Diagnóstico molecular e fatores de risco da erliquiose canina no município de Itabuna-Bahia
DOI:
https://doi.org/10.5433/1679-0359.2020v41n3p897Palavras-chave:
Canis familiaris, Ehrlichia canis, Nested-PCR, Zoonose, Doenças transmitidas por vetores.Resumo
A erliquiose é uma zoonose emergente em todo o mundo e tem acarretado diversos transtornos para a saúde pública. A erliquiose monocítica canina (EMC), causada pela Ehrlichia canis, tem como vetor o carrapato Rhipicephalus sanguineus. Os principais sinais clínicos nos cães afetados são febre, apatia, anorexia, perda de peso e sinais neurológicos. O diagnóstico é feito através da associação dos sinais clínicos, exames parasitológicos, sorológicos e moleculares. Objetivou-se através deste estudo avaliar a ocorrência de infecção por E. canis em cães do município de Itabuna-Bahia, bem como identificar os fatores de risco relacionados à infecção. Para tanto, foram avaliados 405 cães provenientes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Organizações não governamentais (ONGs), cães domiciliados e semi-domiciliados da cidade de Itabuna-Bahia. Após avaliação física inicial dos cães, procedeu-se em seguida a coleta de amostras de sangue por punção venosa, para posterior extração de DNA e pesquisa de E. canis pela técnica de nested-Reação em Cadeia de Polimerase (nested-PCR). Adicionalmente, um questionário epidemiológico foi aplicado junto aos responsáveis, no qual constavam questões relacionadas aos animais, com a finalidade de identificar os fatores de risco de exposição destes ao agente etiológico e ao vetor. Em suma, este estudo mostrou que aproximadamente 17% dos cães do município de Itabuna-Bahia foram positivos para E. canis pela nested-PCR, resultado superior ao encontrado em outros estudos realizados no mesmo município. Dos fatores associados à infecção por E. canis, foi significativo o contato com outros cães (p=0,0226), um fator importante para a disseminação da EMC, pois os cães são relatados como reservatórios da E. canis. O gênero macho (p=0,0016) apresentou menor risco para a infecção por E. canis. Outros estudos, no entanto, descrevem que não há nenhuma associação entre o gênero do animal e a infecção por E. canis. Adverte-se a população sobre a necessidade de medidas profiláticas para diminuir a exposição ao vetor da erliquiose.Downloads
Referências
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