Aprender na clausura: a aula pública do recolhimento da Caridade de Braga, no século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n20p678

Palavras-chave:

Recolhimento, Caridade, Mulheres, “Aula pública”

Resumo

Neste trabalho analisamos a aprendizagem feita pelas mulheres nos recolhimentos, dando particular atenção ao da Caridade de Braga, onde em finais do século XVIII se criou uma “aula pública”. Espaços de reclusão, estas casas constituíam-se como locais de preservação da honra feminina, mas também centros de aprendizagem de competências associadas à vida doméstica. Embora em todos os recolhimentos se praticasse a leitura e a escrita, em muito poucos se ensinavam essas práticas. No da Caridade foi criada uma escola para meninas, com a particularidade de ser um espaço de clausura que diariamente se abria para receber alunas externas, embora tivesse também alunas internas.

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Biografia do Autor

Maria Marta Lobo de Araújo, Universidade do Minho

Doutora em História Moderna e Contemporânea pela Universidade do Minho. Professora Associada com Agregação da Universidade do Minho.

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Publicado

01-12-2017

Como Citar

ARAÚJO, Maria Marta Lobo de. Aprender na clausura: a aula pública do recolhimento da Caridade de Braga, no século XVIII. Antíteses, [S. l.], v. 10, n. 20, p. 678–699, 2017. DOI: 10.5433/1984-3356.2017v10n20p678. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/29685. Acesso em: 23 nov. 2024.