortaleza- Unifor

Membr Centro de Apoio Ao Suejeito no Luto

Bolsista de Iniciação Cietífica PROBIC- UNIFOR.

Renata Bezerra de Holanda Bessa, UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Psicóloga Graduada pela Universidade de Fortaleza;

Voluntária do Laboratório LERHA- Laboratório de Estudos das Relações Humano-Ambientais.

Karla Patrícia Martins Ferreira, Universidade de Fortaleza

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (2003), Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (2006), Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará, com Doutorado Sanduíche na Université de Nantes - França (2011) e Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. É atualmente professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza, onde coordena o Laboratório de Estudo das Relações Humano-Ambientais (LERHA).Tem experiência nas áreas de Psicologia, Educação e Saúde, com ênfase em Psicologia Ambiental, Psicologia Social, Psicologia da Educação, Educação Ambiental e Educação Popular e Psicologia Fenomenológico-Existencial. 

Hélida Arrais Costa Vieira, UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (2007), mestrado em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (2011) e doutorado em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (2015), com ênfase em Cognição e Neurociências. É especialista em Neuropsicologia (2009), com registro reconhecido no Conselho Federal de Psicologia. Atualmente é professora da Universidade de Fortaleza e coordenadora do Laboratório de Neuropsicologia bdo Desenvolvimento - LEPNEURO. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Expressõe Faciais, Neurociências e Emoção, Avaliação Psicológica e Neuropsicologia.

Ada Raquel Teixeira Mourão, UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI


Doutorado em Psicologia Ambiental pela Universidade de Barcelona (2014), Mestrado em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2003) e Graduação em Administração pela Universidade Federal do Ceará (1989) . Professora Adjunta III da Universidade Federal do Piauí - UFPI na área de Metodologia Científica e Educação Ambiental. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Teorias e Práticas Pedagógicas (NUTEPP - UFPI) e do Grupo de estudos e Pesquisas em Pedagogia, Trabalho Educativo e Sociedade (GEPPTES - UFPB). Possui experiência em administração pública com ênfase na elaboração e coordenação de projetos sociais. Atua como investigadora na área de Psicologia Ambiental e estudos urbanos, principalmente em temas relacionados a Espaço Público, Desenvolvimento Urbano e Social, Subjetividade, Identidade de Lugar, conflitos urbanos e cidade como espaço educativo.

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Publicado

2021-10-31

Como Citar

Pinheiro de Freitas, M. L., Bezerra de Holanda Bessa, R., Martins Ferreira, K. P., Arrais Costa Vieira, H., & Teixeira Mourão, A. R. (2021). Deslocamento compulsório: relatos de um luto não elaborado. Estudos Interdisciplinares Em Psicologia, 12(2), 38–56. https://doi.org/10.5433/2236-6407.2021v12n2p38

Edição

Seção

Artigos Originais