Pensando a paz entre as guerras: o lugar do ensino de história nas relações exteriores

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2010v3n6p677

Palavras-chave:

História do ensino de história, Políticas educacionais, Relações internacionais, Direitos humanos, Livros didáticos

Resumo

No início do século XX, principalmente após a 1ª Guerra Mundial, historiadores e educadores passaram a se perguntar sobre a influência que o ensino de História poderia ter nas afinidades e hostilidades entre povos e nações, para além da sua já considerada função cívica. Os chamados “abusos” da História –refletidos em seu ensino para a infância e para a juventude– passaram a ser debatidos na Europa (especialmente França, Alemanha e Espanha) e nos EUA, alcançando diversas organizações internacionais (leigas e religiosas), incluindo desde sindicatos de professores até a Liga das Nações. A revisão dos programas escolares e de livros didáticos esteve no centro dessa discussão. Na América do Sul, essa iniciativa coube aos governos do Brasil e da Argentina que, representados por seus ministros das Relações Exteriores, assinaram, em 1933, um “Convênio entre o Brasil e a República Argentina para a Revisão dos Textos de Ensino de História e Geographia”. Neste artigo, investigamos os interesses políticos e educacionais –inseridos no contexto internacional– que proporcionaram a assinatura do Convênio, e consideramos a atuação conjunta de governos, de políticos e de intelectuais-professores na intenção de prevenir a excitação “no ânimo desprevenido da juventude a adversão a qualquer povo americano”.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Juçara Luzia Leite, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Doutora em História pela Universidade de São Paulo. Professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

Referências

ALDRICH, Richard. Education for survival: a historical perspective. History of Education, Londres, v. 39, n. 1, p. 1-14, jan. 2010.

BARACUHY, Braz. A crise da Liga das Nações de 1926: realismo neoclássico, multilateralismo e a natureza da política externa brasileira. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, p. 355-397, jul./dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292006000200002. Acesso em 16/07/2010.

CICCHINI, Marco. Un bouillon de culture pour les sciences de l’éducation ? Le Congrès international d’éducation morale (1908-1934). Paedagogica Histórica, Genebra, v. 40, n. 5-6, p. 633-656, out. 2004.

GIUNTELLA, Maria Cristina. Cooperazione intelletuale e educazione alla pace nell’Europa della Società delle Nazioni. Pádua (Itália): CEDAM, 2001.

GIUNTELLA, Maria Cristina. Enseignement de l’histoire et revision dês manuels scolaires dans l’entre-deux-guerres. In : BAQUÈS, Marie-Cristine ; BRUTER, Annie. ; TUTIAUX-GUILON, Nicole. (org). Pistes didactiques et chemins d’historiens : textes offerts à Henri Moniot. Paris: L’Harmattan, 2003. p. 161-190.

HOLLANDA, Guy de. A Pesquisa de estereótipos e valores nos compêndios de História destinados ao curso secundário brasileiro. Educação e Ciências Sociais, Rio de Janeiro. INEP/ MEC, v. 2, n. 4, p. 76-119, 1957.

HOLLANDA, Guy de. Programas e Compêndios de História para o Ensino Secundário Brasileiro: 1931-1956. Rio de Janeiro: INEP/ MEC, 1957.

HUBRECHT, Joel; MUGIRANEZA, Assumpta. Enseigner l’histoire et la prévention des génocides – peut-on prévenir les crimes contre l’humanité? Paris: Hachette, 2009.

KOSELLECK, Reinhart. Le futur passé: contribuitions à la semanthique dês temps historiques. Paris : Editions de l’EHSS, 1990.

LEITE, Juçara Luzia. Natureza, Folclore e História: a obra de Maria Stella de Novaes e a historiografia espirito-santense no século XX. 2002. 365 f. Tese (Doutorado em História Social) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade de São Paulo, 2002.

RANGEL, Carlos Roberto da Rosa. Fronteira Brasil-Uruguai: entre o nacional e o regional (1928-1938). JORNADAS DE HISTÓRIA COMPARADA, 1., 2000, Porto Alegre. Anais[...] Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em: http://www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/1/s2a2.pdf1. Acesso em 6/04/2010.

RENOLIET, Jean-Jacques. L'UNESCO oubliée, la Société des Nations et la coopération intellectuelle (1919-1946). Paris: Publications de la Sorbonne, 1999.

SILVA, Alexandra de Mello e Silva. Idéias e política externa: a atuação brasileira na Liga das Nações e na ONU. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 41, n. 2, p. 139-158, jul-dez. 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-73291998000200008&script=sci_arttext. Acesso em 17/07/2010.

SILVA, Ana Paula Barcelos Ribeiro. A história que ensina e constrói: Reflexões sobre intercâmbios culturais e intelectuais e escrita da história. XIII ENCONTRO DE HISTÓRIA DA APUNH, 13., 2008, Rio de Janeiro. Anais[...] Disponível em: http://www.encontro2008.rj.anpuh.org/resources/content/anais/1210075482_ARQUIVO_Resumoextendido(Anpuh2008).pdf. Acesso em 27/07/2010.

STOOSS-HERBERTZ, Adelaide. Os leitores e as leituras das obras de Stefan Zweig no Brasil. Fênix: Revista de História e Estudos Culturais, Curitiba/UFPR, v. 4, n. 2, p. 1-17, jun. 2007. Disponível em http://www.revistafenix.pro.br/vol11Adelaide.php. Acesso em 22/04/2010.

UNESCO. Étude sur les manuels scolaires d’histoire et de geographie. 1952. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001261/126100fb.pdf. Acesso em 22/04/2010.

UNESCO. La réforme des manuels scolaires et du matériel d’enseignement. Paris: Unesco, 1950.

Downloads

Publicado

04-02-2011

Como Citar

LEITE, J. L. Pensando a paz entre as guerras: o lugar do ensino de história nas relações exteriores. Antíteses, [S. l.], v. 3, n. 6, p. 677–699, 2011. DOI: 10.5433/1984-3356.2010v3n6p677. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/7925. Acesso em: 19 abr. 2024.