Turnos Conversacionais e Sobreposição de Vozes
uma proposta de ensino para trabalho com oralidade em sala de aula
DOI:
https://doi.org/10.5433/2237-4876.2023v26n1p119Palavras-chave:
Turnos conversacionais, Sobreposição de vozes, EnsinoResumo
Este artigo tem o objetivo de evidenciar como as sobreposições de vozes podem ser configuradas em níveis de complexificação na interação durante a produção textual do gênero debate regrado em sala de aula e propor a aplicabilidade dos turnos conversacionais como categoria oral para o ensino da oralidade, por meio de atividade sobre assaltos ao turno. Para fundamentar esta pesquisa, apoiamo-nos em conceitos da Análise da Conversa, como os turnos conversacionais e as sobreposições de vozes (GALEMBECK, 1999; URBANO, 1999; PRETI, 1999, SACKS; SCHEGLOFF; JEFFERSON, 2003; MARCUSCHI, 2003). A pesquisa, de natureza qualitativa, tem como participantes uma turma do 6º e uma turma do 7º ano do ensino fundamental de duas escolas de Fortaleza-CE. O processo de coleta de dados ocorreu a partir do registro em áudio e vídeo das produções textuais orais dos alunos, que foram transcritas segundo as normas do NURC (Norma Urbana Culta). Esses procedimentos propiciaram a construção de um corpus de 30 h/aulas. Para este trabalho, entretanto, recortamos do corpus apenas três aulas para demonstrar que existem pelo menos três níveis de sobreposição de vozes, que evoluem gradativamente da sobreposição inicial à avançada. Os dois últimos níveis se configuram, portanto, como assalto ao turno.
Downloads
Referências
BEZERRA, Benedito G. O gênero como ele é (e como não é). São Paulo: Parábola Editorial, 2022.
BRASIL. Base nacional comum curricular: ensino médio. Brasília, DF: MEC/SEB, 2017.
CRUZ, Fernanda M. da; OSTERMANN, Ana Cristina; ANDRADE, Daniela N. P.; FREZZA, Minéia. O trabalho técnico-metodológico e analítico com dados interacionais audiovisuais: a disponibilidade de recursos multimodais nas interações. DELTA, São Paulo, SP, p. v. 35, n. 4, p. 1-36, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-460x2019350404
FERREIRA, Elaine C. F. A oralidade como objeto de ensino: por uma perspectiva de desenvolvimento da língua oral a partir do gênero debate. 2014. 229 f. Tese (Doutorado em Linguística) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.
FORTE-FERREIRA, Elaine C.; SOARES, Juliana G.; LIMA-NETO, Vicente. A influência de elementos cinésicos no gênero debate político: aspectos da multimodalidade na argumentação. Revista da ABRALIN, Aracaju, SE, v. 20, n. 3, p. 1550-1570, 2022. DOI: https://doi.org/10.25189/rabralin.v20i3.1966
FRAZÃO, Elisiane A. S.; LIMA, Veraluce S. Análise da conversação no Brasil: os desdobramentos de um campo de formação multidisciplinar. Entrepalavras, Fortaleza, CE, v. 7, n. 2, p. 622-637, ago./dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.622-637 DOI: https://doi.org/10.22168/2237-6321.7.7.2.622-637
FREITAG, Raquel M. K.; SANTANA, Rebeca R. Assalto ao turno em interações assimétricas de gênero: disputa e cooperação. Cadernos de Linguagem e Sociedade, Brasília, DF, v. 20, n. 1, p. 53-65, 2019. DOI: 10.26512/les.v20i1.11254. DOI: https://doi.org/10.26512/les.v20i1.11254
GALEMBECK, Paulo T. Metodologia de pesquisa em português falado. In: RODRIGUES, Angela C. de S.; SANTANA, Ieda M.; GOLDSTEIN, Norma S. (org.). In: SEMINÁRIO DE FILOLOGIA E LÍNGUA
PORTUGUESA, 1., São Pulo, SP. Anais [...]. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/ USP, 1999. p. 109-119.
GARCEZ, Pedro M. A perspectiva da análise da conversa etnometodológica sobre o uso da linguagem em interação social. In: LODER, Letícia L.; JUNG, Neiva M. (ed.). Fala-em-interação social: uma introdução à análise da conversa etnometodológica. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2008. p. 17-38.
JANSON, Tore. Línguas ágrafas. In: JANSON, Tore. A história das línguas: uma introdução. São Paulo: Parábola, 2015. p. 14-35.
KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine. Análise da conversação: princípios e métodos. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
LEITE, Marli Q.; NEGREIROS, Gil. Análise da conversação no Brasil: rumos e perspectivas. In: GONÇALVES, Adair V.; GÓIS, Marcos L. S. (org.). Ciências da linguagem: o fazer científico. Campinas: Mercado das Letras, 2014. p. 105-135.
MARCUSHI, Luiz A. Análise da conversação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2003. (Série Princípios).
MAREGA, Larissa M. P.; JUNG, Neiva M. A sobreposição de falas na conversa cotidiana: disputa pela palavra? Veredas: Revista de Estudos Linguísticos, v. 1, p. 321-337, 2011.
OSTERMANN, Ana Cristina; PEROBELLI, Roberto. Novos estudos do letramento e análise da conversa: o ajuste ao interlocutor em práticas de Letramento em Saúde. Revista da Anpoll, Brasília, DF, v. 1, n. 49, p. 142-157, 2019. ISSN 1982-7830 versão online. DOI: https://doi.org/10.18309/anp.v1i49.1308
PRETI, Dino F. (org.). Análise de textos orais. 4. ed. São Paulo: Humanitas, 1999.
SACKS, Harvey; SCHEGLOFF, Emanuel A.; JEFFERSON, Gail. Sistemática elementar para a organização da tomada de turnos para a conversa. Veredas: Revista de Estudos Linguísticos, Juiz de Fora, MG, v. 7, n. 1/2, p. 9-73, Jan./Dec. 2003.
o ENCONTRO dos presidenciáveis (Rede Bandeirantes 16/10/1989). [S. l.: s. n.], 1989. 1 vídeo (2h59min.:23). Publicado pelo Canal VJR Eleições. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ME42kd-2wOE&t=3052s. Acesso em: 27 ago. 2022.
URBANO, Hudinilson. Marcadores conversacionais. In: PRETI, Dino F. (org.). Análise de textos orais. 4. ed. São Paulo: Humanitas, 1999. p. 81-102.
VOLÓCHINOV, Vladimir. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina V. Américo. São Paulo: Editora 34, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Elaine Cristina Forte-Ferreira, Vicente Lima-Neto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Signum: Estudos da linguagem, publica seus artigos licenciados sob a Licença Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Esta licença permite que terceiros façam download e compartilhem os trabalhos em qualquer meio ou formato, desde que atribuam o devido crédito de autoria, mas sem que possam alterá-los de nenhuma forma ou utilizá-los para fins comerciais. Se você remixar, transformar ou desenvolver o material, não poderá distribuir o material modificado.