Fumar tabaco, consumir ipadu:
a constituição do sujeito na ontologia Yepamahsã (Tukano)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2023v16n32p338-370Palavras-chave:
Ontologia Yepamahsã, Animismo, Xamanismo, Multinaturalismo, SujeitosResumo
Tomando por base o relato autobiográfico de Barreto (2018), o artigo pretendeu analisar a concepção de sujeitos humanos e não humanos e suas interações no sistema cosmopolítico Yepamahsã (Tukano) do noroeste amazônico. Apoiou-se nos teóricos da “virada ontológica na Antropologia”: Descola, Latour e Viveiros de Castro, cujas interpretações avançaram sobre o problema epistemológico da representação moderna na separação radical entre natureza e cultura. A metodologia baseou-se na simetrização antropológica seguindo o percurso da “reflexividade tucana” empreendida por Barreto (2018) na incursão ao corpus mitológico de seu grupo de origem, os Búbera Põra. Os resultados apontaram que os modos de identificação do ser manifestos na cosmologia Yepamahsã revelam um regime anímico e multinaturalista como condição universal, uma vez que o estatuto do humano é compartilhado como disposição ontológica geral, no qual, as relações entre os entes são guiadas e administradas pelas práticas xamânicas dos kumuã, ao evocar o tempo das origens. No exercício auto descritivo, o autor apontou que na práxis desempenhada pelos especialistas, sobressaem ainda peculiaridades que envolvem os discursos Kehtí Ukunse e Mūropaū Ussétisse como “Artes do Diálogo”, uma vez que esse coletivo define a fala como ato transformador.
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