De -landia a -olândia: abordagem morfossemântica das construções X-lândia no português do Brasil

Autores

  • Carlos Alexandre Gonçalves UFRJ - Professor Associado
  • Felipe Silva Vital UFRJ/Programa de Letras Vernáculas
  • Sandra Pereira Bernardo UERJ

Palavras-chave:

Morfologia, semântica, espaços mentais, mesclagem, formação de palavras

Resumo

Neste trabalho, descreve-se o estatuto mofossemântico das formações lexicais terminadas -lândia em português: suas características formais e as extensões de significado operadas ao longo do tempo. Para representar os aspectos fonológicos e morfológicos relevantes dessas formações, utilizamos o modelo de Booij (2005, 2010), denominado Morfologia Construcional. Por sua vez, as características semântico-cognitivas de X-(o)lândia são abordadas à luz da Teoria da Mesclagem Conceptual, de Fauconnier & Turner (2002), observando que domínios estão envolvidos e como se dá o processamento na mescla. Contamos com um corpus constituído de 114 palavras, extraídas, principalmente, de dicionários eletrônicos, como o Aurélio e o Houaiss. Procuramos mostrar que as novas formações diferem das mais antigas não apenas por apresentar a vogal fronteiriça -o- (cf. ‘Ceilândia’ vc. ‘cracolândia’), mas, sobretudo, porque ativam um frame que leva o produto a nomear locais de aglomeração, como ‘macacolândia’ (“local repleto de pessoas de cor negra”) e ‘macholândia’ (“lugar de reunião de heterossexuais masculinos para diversão e lazer”). No caso dos oniônimos, como ‘sushilândia’ (“restaurante de comida oriental”), a mescla é feita por completamento, enquanto, nas formações X-olândia, dá-se com elaboração. A principal diferença entre esses dois últimos usos recentes é a expressão de ponto de vista, pois X-olândia remete a formas quase sempre avaliadas negativamente pelo conceptualizador: não são lugares circunscritos, sendo percebidos, antes, como áreas com grande contingente de elementos depreciados pelo nomeador.

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Biografia do Autor

Carlos Alexandre Gonçalves, UFRJ - Professor Associado

Professor da Faculdade de Letras da UFRJ desde 1994, instituição em que se doutorou em 1997 e na qual atua, desde 1998, no Programa de Pós-graduação em Letras Vernáculas. Tem pós-doutoramento, subvencionado pelo CNPq, em interface morfologia-fonologia pela UNICAMP. É pesquisador da área de Linguística, com ênfase em morfologia e fonologia do português, atuando, principalmente, nos seguintes temas: teoria da otimalidade, morfologia prosódica, morfologia não-concatenativa, interfaces da morfologia e processos de formação de palavras. É autor dos livros "Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e Derivação em português" (Ed. Contexto, 2011), "Introdução à Morfologia Não-linear" (Ed. Publit, 2009) e "Otimalidade em foco: morfologia e fonologia do português" (Ed. Publit, 2009) e de diversos capítulos de livros e artigos científicos publicados tanto no Brasil quanto no exterior. É coordenador do NEMP (Núcleo de Estudos Morfossemânticos do Português), ao lado de Maria Lúcia Leitão de Almeida. Atualmente, é Professor Associado II da UFRJ e desenvolve três projetos de pesquisa nessa instituição. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq desde 2000, vem orientando dissertações de mestrado, teses de doutorado e trabalhos de iniciação científica sobre questões referentes à morfologia e à fonologia do português.

Felipe Silva Vital, UFRJ/Programa de Letras Vernáculas

Aluno do Programa de Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e bolsista do CNPq. Tem artigos publicados em morfologia em revistas especializadas na área e atua como professor de ensino médio em instituições privadas.

Sandra Pereira Bernardo, UERJ

Professora permanente do Programa de Linguística da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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Publicado

2018-03-04

Como Citar

GONÇALVES, Carlos Alexandre; VITAL, Felipe Silva; BERNARDO, Sandra Pereira. De -landia a -olândia: abordagem morfossemântica das construções X-lândia no português do Brasil. Signum: Estudos da Linguagem, [S. l.], v. 21, n. 3, p. 386–407, 2018. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/25480. Acesso em: 12 dez. 2024.