Hidrelétrica de Santo Antônio e impactos socioterritoriais no reassentamento Santa Rita, Rondônia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5433/got.2021.v7.44866

Palavras-chave:

Amazônia, Rio Madeira, (Des)territorialização, Joana D’arc I, II e III, Santa Rita

Resumo

A instalação de usinas hidrelétricas na Amazônia tem sido tratada como indispensável para garantir o crescimento econômico do país e atender as crescentes demandas da sociedade. Contudo, a instalação dessas usinas tem revelado diversos impactos negativos, sendo a (des)territorialização de comunidades tradicionais um dos mais complexos. Para tratar dessa questão, utilizou-se com estudo de caso o reassentamento Santa Rita, criado em decorrência da (des)territorialização de parte das famílias do assentamento rural Joana D’arc I, II e III, para a instalação da usina hidrelétrica (UHE) de Santo Antônio, em Porto Velho, Rondônia, região Norte do Brasil. O procedimento metodológico adotado foi o levantamento bibliográfico sobre território, impactos socioterritoriais, (des)territorialização de comunidades, e coleta de dados. Sob este enfoque de análise teórica e empírica este artigo tem por objetivo identificar os impactos socioterritoriais causados a partir da implantação da usina hidrelétrica de Santo Antônio (dimensão ambiental, econômica, política, social) que incidiram nas famílias reassentadas em Santa Rita. Destaca-se como resultado a restrição do uso dos recursos naturais, neste caso a agricultura, o que acarreta substituição da renda relacionada ao uso da terra pelos reassentados. A implantação da UHE de Santo Antônio modificou o uso do território no momento em que se apropriou dos recursos naturais dos quais a população assentada dependia economicamente.

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Biografia do Autor

Laila Cíntia Mota Belforte, FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Licenciada e Bacharela em Geografia pela Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Membro do Grupo de Pesquisa em Geografia e Ordenamento do Território na Amazônia (GOT - Amazônia) e do Laboratório de Geografia e Planejamento Ambiental (LABOGEOPA). Atua nas linhas de pesquisa em Gestão Ambiental, Meio Ambiente e Políticas Territoriais com ênfase nos impactos ocasionados as populações atingidas pela instalação de Usinas Hidrelétricas na Amazônia.

Maria Madalena de Aguiar Cavalcante, FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

Geógrafa, Especialista em Gestão Ambiental, Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia e Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Paraná. Líder do Grupo de Pesquisa em Geografia e Ordenamento do Território na Amazônia (GOT-Amazônia). Atua na linhas de Pesquisa: Planejamento e Gestão do Território na Amazônia; Dinâmicas Territoriais e Meio Ambiente - com ênfase em conflitos socioambientais, unidades de conservação, desmatamento, mudança no uso e cobertura da terra, impactos ocasionados pela implantação de grandes obras de infraestrutura (hidrelétricas, rodovias e hidrovias) e Crimes Ambientais.

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Publicado

27-12-2021

Como Citar

Belforte, L. C. M., & Cavalcante, M. M. de A. (2021). Hidrelétrica de Santo Antônio e impactos socioterritoriais no reassentamento Santa Rita, Rondônia. Geographia Opportuno Tempore, 7(1), 149–169. https://doi.org/10.5433/got.2021.v7.44866

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