Práticas de escolarização católica e seus usos na vida de Elfrida Lobo
(Paranaguá, décadas de 1910 a 1960)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2023v16n32p619-646Palavras-chave:
História da Educação, História da Infância, Educação feminina, Egodocumentos, Educação CatólicaResumo
Este artigo tem por objetivo analisar as práticas de escolarização católica e seus usos na vida de Elfrida Lobo, entre fins da década de 1910 até meados da década de 1960, tomando por fonte o egodocumento Retalhos de Uma Vida. Na primeira parte são investigadas as práticas de escolarização vivenciadas por Elfrida Lobo e propiciadas a ela pelo Colégio São José, bricoladas com práticas de espiritualidade católicas, mas igualmente transformadas em práticas educativas no cotidiano da educação destinada à Elfrida e suas colegas pelas Irmãs de Chambery. Na segunda parte são estudados os usos que faz Elfrida, em sua vida adulta, desse repertório de saberes frente aos fatos que condicionam sua vida maturidade: as dificuldades financeiras, a viuvez, os filhos pequenos, a fé cristã, os desejos de independência e uma grande inclinação pelo estudo de línguas estrangeiras. As conclusões apontam que o ensino recebido no Colégio São José funcionou de muitas formas, ainda que as suas finalidades tenham sido extrapoladas para a expansão intelectual e independência financeira e social de Elfrida Lobo através de sua capacitação e desempenho profissional. Da educação recebida no Colégio católico e ampliada ao longo da vida, ela fez seu próprio uso.
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