A elevação do funk carioca a “patrimônio cultural”: cotidiano e embates sociais e políticos em torno da Lei 5543/2009

Autores

  • Reginaldo Aparecido Coutinho Universidade Estadual de Londrina - UEL

DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2015v8n15p520

Palavras-chave:

História, Legislação, Funk, Patrimônio, Movimento cultural e musical.

Resumo

Em 2000 foi criada a Lei nº 3410/2000 que delimitou as condições em que poderiam ser realizados os bailes funk na cidade do Rio de Janeiro. Em 2008, a Lei Álvaro Lins enrijeceu a Lei de 2000, impondo uma série de restrições às realizações de bailes funk e festas raves. Porém, em 1º de setembro de 2009, foi promulgada a lei que alçou o Funk Carioca a “patrimônio cultural” do Estado do Rio de Janeiro e, no mesmo dia, revogou-se a Lei Álvaro Lins. O objetivo deste artigo é fazer uma análise do texto da Lei 5543/2009 colocando-a em diálogo com a experiência vivida no cotidiano por aqueles sobre quem ela incide. Por meio destas discussões pretendemos apreender os embates sóciopolíticos que emergiram com a implementação da referida lei, bem como entender as possíveis mudanças por ela operadas.

Biografia do Autor

Reginaldo Aparecido Coutinho, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Especialista em Patrimônio e História pela Universidade Estadual de Londrina. Mestrando em História Social pela Universidade Estadual de Londrina.

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Publicado

31-07-2015

Como Citar

COUTINHO, Reginaldo Aparecido. A elevação do funk carioca a “patrimônio cultural”: cotidiano e embates sociais e políticos em torno da Lei 5543/2009. Antíteses, [S. l.], v. 8, n. 15, p. 520–541, 2015. DOI: 10.5433/1984-3356.2015v8n15p520. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/20203. Acesso em: 3 jul. 2024.