O Tenente-Coronel Francisco Xavier Bigode (1772-1838) e a Independência na Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2022v15nEspecialp52-80

Palavras-chave:

Independência brasileira, milícia, Bahia, ideologia política, política racial

Resumo

Este artigo analisa a carreira do Tenente-Coronel Francisco Xavier Bigode, o último comandante da milícia negra de Salvador, o Regimento (depois Batalhão) de Henrique Dias, desde que assentou praça em 1797 até seu assassinato em 1838, depois da Sabinada. Analisa como ele adaptou sua ideologia barroca do Antigo Regime e sua compreensão do lugar da milícia segregada na ordem colonial aos princípios liberais do novo império brasileiro independente que continuava a pagar aos oficiais negros milicianos assalariados menos que às suas contrapartes brancas e, em 1831, aboliu a milícia negra. Embora não fosse líder no movimento pela Independência, suas quatro décadas de carreira militar abarcaram todo o processo da Independência na Bahia e suas escolhas revelam algumas das opções disponíveis aos brasileiros nessa época.

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Biografia do Autor

Hendrik Kraay, Department of History University of Calgary 2500 University Dr. NW Calgary, AB T2N 0K9 Canada

Hendrik Kraay é professor de história na Universidade de Calgary. É autor de Race, State, and Armed Forces in Independence-Era Brazil: Bahia, 1790s-1840s(2001); Days of National Festivity in Rio de Janeiro, Brazil, 1823-1889 (2013); e Bahia's Independence: Popular Politics and Patriotic Festival in Salvador, Brazil, 1824-1900 (2019).

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Publicado

07-12-2022

Como Citar

KRAAY, H. O Tenente-Coronel Francisco Xavier Bigode (1772-1838) e a Independência na Bahia. Antíteses, [S. l.], v. 15, n. Especial, p. 52–80, 2022. DOI: 10.5433/1984-3356.2022v15nEspecialp52-80. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/44450. Acesso em: 26 abr. 2024.