O povo caboclo no território contestado

Uma análise do processo de invisibilização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/got.2022.v8.46711

Palavras-chave:

Caboclos/Caboclas, territorialidades, culpabilização

Resumo

Este trabalho objetiva problematizar sobre a ocorrência do esquecimento do povo caboclo no território conhecido como Contestado, situado entre os estados do Paraná e de Santa Catarina. Buscamos analisar os emaranhados que fizeram com que ocorresse a invisibilização deste povo que sofreu com/e na guerra ocorrida entre os anos de 1912-1916. Na mesma perspectiva, se eleva em nosso estudo um repensar das territorialidades pelas quais compreende-se que no território Contestado o povo caboclo compôs seus modos de ser e de existir, convivendo com o espaço natural; fato este que, posteriormente, com a expansão do capitalismo e em decorrência das ramificações do conflito, provoca a desestruturação deste modo de vida. Em continuidade ao estudo, e tendo como base uma revisão teórica, elencamos a existência da negação das identidades caboclas na atualidade, devido aos inúmeros fatos que desde o conflito continuam a perseguir e a criminalizar, culpabilizando os caboclos e as caboclas pelo desenrolar dos acontecimentos que levaram a ocorrência da Guerra. Concluímos, indicado que a população cabocla não é a culpada pelo estopim do conflito e pela Guerra como um todo, de modo que se faz necessário avançar nos estudos comprometidos com a produção de conhecimento que possa contribuir com a justiça social, isto é, retirar a culpa colocada aos caboclos e às caboclas, que foram vítimas de tamanha injustiça, seja de forma física, epistêmica e/ou discursiva

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Diane Daniela Gemelli, UNESPAR - Campus União da Vitória

Professora Ajunta do Curso de Licenciatura em Geografia da Unespar - Campus de União da Vitória e pesquisadora responsável pelo projeto de pesquisa “A formação territorial do Contestado: processos, conflitos e resistências”.

Márcia Chmura, UNESPAR - Campus de União da Vitória

Estudante do quarto ano do Curso de Licenciatura em Geografia na Unespar - Campus de União da Vitória e bolsista de Iniciação Científica do projeto de pesquisa “A formação territorial do Contestado: processos, conflitos e resistências”.

Referências

FIGUEIREDO, Vagner Melo. O Contestado nas narrativas militares: histórias e memórias sobre o movimento social, 1912-1916. (Dissertação de Mestrado em História). Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon, 2016.

FRAGA, Nilson Cesar. A guerra do contestado como crime contra a humanidade: o direito à terra e à vida-(in) certezas sobre o mundo caboclo. In. FOETSCH, Alcimara Aparecida; GEMELLI, Diane Daniela; Buch, Helena Edilamar Ribeiro (org.) Geografia do Contestado: 50 anos de fazer geográfico. Curitiba: Íthala, 2016.

FRAGA, Nilson Cesar; LUDKA, Vanessa Maria. 100 anos da Guerra do Contestado, a maior guerra camponesa na América do Sul (1912/2012): uma análise dos efeitos sobre o território sul-brasileiro. In: Anais do XII GeoCrítica. Barcelona, Espanha: Editora da UB, v. 1. p. 1-22, 2012.

FRAGA, Nilson Cesar; GONÇALVES, Cleverson e CAVATORTA, Mateus Galvão. Contestado: o sagrado e o profano de uma Guerra Secular. Geografia (Londrina) v. 26. n. 1. p. 143 – 157, jan/jun, 2017. DOI: https://doi.org/10.5433/2447-1747.2017v26n1p143

GEMELLI, Diane Daniela; CHMURA, Márcia. Território e Tensões de Territorialidades: um debate sobre o processo de formação territorial do Contestado. In: Eduardo Nascimento (org). Rede Contestado de Educação, Ciência e Tecnologia 2. Ponta Grossa: Atena, 2021.

