'Privilégios' universitários como condição de bem comum
reflexões sobre cartas universitárias de D. Pedro
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2024v17n34p355-378Palavras-chave:
Política governamental, Universidade Medieval, Cartas, Infante D. Pedro, Bem comumResumo
Nosso propósito é refletir acerca do papel do governante na organização e consolidação da Universidade, no reino português, no outono medieval. Recuperamos um conjunto de medidas políticas tomadas pelo regente Infante D. Pedro (1392-1449) entre os anos de 1441 a 1444 que visavam proteger a vida dos homens de saber e instituiu privilégios que lhes asseguravam a dedicação exclusiva às atividades universitárias. Ao mesmo tempo, o regente definiu medidas dirigidas à população em geral para que reconhecessem a importância dos homens da universidade para a sociedade. Utilizamos como fontes um conjunto de oito Cartas publicadas no Chartularium Universitatis Portugalensis que serão analisadas segundo os princípios formulados pela História Social, especialmente a partir do conceito de longa duração de Braudel (1991). Observamos ainda, em termos de considerações finais, que julgamos fundamental que as ações do governante português inclinaram-se conscientemente para defender a existência da Universidade e de seus atores.
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Referências
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