Entre palavras e objetos: Cultura material e Abolicionismo no Vale do Paraopeba/MG (1840-1888)
DOI:
https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n20p749Palavras-chave:
Cultura material, Cultura intelectual, Inventário post-mortem, Abolicionismo, Vale do Paraopeba (MG)Resumo
O objetivo deste artigo é analisar a cultura material do professor de primeiras letras, advogado, solicitador de capelas e resíduos, curador de escravos Manoel Bernardes da Cunha Cassão, falecido em 1877, na cidade de Bonfim. Com base em seu inventário post-mortem, de um banco de dados composto por 450 documentos cartorários e outras fontes, foi possível descortinar questões pertinentes à oscilação das fortunas, à posse de escravos e terras, a relação entre o interior de Minas Gerais e a Corte do Rio de Janeiro e, principalmente, o significado e a simbologia de possuir alguns artefatos, considerados, na época, sofisticados, exóticos e luxuosos. Para a realização deste trabalho, foi necessário recorrer a alguns pressupostos da História Social e da Micro História. Tendo como referência o conceito de “excepcional normal”, de Edoardo Grendi, problematizou-se, a partir das pistas e vestígios deixados por Cassão, como os objetos e os livros localizados em sua moradia, bem como sua atuação social e política, constituíram, ao mesmo tempo, desvio e regra na sociedade oitocentista.Downloads
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