Descaso com a Reforma Agrária e Repressão Contra os Movimentos Sociais: representações do MST sobre Collor (1990- 1992)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2017v10n19p311

Palavras-chave:

MST, Collor, Jornal Sem Terra, Representações, Brasil

Resumo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao longo de suas três décadas de existência se constituiu como um dos movimentos sociais mais expressivos da história do Brasil, tanto por sua longevidade, quanto pelo alcance de suas mobilizações e atuação no cenário político brasileiro. Por suas concepções e posições políticas, o Movimento sempre se declarou oposição aos presidentes brasileiros, exceto, em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse sentido, o artigo analisa as representações do MST sobre o presidente Fernando Collor de Mello, por meio do seu periódico, o Jornal Sem Terra, no período em que ocupou a presidência da República (1990-1992). Por uma escolha metodológica as análises concentram-se nos editoriais do periódico, por serem espaços exclusivos da Direção Nacional, que o utiliza para falar em nome do Movimento. A ideia de representação, a partir das contribuições do historiador Roger Chartier, foi significativa para as reflexões do artigo. Ao longo do texto, evidencia-se que Collor foi representado como inimigo dos trabalhadores e da reforma agrária, bem como um presidente autoritário.

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Biografia do Autor

Fabiano Coelho, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutor em História pela Universidade Federal da Grande Dourados. Docente da Universidade Federal da Grande Dourados.

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Publicado

28-07-2017

Como Citar

COELHO, F. Descaso com a Reforma Agrária e Repressão Contra os Movimentos Sociais: representações do MST sobre Collor (1990- 1992). Antíteses, [S. l.], v. 10, n. 19, p. 311–331, 2017. DOI: 10.5433/1984-3356.2017v10n19p311. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/27717. Acesso em: 28 mar. 2024.