GEMELLI, Diane Daniela. O trabalho no contestado: da racionalidade cabocla à lógica capitalista da Lumber. Geographia Opportuno Tempore. v. 3, p. 22-35, 2017. DOI: https://doi.org/10.5433/got.2017.v3.31719

GEMELLI, Diane Daniela. “Onde planta o pinus não dá mais nada”: degradação da natureza e do trabalho no Contestado e a necessidade da reunificação homem/mulher-natureza (terra-trabalho). (Tese de Doutorado em Geografia). Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2018.

GROSS, Cristina Buratto. A invisibilização do povo caboclo de Santa Catarina: Algumas permanências da guerra do contestado. In. Anais do II Congresso Brasileiro da Guerra do Contestado; IV Colóquio de Geografias Territoriais Paranaenses; XXXVI Semana de Geografia da UEL, 2020.

HAESBERT, Rogério; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. A nova des-ordem mundial. Unesp, 2006.

MACHADO, Paulo Pinheiro. Guerra, cerco, fome e epidemias: memórias e experiências dos sertanejos do Contestado. Topoi, v. 12, n. 22, jan-jun. p. 178-186, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/2237-101X012022010

MACHADO, Cristina Burrato Gross. Rupturas e permanências de uma população tradicional no pós-guerra: o caboclo do Contestado. Geografia (Londrina) v. 26. n. 1. p. 158 – 172, jan/jun, 2017. DOI: https://doi.org/10.5433/2447-1747.2017v26n1p158

MATIAS, Carlos dos Passos Paulo; VALENTINI, Delmir José; CAMPOS, Juliano Bitencourt. Em busca do patrimônio cultural (in)visível: o caboclo da região do Contestado. In: CAMPOS, Juliano Bitencourt; RODRIGUES, Marian Helen da Silva Gomes; FUNARI, Pedro Paulo Abreu (Org.). A multivocalidade da arqueologia pública no Brasil: comunidades, práticas e direito. Criciúma, SC: UNESC, 2017. DOI: https://doi.org/10.18616/arq06

MORAIS, João Felipe Alves de; GUDAS, Diego. Disputa pela memória do território contestado: um mapeamento de preservação da cultura cabocla. In: Eduardo Nascimento (org). Rede Contestado de Educação, Ciência e Tecnologia 2. Ponta Grossa: Atena, 2021. DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.7572105089

NETO, Agripino Souza Coelho, Dos territórios (e territorialidades) da geografia: conteúdos basilares da construção de um conceito. In. Ane Carine Meurer et al. (org). As categorias e as geografias do século XXI. São Paulo: FFLCH/USP, 2021.

RICHTER, Fábio Andreas. A Guerra do Contestado: elaborações e transformações na Memória e Patrimônio Cultural. In. Anais XXVII Simpósio Nacional de História. – Conhecimento histórico e diálogo social – Natal, 2013.

ROCHA, Milliann Carla Strona de Godoy. A guerra no contestado em defesa de um modo de vida: análise da construção dos laços sociais entre os caboclos (1912-1916). (Dissertação de mestrado em história). Programa de pós-graduação em história da PUCRS. Porto Alegre, 2021.

RODRIGUES, Julia Ramalho; DUARTE, Afrânia Hemanuelly Castanho. Construindo a história não oficial: a importância dos atores sociais para se pensar o território de Lebon Régis/SC. Geographia Opportuno Tempore. Universidade Estadual de Londrina. v. 5, 2019. DOI: https://doi.org/10.5433/got.2019.v5.37463

TOMPOROSKI, Alexandre Assis. Do antes ao depois: a influência da Lumber Company para a deflagração do movimento sertanejo do Contestado e seu impacto na região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina. Esboços, 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-7976.2012v19n28p68

Downloads

Publicado

01-12-2022

Como Citar

Gemelli, D. D., & Chmura, M. (2022). O povo caboclo no território contestado: Uma análise do processo de invisibilização. Geographia Opportuno Tempore, 8(1), 58–75. https://doi.org/10.5433/got.2022.v8.46711

Edição

Seção

Artigos